Afônica
O CinePipocaCult sempre está de olho em talentos cinematográficos. Desde 2009, acompanhamos o início da carreira de Maurício Lídio que, na época, havia ganhado o Prêmio Vivo de Cinema Brasileiro, na categoria Celular. O curta-metragem Bárbara era uma boa sacada sobre a chegada dos cinquenta anos para a boneca Barbie. E é bom mantermos o olho nesse promissor diretor cinematográfico que agora lança seu média-metragem Afônica, seu trabalho de conclusão de curso da graduação da UFBA. Ficamos na torcida pela chegada do primeiro longa.
O lançamento foi no sábado dia 03 na Livraria Cultura do Salvador Shopping. O evento contou com a exibição do filme em dois formatos, com audiodescrição para deficientes visuais e a exibição normal. Além de um Pocket Show com a banda Chá de Pensamento. Maurício Lídio declarou que Afônica foi pensado com o coração, afinal ele adora cinema e adora música, então, a junção dos dois era importante para ele. Assim como era importante brincar com o possível e impossível. Cinema não é realidade, então, aqui é possível uma muda cantar. E por fim, ele quis que o filme tivesse total acessibilidade, até pelo tema, por isso, fez questão da versão com audiodescrição.
Afônica é um filme atípico, que surpreende pela idéia ousada e inovação. A começar, é um musical mudo. A contradição gera uma interessante metáfora com a trajetória da própria protagonista que é uma muda cantora. A escolha estética que quer manter um filme mudo, com trilhas guias e legendas, causa fascínio e estranhamento ao mesmo tempo, é verdade, até porque a protagonista Carla não é surda, perdeu a voz em um acidente. Mas, não deixa de criar essa simbologia da voz de Carla contando sua história. Assim como as imagens em preto e branco, que ganham cores todas as vezes que a protagonista canta. O filme só tem som direto na imaginação da personagem, quando ouvimos sua voz, cantando.
Maurício Lídio está de parabéns por essa concepção. Pela história inusitada bem construída, pela boa direção que nos mostra uma história atípica com sensibilidade.A equipe técnica também merece destaque, cenários, objetos de cena e principalmente figurinos estão muito bem cuidados e críveis, sem exageros. Porém, como toda boa obra tem pequenas falhas que, por vezes, incomodam como os números musicais que poderiam ser melhor trabalhados, assim como a voz de Carla. Não empolgam e emocionam quanto deveriam. A cantora Carol Lima, por exemplo, que dubla a atriz Lorena Blanes nos momentos em que Carla canta, teve uma performance mais convincente, com uma voz mais potente, no Pocket Show que veio depois do que durante a exibição do filme.
O elenco está bem, não há grandes destaques, mas também não há comprometimentos, pelo menos não na versão oficial, já que na audiodescrição algumas falas pareceram bastante artificiais. Aliás, a idéia de acessibilidade é bastante louvável. A técnica ainda está em desenvolvimento e por isso, falhas são perceptíveis, como não terem narrado a chegada de uma personagem importante na cena final, ou descrever locais com os nomes das locações e não dos cenários, dificultando o entendimento de pessoas que não sejam de Salvador (escadaria da UFBa ou Campo Grande, por exemplo). Ainda assim, é uma tarefa árdua que merece todo reconhecimento.
Assim, Afônica consegue nos encantar pelo conjunto da obra, um média-metragem bem realizado que tem tudo para passear por festivais, consolidando a trajetória de Maurício Lídio e sua equipe.
Afônica (Afônica: Brasil / 2011)
Direção: Maurício Lídio
Roteiro: Maurício Lídio
Com: Lorena Blanes, Dan Hudson, Danielle Santana, Lindinete Pereira
Duração: 30 min.
O lançamento foi no sábado dia 03 na Livraria Cultura do Salvador Shopping. O evento contou com a exibição do filme em dois formatos, com audiodescrição para deficientes visuais e a exibição normal. Além de um Pocket Show com a banda Chá de Pensamento. Maurício Lídio declarou que Afônica foi pensado com o coração, afinal ele adora cinema e adora música, então, a junção dos dois era importante para ele. Assim como era importante brincar com o possível e impossível. Cinema não é realidade, então, aqui é possível uma muda cantar. E por fim, ele quis que o filme tivesse total acessibilidade, até pelo tema, por isso, fez questão da versão com audiodescrição.
Afônica é um filme atípico, que surpreende pela idéia ousada e inovação. A começar, é um musical mudo. A contradição gera uma interessante metáfora com a trajetória da própria protagonista que é uma muda cantora. A escolha estética que quer manter um filme mudo, com trilhas guias e legendas, causa fascínio e estranhamento ao mesmo tempo, é verdade, até porque a protagonista Carla não é surda, perdeu a voz em um acidente. Mas, não deixa de criar essa simbologia da voz de Carla contando sua história. Assim como as imagens em preto e branco, que ganham cores todas as vezes que a protagonista canta. O filme só tem som direto na imaginação da personagem, quando ouvimos sua voz, cantando.
Maurício Lídio está de parabéns por essa concepção. Pela história inusitada bem construída, pela boa direção que nos mostra uma história atípica com sensibilidade.A equipe técnica também merece destaque, cenários, objetos de cena e principalmente figurinos estão muito bem cuidados e críveis, sem exageros. Porém, como toda boa obra tem pequenas falhas que, por vezes, incomodam como os números musicais que poderiam ser melhor trabalhados, assim como a voz de Carla. Não empolgam e emocionam quanto deveriam. A cantora Carol Lima, por exemplo, que dubla a atriz Lorena Blanes nos momentos em que Carla canta, teve uma performance mais convincente, com uma voz mais potente, no Pocket Show que veio depois do que durante a exibição do filme.
O elenco está bem, não há grandes destaques, mas também não há comprometimentos, pelo menos não na versão oficial, já que na audiodescrição algumas falas pareceram bastante artificiais. Aliás, a idéia de acessibilidade é bastante louvável. A técnica ainda está em desenvolvimento e por isso, falhas são perceptíveis, como não terem narrado a chegada de uma personagem importante na cena final, ou descrever locais com os nomes das locações e não dos cenários, dificultando o entendimento de pessoas que não sejam de Salvador (escadaria da UFBa ou Campo Grande, por exemplo). Ainda assim, é uma tarefa árdua que merece todo reconhecimento.
Assim, Afônica consegue nos encantar pelo conjunto da obra, um média-metragem bem realizado que tem tudo para passear por festivais, consolidando a trajetória de Maurício Lídio e sua equipe.
Afônica (Afônica: Brasil / 2011)
Direção: Maurício Lídio
Roteiro: Maurício Lídio
Com: Lorena Blanes, Dan Hudson, Danielle Santana, Lindinete Pereira
Duração: 30 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Afônica
2011-12-06T08:45:00-02:00
Amanda Aouad
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