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A Insustentável Leveza do Ser
A Insustentável Leveza do Ser
Amor, sedução, sexo, questões políticas, visões de vida e a invasão de Praga pelos soviéticos. Tudo isso é trabalhado com desenvoltura por Milan Kundera em seu livro, A Insustentável Leveza do Ser. O filme de Philip Kaufman, com o mesmo nome, tenta dar conta de todos os temas, assim, torna-se longo e por vezes confuso, mas não deixa de ser um grande exemplar da história cinematográfica.
Aqui, Daniel Day-Lewis é Tomas, um médico sedutor e irresistível que encontra na delicada Tereza, vivida por Juliette Binoche um amor intenso. A moça quebra nele todas as defesas, como não dormir nunca ao lado de uma mulher e vai tomando conta de seu coração, sua casa, sua vida. Mas, mesmo amando-a, ele nunca deixa de praticar seu principal hobby que é seduzir mulheres. Em suas aventuras, existe aquela especial, Sabina, além de amante, uma amiga confidente que se torna presença constante na vida do casal. Quando tudo parecia tranquilo e equilibrado, Praga é invadida pelos Soviéticos, após o tratado insano de divisão do mundo junto com os Estados Unidos e a vida dos três passa por diversas reviravoltas.
Muitos consideram confuso essa parte do roteiro, em que um filme sensual se torna político, principalmente por muita coisa não ser explicada em cena. Você tem que conhecer um pouco de história mundial ou, no mínimo, ter lido o livro para compreender parte do que está acontecendo. Ainda assim, não é um filme sobre Guerra Fria, questões comunistas ou mesmo sobre as tensões nos países que se tornam parte da União Soviética. É uma história sobre pessoas, sobre três pessoas em diversos momentos de suas vidas. Tomas, Tereza e Sabina nos conduzem em suas dificuldades, suas escolhas, seus modos de vida com leveza. Vamos acompanhando e conhecendo-os aos poucos.
A construção do personagem Tomas por Daniel Day-Lewis é incrivelmente bela. Ele consegue todas as nuanças daquele médico sedutor, nos olhares, nos gestos, no não-dito ou no bordão "tire a roupa", que é genial por ser ao mesmo tempo a fala de um médico para um paciente e de um amante para uma mulher. A química e o contraste de sua relação com Tereza e Sabina também são muito bem realizados. A esposa que o conquistou com o jeito tímido de Juliette Binoche. E a eterna amante que o fascina na atitude forte de Lena Olin. Ambas também nos passam a alma de suas personagens. A forma desajeitada de Tereza, seus medos, suas angústias. A determinação e liberdade de Sabina, principalmente em sua relação com Franz, um professor universitário que conhece em Genebra.
Ao mesmo tempo em que temos os contrastes dos três personagens, temos o contraste do ideal comunista com a ditadura russa. A perda da liberdade e o jogo de perseguição são fortes. A forma como Tomas se transforma de um médico conceituado em um perseguido político, as dificuldades de um mundo em guerra, ainda que fria. As denúncias são corajosas e a forma como tudo nos é passado pela visão dos três protagonistas é bem realizada.
Philip Kaufman constrói com cuidado e delicadeza a história, nos brindando com imagens que transmitem mensagens, tal qual Tereza observando um pequeno jarro de cacto em cima da mesa, em uma cena posterior a sua visita a um jornal, onde lhe propõe tirar fotos de natureza morta. Assim como a sessão de fotos dela com Sabina. Toda a construção da cena é bem realizada, desde o cenário da casa da artista repleta de espelhos que refletem e recriam situações, até a interpretação das atrizes, suas trocas de olhares, a maneira delicada com que vão se despindo e ficando à vontade.
A Insustentável Leveza do Ser é daqueles filmes intensos. Há aqui diversas camadas de personagens, histórias, temas que vão sendo desvendados pelo espectador a cada instante. É forte, é sensual, é político, faz pensar. Mas, acima de tudo, revela pessoas, suas capacidades de amar e a leveza ou não com que lidam com as situações da vida.
