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Gato de Botas
Gato de Botas
Ele só apareceu no segundo Shrek, mas é como sempre estivesse em cena. O Gato de Botas, originalmente dublado por Antonio Banderas, é o personagem mais cativante da série da DreamWorks. Sedutor, engraçado e com um olhar irresistível ele conquistou a todos. Agora, ele é o protagonista de sua própria história, antes mesmo de receber a missão para matar o simpático ogro.
O roteiro a quatro mãos assusta, mas dá conta do passado do personagem com competência. Aqui, vemos um gato orfão, amigo de infância do Humpty Dumpty e parceiro recente da Kitty Pata-Mansa, uma gata vira-lata bem esperta. Entre tramas, flashbacks e muitas confusões, os três vão se envolver com a trama de João Pé-de-Feijão, em busca da Gansa dos Ovos de Ouro. As referências e brincadeiras com os contos de fadas é uma ligação com o mundo de Shrek, porque no resto, o filme do Gato de Botas lembra mais uma atmosfera das aventuras de Zorro, com muitos tons latinos, inclusive na música. Parece mesmo que Antonio Banderas se fundiu ao personagem em uma simbiose positiva.
O Gato de Botas é sedutor e engraçado, assim como sua história tem ritmo, principalmente nas cenas de luta e perseguição. Há piadas também afiadas, no mesmo nível dos primeiros Shrek que brincam com contos de fadas. Tem até uma paródia ao filme Clube da Luta, na cena em que Humpty Dumpty dita as regras do "Clube do Feijão". Mas, parece que falta algo na curva dramática da trama para que ele se torne um exemplar inquestionável da animação mundial. Em determinado momento, o fôlego parece que acaba e o filme cansa, dá aquela sensação de que a história foi esticada para durar alguns minutos a mais. Porém, ganha novo gás antes do término deixando a sensação de dever cumprido.
Na verdade, a trama que permeia todo o filme, a amizade entre o Gato de Botas e Humpty Dumpty, é que não vinga. O flashback é muito longo, o que não deixa de ser motivo de piadas também com Kitty Pata-Mansa dormindo, e as motivações de união e rixa são pouco críveis. O público não cria empatia por aquela amizade, nem torce por ela. No extremo oposto, a atração entre os dois gatos é muito bem realizada. A relação de amor e ódio possui química e empatia com o público, sendo seus duelos e reconciliações os melhores momentos do filme. Aliás, a cena do duelo de dança é o ponto alto da história. Tudo na cena funciona como uma orquestra. O cenário é bem composto, a distribuição dos gatos, os instrumentos entrando em um passo-a-passo de suspense bem ensaiado. O clima de duelo, os gatos, os passos, tudos funciona perfeitamente.
O roteiro também merece destaque por não forçar as situações. Há pistas e recompensas totalmente justificáveis, que não nos deixam com a sensação de engano. Tudo parece se encaminhar para aquela resolução. A trajetória do Gato fora da lei é crível e bem conduzida. Não apenas no roteiro, mas também na direção e construção do 3D. As cenas são bem organizadas e escolhidas, assim como a profundidade de campo é bem trabalhada. Destaque principalmente para o primeiro ato do filme, onde o efeito 3D salta aos olhos de uma maneira bastante harmônica.
Gato de Botas não é a animação do ano. Não em um ano onde começamos com Rango e recentemente, Operação Presente surpreendeu. Mas, é um filme bem feito, carismático e que rende boas risadas. Um começo digno para aquele simpático gatinho com olhar irresistível.
Gato de Botas (Puss in Boots: 2011 / EUA)
Direção: Chris Miller
Roteiro: Brian Lynch, David H. Steinberg, Tom Wheeler e Jon Zack
Voz: Antonio Banderas, Salma Hayek, Zach Galifianakis, Billy Bob Thornton.
Duração: 90 min.
O roteiro a quatro mãos assusta, mas dá conta do passado do personagem com competência. Aqui, vemos um gato orfão, amigo de infância do Humpty Dumpty e parceiro recente da Kitty Pata-Mansa, uma gata vira-lata bem esperta. Entre tramas, flashbacks e muitas confusões, os três vão se envolver com a trama de João Pé-de-Feijão, em busca da Gansa dos Ovos de Ouro. As referências e brincadeiras com os contos de fadas é uma ligação com o mundo de Shrek, porque no resto, o filme do Gato de Botas lembra mais uma atmosfera das aventuras de Zorro, com muitos tons latinos, inclusive na música. Parece mesmo que Antonio Banderas se fundiu ao personagem em uma simbiose positiva.
O Gato de Botas é sedutor e engraçado, assim como sua história tem ritmo, principalmente nas cenas de luta e perseguição. Há piadas também afiadas, no mesmo nível dos primeiros Shrek que brincam com contos de fadas. Tem até uma paródia ao filme Clube da Luta, na cena em que Humpty Dumpty dita as regras do "Clube do Feijão". Mas, parece que falta algo na curva dramática da trama para que ele se torne um exemplar inquestionável da animação mundial. Em determinado momento, o fôlego parece que acaba e o filme cansa, dá aquela sensação de que a história foi esticada para durar alguns minutos a mais. Porém, ganha novo gás antes do término deixando a sensação de dever cumprido.
Na verdade, a trama que permeia todo o filme, a amizade entre o Gato de Botas e Humpty Dumpty, é que não vinga. O flashback é muito longo, o que não deixa de ser motivo de piadas também com Kitty Pata-Mansa dormindo, e as motivações de união e rixa são pouco críveis. O público não cria empatia por aquela amizade, nem torce por ela. No extremo oposto, a atração entre os dois gatos é muito bem realizada. A relação de amor e ódio possui química e empatia com o público, sendo seus duelos e reconciliações os melhores momentos do filme. Aliás, a cena do duelo de dança é o ponto alto da história. Tudo na cena funciona como uma orquestra. O cenário é bem composto, a distribuição dos gatos, os instrumentos entrando em um passo-a-passo de suspense bem ensaiado. O clima de duelo, os gatos, os passos, tudos funciona perfeitamente.
O roteiro também merece destaque por não forçar as situações. Há pistas e recompensas totalmente justificáveis, que não nos deixam com a sensação de engano. Tudo parece se encaminhar para aquela resolução. A trajetória do Gato fora da lei é crível e bem conduzida. Não apenas no roteiro, mas também na direção e construção do 3D. As cenas são bem organizadas e escolhidas, assim como a profundidade de campo é bem trabalhada. Destaque principalmente para o primeiro ato do filme, onde o efeito 3D salta aos olhos de uma maneira bastante harmônica.
Gato de Botas não é a animação do ano. Não em um ano onde começamos com Rango e recentemente, Operação Presente surpreendeu. Mas, é um filme bem feito, carismático e que rende boas risadas. Um começo digno para aquele simpático gatinho com olhar irresistível.
Gato de Botas (Puss in Boots: 2011 / EUA)
Direção: Chris Miller
Roteiro: Brian Lynch, David H. Steinberg, Tom Wheeler e Jon Zack
Voz: Antonio Banderas, Salma Hayek, Zach Galifianakis, Billy Bob Thornton.
Duração: 90 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Gato de Botas
2011-12-08T08:03:00-02:00
Amanda Aouad
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