Código de Conduta
O militar Carl von Clausewitz defendia que "A guerra é a continuação da política por outros meios". Talvez, baseado nisso, o roteirista Kurt Wimmer e o diretor F. Gary Gray tenha construído a trama de Código de Conduta, já que o próprio general é citado pelo protagonista em alguns momentos. O problema é que eles esqueceram, ou não entenderam, que Clausewitz também dizia que a destruição física do inimigo deixa de ser ética, quando ele pode ser desarmado em vez de morto.
Em Código de Conduta somos levados pela história de Clyde Shelton, vivido por Gerard Butler, que tem sua esposa e filha assassinadas brutalmente. Para completar, no julgamento, vê um dos criminosos sair ileso por ter feito um acordo com seu próprio advogado, não se conforma com tamanha distorção da Justiça e começa a arquitetar seu plano. A princípio, parece apenas mais uma trama de vingança pessoal, mas logo o cenário se abre para algo maior. Shelton não quer apenas vingar sua mulher e filho, quer provar que todo o sistema judicial do país é uma farsa mal arrumada.
A premissa é interessante. A princípio, o personagem de Gerard Butler é construído como um meticuloso justiceiro inteligente que coloca no bolso todos os seus inimigos, principalmente o advogado que o traiu, o promotor Nick Rice, em péssima atuação de Jamie Foxx. Ambos ficam tentando adivinhar o próximo passo do oponente, em um jogo de xadrez desigual. Isso gera bons momentos. A cena do tribunal onde ele se defende e depois xinga a juíza, por exemplo, é ótimo. O problema é que o roteiro começa a descer a ladeira quando Clyde Shelton deixa de ser um inteligente homem em busca de Justiça e se transforma no bandido mais incrível, no matador sem limites, tal qual descreve um sujeito em um beco.
A situação começa a perder o controle. Shelton não atinge mais apenas aqueles que estavam relacionados ao seu trauma, mas todos que atravessam o seu caminho. Incluindo aí seu companheiro de cela, uma garotinha simpática (fiha de Rice) e diversos outros inocentes que vão pagando por algo que está além deles. Neste ponto, entra a personagem de Viola Davis, uma prefeita pedante e insuportável que não tem o menor tato para resolver os problemas que se apresentam em sua frente. O espectador começa a ficar perdido, pois não consegue torcer nem para o bandido, nem para o mocinho.
Ainda assim, há adrenalina em toda a história. Vamos seguindo curiosos o caminho de Shelton e tentando imaginar onde ele quer chegar. As cenas no túnel mesmo são bastante tensas e envolventes, assim como a pegadinha final que resolve a questão. Mas, nesse ponto, também voltamos ao general Carl von Clausewitz e a falta de ética na guerra. Como é possível vibrar com aquilo? Fica uma sensação amarga, principalmente pela cena pós clímax.
Código de Conduta não chega a ser um filme ruim, tem más escolhas e maus momentos, mas consegue seu intento principal: entreter. De maneira distorcida, é verdade, mas ainda assim nos deixa presos na frente da tela, curiosos com o que pode acontecer em seguida. Pode não ser o ideal cinematográfico, mas também não é uma causa perdida.
Código de Conduta (Law Abiding Citizen: 2009 /EUA)
Direção: F. Gary Gray
Roteiro: Kurt Wimmer
Com: Jamie Foxx, Gerard Butler, Viola Davis, Colm Meaney, Bruce McGill.
Duração: 109 min.
Em Código de Conduta somos levados pela história de Clyde Shelton, vivido por Gerard Butler, que tem sua esposa e filha assassinadas brutalmente. Para completar, no julgamento, vê um dos criminosos sair ileso por ter feito um acordo com seu próprio advogado, não se conforma com tamanha distorção da Justiça e começa a arquitetar seu plano. A princípio, parece apenas mais uma trama de vingança pessoal, mas logo o cenário se abre para algo maior. Shelton não quer apenas vingar sua mulher e filho, quer provar que todo o sistema judicial do país é uma farsa mal arrumada.
A premissa é interessante. A princípio, o personagem de Gerard Butler é construído como um meticuloso justiceiro inteligente que coloca no bolso todos os seus inimigos, principalmente o advogado que o traiu, o promotor Nick Rice, em péssima atuação de Jamie Foxx. Ambos ficam tentando adivinhar o próximo passo do oponente, em um jogo de xadrez desigual. Isso gera bons momentos. A cena do tribunal onde ele se defende e depois xinga a juíza, por exemplo, é ótimo. O problema é que o roteiro começa a descer a ladeira quando Clyde Shelton deixa de ser um inteligente homem em busca de Justiça e se transforma no bandido mais incrível, no matador sem limites, tal qual descreve um sujeito em um beco.
A situação começa a perder o controle. Shelton não atinge mais apenas aqueles que estavam relacionados ao seu trauma, mas todos que atravessam o seu caminho. Incluindo aí seu companheiro de cela, uma garotinha simpática (fiha de Rice) e diversos outros inocentes que vão pagando por algo que está além deles. Neste ponto, entra a personagem de Viola Davis, uma prefeita pedante e insuportável que não tem o menor tato para resolver os problemas que se apresentam em sua frente. O espectador começa a ficar perdido, pois não consegue torcer nem para o bandido, nem para o mocinho.
Ainda assim, há adrenalina em toda a história. Vamos seguindo curiosos o caminho de Shelton e tentando imaginar onde ele quer chegar. As cenas no túnel mesmo são bastante tensas e envolventes, assim como a pegadinha final que resolve a questão. Mas, nesse ponto, também voltamos ao general Carl von Clausewitz e a falta de ética na guerra. Como é possível vibrar com aquilo? Fica uma sensação amarga, principalmente pela cena pós clímax.
Código de Conduta não chega a ser um filme ruim, tem más escolhas e maus momentos, mas consegue seu intento principal: entreter. De maneira distorcida, é verdade, mas ainda assim nos deixa presos na frente da tela, curiosos com o que pode acontecer em seguida. Pode não ser o ideal cinematográfico, mas também não é uma causa perdida.
Código de Conduta (Law Abiding Citizen: 2009 /EUA)
Direção: F. Gary Gray
Roteiro: Kurt Wimmer
Com: Jamie Foxx, Gerard Butler, Viola Davis, Colm Meaney, Bruce McGill.
Duração: 109 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Código de Conduta
2012-03-21T08:05:00-03:00
Amanda Aouad
critica|Gerard Butler|Jamie Foxx|suspense|Viola Davis|
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