Grandes Cenas: Quero ser Grande
Quando comecei a fazer a sessão "Grandes Cenas" aqui no CinePipocaCult a idéia era analisar as cenas marcantes do cinema buscando compreender os detalhes que a faziam especial. Uma boa direção, a decupagem bem feita, um detalhe no enquadramento, coisas que enriqueciam a cena. Mas, às vezes, o que nos emociona e marca é a simplicidade da mesma. Como essa cena do filme Quero ser Grande.
O filme de Penny Marshall não é nenhuma obra-prima. Um clássico da Sessão da Tarde, é verdade, mas uma trama simples. Uma ode a infância, já que mostra a trajetória de um garoto que quer crescer logo e depois percebe que é melhor mesmo vivenciar cada momento da vida em seu tempo. Tom Hanks consegue passar muito bem essa situação dúbia, interpretando a mentalidade de um garotinho de doze anos sem parecer retardado mental. Isso por si só já vale elogios.
Mas, se Quero ser Grande não é dos melhores filmes de todos os tempos, temos nele uma cena antológica, lembrada e relembrada em diversos momentos: a cena do piano. Não há nela nenhuma inovação na linguagem cinematográfica, nem mesmo uma direção especial, ou fotografia, mesmo os enquadramentos são básicos, ficando a maior parte do tempo em um plano conjunto. Mas, há nela o que chamei de a simplicidade que encanta. Chama a atenção um senhor e um rapaz no meio de uma loja de brinquedos pisando em um piano de chão, com teclas luminosas tocando o "Bife". Nos faz sentir crianças de novo. É um símbolo de libertação, de pureza, de emoção autêntica.
Não há nada demais realmente ali, os enquadramentos são apenas para detalhar os pés tocando nas teclas, os closes dos rostos dos dois felizes, sem preocupações, e a multidão crescendo ao redor deles. Tudo dá a dimensão exata da cena, como se estivessemos lá, junto com eles, curtindo o momento. Essa nossa emoção, curiosidade e vontade de fazer o mesmo é representada pelas pessoas na loja. Quando Tom Hanks pisa sem querer no teclado e começa a pular de tecla em tecla, as pessoas atrás estão entretidas com suas próprias atividades. Aos poucos, começa a se juntar o grupo de curiosos, as pessoas observam, fazem comentários umas com as outras. É tudo tão divertido que a gente até perdoa o erro de continuidade que tem da passagem do primeiro plano detalhe dos pés de Tom Hanks para o plano conjunto novamente, quando a multidão já está cercando a cena e logo depois vemos novamente o plano aberto com as pessoas ainda chegando.
O próprio dono da loja observa um bom tempo antes de entrar na brincadeira. É um clima contagiante que deixa a todos hipnotizados, tanto que ao final da "apresentação" batem palmas felizes. É daqueles momentos mágicos em que paramos um instante para apreciar a simplicidade da vida. Uma sensação gostosa, por mais que efêmera, que arranca um sorriso de nossos rostos. Não há mesmo muito o que explicar aqui, a cena simplesmente é. Vejam.
O filme de Penny Marshall não é nenhuma obra-prima. Um clássico da Sessão da Tarde, é verdade, mas uma trama simples. Uma ode a infância, já que mostra a trajetória de um garoto que quer crescer logo e depois percebe que é melhor mesmo vivenciar cada momento da vida em seu tempo. Tom Hanks consegue passar muito bem essa situação dúbia, interpretando a mentalidade de um garotinho de doze anos sem parecer retardado mental. Isso por si só já vale elogios.
Mas, se Quero ser Grande não é dos melhores filmes de todos os tempos, temos nele uma cena antológica, lembrada e relembrada em diversos momentos: a cena do piano. Não há nela nenhuma inovação na linguagem cinematográfica, nem mesmo uma direção especial, ou fotografia, mesmo os enquadramentos são básicos, ficando a maior parte do tempo em um plano conjunto. Mas, há nela o que chamei de a simplicidade que encanta. Chama a atenção um senhor e um rapaz no meio de uma loja de brinquedos pisando em um piano de chão, com teclas luminosas tocando o "Bife". Nos faz sentir crianças de novo. É um símbolo de libertação, de pureza, de emoção autêntica.
Não há nada demais realmente ali, os enquadramentos são apenas para detalhar os pés tocando nas teclas, os closes dos rostos dos dois felizes, sem preocupações, e a multidão crescendo ao redor deles. Tudo dá a dimensão exata da cena, como se estivessemos lá, junto com eles, curtindo o momento. Essa nossa emoção, curiosidade e vontade de fazer o mesmo é representada pelas pessoas na loja. Quando Tom Hanks pisa sem querer no teclado e começa a pular de tecla em tecla, as pessoas atrás estão entretidas com suas próprias atividades. Aos poucos, começa a se juntar o grupo de curiosos, as pessoas observam, fazem comentários umas com as outras. É tudo tão divertido que a gente até perdoa o erro de continuidade que tem da passagem do primeiro plano detalhe dos pés de Tom Hanks para o plano conjunto novamente, quando a multidão já está cercando a cena e logo depois vemos novamente o plano aberto com as pessoas ainda chegando.
O próprio dono da loja observa um bom tempo antes de entrar na brincadeira. É um clima contagiante que deixa a todos hipnotizados, tanto que ao final da "apresentação" batem palmas felizes. É daqueles momentos mágicos em que paramos um instante para apreciar a simplicidade da vida. Uma sensação gostosa, por mais que efêmera, que arranca um sorriso de nossos rostos. Não há mesmo muito o que explicar aqui, a cena simplesmente é. Vejam.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Grandes Cenas: Quero ser Grande
2011-12-04T09:40:00-02:00
Amanda Aouad
comedia|grandes cenas|infantil|Tom Hanks|
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