A Beira do Abismo
A promessa era boa, um suicida na beira de um prédio comercial no meio de Nova York, uma policial tentando convencê-lo a não pular, tudo isso para encobrir uma trama paralela mais complexa. Instigante, porém o roteiro de Pablo F. Fenjves e as escolhas do estreante Asger Leth tornam A Beira do Abismo nada mais do que uma Sessão da Tarde encorpada e divertida.
Nick Cassidy é um ex-policial condenado a mais de vinte anos de cadeia que foge da polícia e se hospeda em um hotel de luxo aparentemente para se matar. Sua única exigência é ser atendido por Lydia Mercer, que está de licença por um trauma recente. Mas, tudo isso apenas faz parte de um plano para provar a inocência de Nick e se vingar daqueles que o colocaram naquela situação.
Um dos maiores problemas do roteiro acontece logo no início do filme. As primeiras cenas são ótimas, com ele chegando ao hotel, pedindo a última refeição, pulando a janela e ficando no parapeito. Há tensão, há mistério, há um bom jogo com a platéia. Quando a história regressa um mês para mostrar Nick ainda na cadeia e a forma como ele fugiu dela indo parar ali, boa parte dessa tensão e mistério se dissipa com informações mastigadas. O roteirista, também estreante em cinema, Pablo F. Fenjves quase destrói toda a sua estrutura narrativa. Mas, que bom que os flashbacks terminam por aí e a trama ganha um fôlego interessante no paralelo da negociação no prédio e a ação do irmão e cunhada de Nick no prédio da frente. Ainda que o roteiro escorregue com diálogos tolos e clímax frouxo, a adrenalina nos conduz em um bom entretenimento.
Se o roteiro começa frouxo, a câmera de Asger Leth tenta compensar com planos diversos que constroem o suspense por trás do gesto aparentemente impensado do protagonista. Temos uma montagem eletrizante que tenta não nos fazer pensar, a tensão dos policiais, principalmente da agente Lydia Mercer, a adrenalina do casal invadindo o prédio. Por mais irônico que pareça, a única situação que não nos convence de perigo é o próprio Nick Cassidy pendurado no prédio. A sensação é de que ele está tranquilo arquitetando cada segundo em um plano bem elaborado. De fato, ele tem um plano, que nos parece coerente diante da confusão construída, porém, pensando um pouco mais fica uma dúvida sobre como de fato aquilo funcionou já que a ausência de testemunhas abriria espaço para diversas possibilidades. Mas, melhor não entregar a surpresa.
Outro ponto interessante é ver o ator Sam Worthington sem alguma fantasia futurista ou do passado. Um policial, é verdade, mas ainda assim um homem comum, nada de Avatares do filme de James Cameron, ou roupa de herói mitológico de Fúria de Titãs, isso sem falar do herói pós-apocalíptico Marcus Wright, de O Exterminador do Futuro - A Salvação. O ator se sai bem, se a intenção era nos dar a sensação de segurança do protagonista apesar do caos a sua volta. Ele está quase blasé pendurado naquele prédio e nem quando as coisas começam a complicar, ele demonstra alguma reação de medo ou desespero. Aliás, o elenco inteiro não tem grandes destaques. Nem mesmo o veterano Ed Harris, que está caricato como o empresário David Englander. É o tipo do filme conduzido pela ação.
A Beira do Abismo é isso. Você precisa embarcar na aventura, deixando-se levar pela adrenalina sem querer pensar muito no quebra-cabeças que te apresentam. Por mais incongruente que isso seja, afinal, o roteiro quer nos dar a aparência de um plano mirabolante genial. Só repito que não consigo achar um sentido lógico para aquilo, mas melhor não pensar muito e deixar a ação te levar. De qualquer forma, é um entretenimento leve, sem maiores problemas.
