Mr. Nobody
Nada prova ainda a existência de mundos paralelos, apesar de teorias como a das cordas tentarem dizer o contrário. Mas, na ficção, isso é sempre bem plausível. O que é real, afinal de contas? O que nos garante que outro de nós não está em alguma dimensão paralela vivendo uma realidade completamente diferente? Se temos uma certeza na vida é de que a nossa existência é regida por escolhas. E a escolha rejeitada por nós pode ser realidade em outra dimensão. Nunca iremos saber de fato. É assim Mr. Nobody, filme dirigido e roteirizado por Jaco Van Dormael, um emaranhado de possibilidades que nunca teremos certeza do que seja. Pena que após dois anos do seu lançamento, já tendo inclusive DVD, ainda não tenha nenhuma previsão de chegar ao Brasil (por isso o título em inglês)
Nemo, ou melhor Sr. Ninguém, é o último mortal vivo em um futuro distante. Está para completar cento e vinte anos, não se lembrando nem seu nome, nem o que fazia da vida antes de se tornar esse centenário simpático e famoso. Somos então, levados a companhar possibilidades de lembranças de Nemo. Sem nunca saber exatamente qual foi a que ele viveu, ou mesmo se viveu alguma delas, ou todas, cada uma em uma dimensão, sendo aquele futuro um espaço neutro onde as cordas se juntam. Talvez até consigamos presenciar um Big Bang. Quem irá dizer?
Jaco Van Dormael não quer dar respostas, mas apresentar possibilidades e nos fazer pensar. Cada espectador verá um filme e costurará sua própria realidade. O roteiro permite diversas opções, inclusive a de que nada é real, apenas desejos. Nisso reside o mais interessante do filme. Não vale aqui contar nada de nenhuma das possibilidades de enredo. O gostoso é acompanhar e tirar as próprias conclusões. Só dá para dizer que é um filme raro, onde a lógica se torna ilógica e as escolhas fazem parte de um jogo eterno de busca pela vida.
Esse é o grande trunfo de Mr. Nobody, o texto. E todas as possibilidades de interpretação, caminhos e sensações que ele nos dá. Não que a direção seja ruim, Jaco Van Dormael se preocupa com cada detalhe da forma como irá nos passar essa bela história. O cuidado com a câmera oníria que nos mostra as crianças na piscina, por exemplo, ou a escuridão do quarto de Nemo lembrando sua amada. Mas, por mais correta que seja, não nos traz grandes novidades, não é grandiosa nem mesmo nos efeitos especiais do final. Pelo contrário, tem sempre um ar de filme independente, intimista que contribui com o clima da história, mas provavelmente não arrebata corações gelados acostumados a grandes produções.
Nemo, interpretado por Jared Leto, é um peão em meio às possibilidades de um vasto tabuleiro. Somos parte do filme, compondo a nossa versão de acordo com o que acreditamos, desejamos, pensamos. Assim como na vida. Cada escolha que fazemos gera centenas de novas possibilidades e cada mudança pode acarretar caminhos completamente opostos. Viva ao senhor Ninguém e sua capacidade de nos fazer imaginar.
Senhor Ninguém (Mr. Nobody: 2009 / Canadá)
Direção: Jaco Van Dormael
Roteiro: Jaco Van Dormael
Com: Jared Leto
Duração: 138 min
Nemo, ou melhor Sr. Ninguém, é o último mortal vivo em um futuro distante. Está para completar cento e vinte anos, não se lembrando nem seu nome, nem o que fazia da vida antes de se tornar esse centenário simpático e famoso. Somos então, levados a companhar possibilidades de lembranças de Nemo. Sem nunca saber exatamente qual foi a que ele viveu, ou mesmo se viveu alguma delas, ou todas, cada uma em uma dimensão, sendo aquele futuro um espaço neutro onde as cordas se juntam. Talvez até consigamos presenciar um Big Bang. Quem irá dizer?
Jaco Van Dormael não quer dar respostas, mas apresentar possibilidades e nos fazer pensar. Cada espectador verá um filme e costurará sua própria realidade. O roteiro permite diversas opções, inclusive a de que nada é real, apenas desejos. Nisso reside o mais interessante do filme. Não vale aqui contar nada de nenhuma das possibilidades de enredo. O gostoso é acompanhar e tirar as próprias conclusões. Só dá para dizer que é um filme raro, onde a lógica se torna ilógica e as escolhas fazem parte de um jogo eterno de busca pela vida.
Esse é o grande trunfo de Mr. Nobody, o texto. E todas as possibilidades de interpretação, caminhos e sensações que ele nos dá. Não que a direção seja ruim, Jaco Van Dormael se preocupa com cada detalhe da forma como irá nos passar essa bela história. O cuidado com a câmera oníria que nos mostra as crianças na piscina, por exemplo, ou a escuridão do quarto de Nemo lembrando sua amada. Mas, por mais correta que seja, não nos traz grandes novidades, não é grandiosa nem mesmo nos efeitos especiais do final. Pelo contrário, tem sempre um ar de filme independente, intimista que contribui com o clima da história, mas provavelmente não arrebata corações gelados acostumados a grandes produções.
Nemo, interpretado por Jared Leto, é um peão em meio às possibilidades de um vasto tabuleiro. Somos parte do filme, compondo a nossa versão de acordo com o que acreditamos, desejamos, pensamos. Assim como na vida. Cada escolha que fazemos gera centenas de novas possibilidades e cada mudança pode acarretar caminhos completamente opostos. Viva ao senhor Ninguém e sua capacidade de nos fazer imaginar.
Senhor Ninguém (Mr. Nobody: 2009 / Canadá)
Direção: Jaco Van Dormael
Roteiro: Jaco Van Dormael
Com: Jared Leto
Duração: 138 min
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Mr. Nobody
2011-11-07T09:38:00-02:00
Amanda Aouad
critica|drama|ficcao cientifica|Jared Leto|
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