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Billi Pig
Billi Pig
Billi Pig é uma comédia nonsense tão atrapalhada que tive impulsos que começar esse texto falando dos créditos. Nele encontramos várias cenas de erros de gravação divertidos que tiram um pouco a sensação de perda de tempo. Não que o filme seja completamente descartável, tem alguns momentos e principalmente potencial para boa bilheteria, afinal une comédia, um diretor de sucesso e um elenco cheio de estrelas a começar por Selton Mello, um dos nossos maiores nomes atuais.
A história não tem pé nem cabeça. Marivalda (Grazi) sonha em ser uma grande atriz, aliás, sonha literalmente na cena inicial mais assustadora do filme. Mas, seu marido Wanderley, vivido por Selton Mello não parece ser o parceiro ideal para lhe proporcionar esse sonho. Pelo menos essa é a opinião do seu porquinho de brinquedo, o Billi, que a incentiva a dar um ultimato. Com o prazo para mudar de vida, Wanderley se une ao padre do bairro, que tem fama de milagreiro, para ajudar a filha do traficante local a sair de um coma profundo.
Em meio a essa saga por um milagre, o roteiro é composto de várias esquetes soltas, incluindo um núcleo quase sem ligação com o resto protagonizado por Preta Gil, dona de uma funerária, e seu assistente vivido por Milhem Cortaz, totalmente desperdiçado em um papel sem sentido. A história também conta com flashbacks que revelam segredos no passado do padre, interpretado por Milton Gonçalves, que ainda tem o dom da visão, conversando em vários momentos com sua mãe falecida. Mas, o mais inacreditável da história é mesmo o porco de brinquedo falante que dá nome ao filme. As cenas em que ele solta o verbo, sem censuras, com xingamentos diversos e ironias finas acabam nos fazendo rir diante do inusitado quase inacreditável.
Aliás, esse é o tom que José Eduardo Belmonte quer dar ao filme. Após dramas fortes como Se Nada Mais Der Certo e A Concepção, ele aposta no humor escrachado de um típico besteirol e parece assumir a brincadeira. Um bom exemplo em que não se leva a sério é o número musical em um bar do bairro, com tons bregas, danças forçadas e situações sem sentido. O filme está repleto de momentos musicais e até uma participação especial de Arlindo Cruz que quase nos fez esperar a entrada de Regina Casé em cena. Porque a sensação é de que Billi Pig foi feito no mesmo ritmo do programa Esquenta da Rede Globo. Sem um roteiro pré-definido, na improvisação e talento dos atores e humoristas.
Se tem algo a ser elogiado no filme é a atuação. Selton Mello brinca em cena, com seu Wanderley, um corretor de seguros fracassado que não mede esforços para fazer sua esposa feliz. Coragem para planos mirabolantes, pelo menos, ele tem. Além de problemas emocionais diversos, vide sua dificuldade em ter relações sexuais. Outro que dá conta do recado é Milton Gonçalves, ótimo ator que tem pouca oportunidade de fazer humor em cena. O padre milagreiro cai como uma luva para ele, que também brinca em cena. A própria Grazi Massafera não está ruim como a péssima aspirante a atriz. Ela defende bem a personagem que fala com um porco e tem seu melhor momento no teste de elenco que traz as participações especiais de Cássia Kiss, Monique Lafond e Sandra Pêra.
Se a trama principal já é uma bagunça, pior ainda são as tentativas de inclusão de núcleos extras em esquetes sem sentido como o da funerária que não contribui em nada para o andamento da narrativa. Preta Gil e Milhem Cortaz se tornam quase um filme a parte na busca por defuntos e reclamações das dívidas. Assim como a dupla de secretárias de Wanderley que ficam sem função com a saída dos patrões para realizar o plano do milagre. A volta a elas com piadas sem graça, apesar do talento das atrizes Priscila Marinho e Andrea Neves é outra perda de tempo do roteiro que parece querer adiar ao máximo o inevitável fim.
Billi Pig é dessas comédias besteirol que não contribuem muito para história do cinema, mas ajudam a dar bilheteria e alguma diversão ao público. Não posso dizer que é bom, repito que, para mim, o mais engraçado foram os créditos, mas tem potencial para sucesso. Só não sei se é felizmente ou infelizmente.