A Insustentável Leveza do Ser (The Unbearable Lightness of Being: 1988 / EUA)
Direção: Philip Kaufman
Roteiro: Jean-Claude Carrière e Philip Kaufman
Com: Daniel Day-Lewis, Juliette Binoche, Lena Olin, Derek de Lint.
Duração: 160 min.
Aqui, Daniel Day-Lewis é Tomas, um médico sedutor e irresistível que encontra na delicada Tereza, vivida por Juliette Binoche um amor intenso. A moça quebra nele todas as defesas, como não dormir nunca ao lado de uma mulher e vai tomando conta de seu coração, sua casa, sua vida. Mas, mesmo amando-a, ele nunca deixa de praticar seu principal hobby que é seduzir mulheres. Em suas aventuras, existe aquela especial, Sabina, além de amante, uma amiga confidente que se torna presença constante na vida do casal. Quando tudo parecia tranquilo e equilibrado, Praga é invadida pelos Soviéticos, após o tratado insano de divisão do mundo junto com os Estados Unidos e a vida dos três passa por diversas reviravoltas.
Muitos consideram confuso essa parte do roteiro, em que um filme sensual se torna político, principalmente por muita coisa não ser explicada em cena. Você tem que conhecer um pouco de história mundial ou, no mínimo, ter lido o livro para compreender parte do que está acontecendo. Ainda assim, não é um filme sobre Guerra Fria, questões comunistas ou mesmo sobre as tensões nos países que se tornam parte da União Soviética. É uma história sobre pessoas, sobre três pessoas em diversos momentos de suas vidas. Tomas, Tereza e Sabina nos conduzem em suas dificuldades, suas escolhas, seus modos de vida com leveza. Vamos acompanhando e conhecendo-os aos poucos.
A construção do personagem Tomas por Daniel Day-Lewis é incrivelmente bela. Ele consegue todas as nuanças daquele médico sedutor, nos olhares, nos gestos, no não-dito ou no bordão "tire a roupa", que é genial por ser ao mesmo tempo a fala de um médico para um paciente e de um amante para uma mulher. A química e o contraste de sua relação com Tereza e Sabina também são muito bem realizados. A esposa que o conquistou com o jeito tímido de Juliette Binoche. E a eterna amante que o fascina na atitude forte de Lena Olin. Ambas também nos passam a alma de suas personagens. A forma desajeitada de Tereza, seus medos, suas angústias. A determinação e liberdade de Sabina, principalmente em sua relação com Franz, um professor universitário que conhece em Genebra.
Ao mesmo tempo em que temos os contrastes dos três personagens, temos o contraste do ideal comunista com a ditadura russa. A perda da liberdade e o jogo de perseguição são fortes. A forma como Tomas se transforma de um médico conceituado em um perseguido político, as dificuldades de um mundo em guerra, ainda que fria. As denúncias são corajosas e a forma como tudo nos é passado pela visão dos três protagonistas é bem realizada.
Philip Kaufman constrói com cuidado e delicadeza a história, nos brindando com imagens que transmitem mensagens, tal qual Tereza observando um pequeno jarro de cacto em cima da mesa, em uma cena posterior a sua visita a um jornal, onde lhe propõe tirar fotos de natureza morta. Assim como a sessão de fotos dela com Sabina. Toda a construção da cena é bem realizada, desde o cenário da casa da artista repleta de espelhos que refletem e recriam situações, até a interpretação das atrizes, suas trocas de olhares, a maneira delicada com que vão se despindo e ficando à vontade.
A Insustentável Leveza do Ser é daqueles filmes intensos. Há aqui diversas camadas de personagens, histórias, temas que vão sendo desvendados pelo espectador a cada instante. É forte, é sensual, é político, faz pensar. Mas, acima de tudo, revela pessoas, suas capacidades de amar e a leveza ou não com que lidam com as situações da vida.
A Insustentável Leveza do Ser (The Unbearable Lightness of Being: 1988 / EUA)
Direção: Philip Kaufman
Roteiro: Jean-Claude Carrière e Philip Kaufman
Com: Daniel Day-Lewis, Juliette Binoche, Lena Olin, Derek de Lint.
Duração: 160 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
A Insustentável Leveza do Ser
2011-12-14T08:26:00-02:00
Amanda Aouad
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