A Beira do Abismo (Man on a Ledge)
Lançamento: 2012 (EUA)
Direção: Asger Leth
Roteiro: Pablo F. Fenjves
Com: Sam Worthington, Elizabeth Banks, Jamie Bell, Anthony Mackie.
Duração: 102 min.
Nick Cassidy é um ex-policial condenado a mais de vinte anos de cadeia que foge da polícia e se hospeda em um hotel de luxo aparentemente para se matar. Sua única exigência é ser atendido por Lydia Mercer, que está de licença por um trauma recente. Mas, tudo isso apenas faz parte de um plano para provar a inocência de Nick e se vingar daqueles que o colocaram naquela situação.
Um dos maiores problemas do roteiro acontece logo no início do filme. As primeiras cenas são ótimas, com ele chegando ao hotel, pedindo a última refeição, pulando a janela e ficando no parapeito. Há tensão, há mistério, há um bom jogo com a platéia. Quando a história regressa um mês para mostrar Nick ainda na cadeia e a forma como ele fugiu dela indo parar ali, boa parte dessa tensão e mistério se dissipa com informações mastigadas. O roteirista, também estreante em cinema, Pablo F. Fenjves quase destrói toda a sua estrutura narrativa. Mas, que bom que os flashbacks terminam por aí e a trama ganha um fôlego interessante no paralelo da negociação no prédio e a ação do irmão e cunhada de Nick no prédio da frente. Ainda que o roteiro escorregue com diálogos tolos e clímax frouxo, a adrenalina nos conduz em um bom entretenimento.
Se o roteiro começa frouxo, a câmera de Asger Leth tenta compensar com planos diversos que constroem o suspense por trás do gesto aparentemente impensado do protagonista. Temos uma montagem eletrizante que tenta não nos fazer pensar, a tensão dos policiais, principalmente da agente Lydia Mercer, a adrenalina do casal invadindo o prédio. Por mais irônico que pareça, a única situação que não nos convence de perigo é o próprio Nick Cassidy pendurado no prédio. A sensação é de que ele está tranquilo arquitetando cada segundo em um plano bem elaborado. De fato, ele tem um plano, que nos parece coerente diante da confusão construída, porém, pensando um pouco mais fica uma dúvida sobre como de fato aquilo funcionou já que a ausência de testemunhas abriria espaço para diversas possibilidades. Mas, melhor não entregar a surpresa.
Outro ponto interessante é ver o ator Sam Worthington sem alguma fantasia futurista ou do passado. Um policial, é verdade, mas ainda assim um homem comum, nada de Avatares do filme de James Cameron, ou roupa de herói mitológico de Fúria de Titãs, isso sem falar do herói pós-apocalíptico Marcus Wright, de O Exterminador do Futuro - A Salvação. O ator se sai bem, se a intenção era nos dar a sensação de segurança do protagonista apesar do caos a sua volta. Ele está quase blasé pendurado naquele prédio e nem quando as coisas começam a complicar, ele demonstra alguma reação de medo ou desespero. Aliás, o elenco inteiro não tem grandes destaques. Nem mesmo o veterano Ed Harris, que está caricato como o empresário David Englander. É o tipo do filme conduzido pela ação.
A Beira do Abismo é isso. Você precisa embarcar na aventura, deixando-se levar pela adrenalina sem querer pensar muito no quebra-cabeças que te apresentam. Por mais incongruente que isso seja, afinal, o roteiro quer nos dar a aparência de um plano mirabolante genial. Só repito que não consigo achar um sentido lógico para aquilo, mas melhor não pensar muito e deixar a ação te levar. De qualquer forma, é um entretenimento leve, sem maiores problemas.
A Beira do Abismo (Man on a Ledge)
Lançamento: 2012 (EUA)
Direção: Asger Leth
Roteiro: Pablo F. Fenjves
Com: Sam Worthington, Elizabeth Banks, Jamie Bell, Anthony Mackie.
Duração: 102 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
A Beira do Abismo
2012-02-08T08:40:00-02:00
Amanda Aouad
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