Billi Pig (Billi Pig: 2012 / Brasil)
Direção: José Eduardo Belmonte
Roteiro: José Eduardo Belmonte e Ronaldo D'Oxum
Com: Milton Gonçalves, Selton Mello, Grazi Massafera, Otávio Muller, Milhem Cortaz, Zezeh Barbosa, Tadeu Mello, Preta Gil.
Duração: 95 min.
A história não tem pé nem cabeça. Marivalda (Grazi) sonha em ser uma grande atriz, aliás, sonha literalmente na cena inicial mais assustadora do filme. Mas, seu marido Wanderley, vivido por Selton Mello não parece ser o parceiro ideal para lhe proporcionar esse sonho. Pelo menos essa é a opinião do seu porquinho de brinquedo, o Billi, que a incentiva a dar um ultimato. Com o prazo para mudar de vida, Wanderley se une ao padre do bairro, que tem fama de milagreiro, para ajudar a filha do traficante local a sair de um coma profundo.
Em meio a essa saga por um milagre, o roteiro é composto de várias esquetes soltas, incluindo um núcleo quase sem ligação com o resto protagonizado por Preta Gil, dona de uma funerária, e seu assistente vivido por Milhem Cortaz, totalmente desperdiçado em um papel sem sentido. A história também conta com flashbacks que revelam segredos no passado do padre, interpretado por Milton Gonçalves, que ainda tem o dom da visão, conversando em vários momentos com sua mãe falecida. Mas, o mais inacreditável da história é mesmo o porco de brinquedo falante que dá nome ao filme. As cenas em que ele solta o verbo, sem censuras, com xingamentos diversos e ironias finas acabam nos fazendo rir diante do inusitado quase inacreditável.
Aliás, esse é o tom que José Eduardo Belmonte quer dar ao filme. Após dramas fortes como Se Nada Mais Der Certo e A Concepção, ele aposta no humor escrachado de um típico besteirol e parece assumir a brincadeira. Um bom exemplo em que não se leva a sério é o número musical em um bar do bairro, com tons bregas, danças forçadas e situações sem sentido. O filme está repleto de momentos musicais e até uma participação especial de Arlindo Cruz que quase nos fez esperar a entrada de Regina Casé em cena. Porque a sensação é de que Billi Pig foi feito no mesmo ritmo do programa Esquenta da Rede Globo. Sem um roteiro pré-definido, na improvisação e talento dos atores e humoristas.
Se tem algo a ser elogiado no filme é a atuação. Selton Mello brinca em cena, com seu Wanderley, um corretor de seguros fracassado que não mede esforços para fazer sua esposa feliz. Coragem para planos mirabolantes, pelo menos, ele tem. Além de problemas emocionais diversos, vide sua dificuldade em ter relações sexuais. Outro que dá conta do recado é Milton Gonçalves, ótimo ator que tem pouca oportunidade de fazer humor em cena. O padre milagreiro cai como uma luva para ele, que também brinca em cena. A própria Grazi Massafera não está ruim como a péssima aspirante a atriz. Ela defende bem a personagem que fala com um porco e tem seu melhor momento no teste de elenco que traz as participações especiais de Cássia Kiss, Monique Lafond e Sandra Pêra.
Se a trama principal já é uma bagunça, pior ainda são as tentativas de inclusão de núcleos extras em esquetes sem sentido como o da funerária que não contribui em nada para o andamento da narrativa. Preta Gil e Milhem Cortaz se tornam quase um filme a parte na busca por defuntos e reclamações das dívidas. Assim como a dupla de secretárias de Wanderley que ficam sem função com a saída dos patrões para realizar o plano do milagre. A volta a elas com piadas sem graça, apesar do talento das atrizes Priscila Marinho e Andrea Neves é outra perda de tempo do roteiro que parece querer adiar ao máximo o inevitável fim.
Billi Pig é dessas comédias besteirol que não contribuem muito para história do cinema, mas ajudam a dar bilheteria e alguma diversão ao público. Não posso dizer que é bom, repito que, para mim, o mais engraçado foram os créditos, mas tem potencial para sucesso. Só não sei se é felizmente ou infelizmente.
Billi Pig (Billi Pig: 2012 / Brasil)
Direção: José Eduardo Belmonte
Roteiro: José Eduardo Belmonte e Ronaldo D'Oxum
Com: Milton Gonçalves, Selton Mello, Grazi Massafera, Otávio Muller, Milhem Cortaz, Zezeh Barbosa, Tadeu Mello, Preta Gil.
Duração: 95 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Billi Pig
2012-03-03T08:31:00-03:00
Amanda Aouad
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