O Lórax: Em Busca da Trúfula Perdida
"A menos que você se importe de montão, nada vai mudar não."
Baseado no livro de Dr. Seuss, a animação O Lórax: Em Busca da Trúfula Perdida é daqueles filmes infantis clássicos. Muita música para divertir as crianças, cores e figuras engraçadas para chamar a atenção, e uma moral por trás da trama, neste caso bastante ecológico, já que está em voga cuidar do meio ambiente. Funciona perfeitamente, é só comprar a idéia e se divertir.
Estamos em um futuro distante, em uma cidade artificial, onde plantas são apenas lembranças antigas para os mais velhos. Tudo é de plástico, higienizado e com funções diversas. O ar, este é comprado em recipientes antes destinados à água e controlado pelo "benfeitor" da cidade Mr. O'Hare. Nessa aparente perfeita cidade de Thneedville, vive o garoto Ted, que inspirado na paixão por sua vizinha, resolve explorar o mundo lá fora em busca de uma planta de verdade. Assim, ele irá conhecer um homem estranho que se sente responsável pelo fim das árvores e sua triste história.
A linguagem simples e divertida conduz a história seja no passado ou no presente e as músicas são sempre engraçadas, a começar pelos peixinhos cantores que conseguem viver fora da água. A aparição do Lórax também é bem orquestrada. Ele é o guardião das plantas, a voz das árvores. Quando a primeira é derrubada, surge dos céus, em uma tempestade, mas suas ações são apenas conselhos. Ele não interfere diretamente na ação dos homens. Isso chama a atenção, como um respeito ao nosso libre-arbítrio. O Lórax é uma mistura de sábio com atrapalhado, criando confusões imensas para apenas tentar fazer o rapaz ter consciência de seus atos.
Mas, ao mesmo tempo em que temos essa figura estranha e intrigante, somos bombardeados com estereótipos diversos. A começar pelas famílias tolas, tanto do personagem misterioso do passado, quanto de Ted, com aquela mãe deslumbrada falando de árvores artificiais. Temos o vilão clássico, mas com tom engraçado, baixinho, atrapalhado, dando chiliques imensos. Isso sem falar nos bichinhos da floresta, com ursinhos fofinhos, onde o maior é sempre o desengonçado que faz trapalhadas diversas. As músicas e gestos também são bastante caricaturais, mas como já disse, funcionam para os pequenos. Há ainda referências engraçadas como músicas de Missão Impossível, Marcha Fúnebre e outras brincadeiras com sons que funcionam para divertir os adultos. Isso sem falar em uma certa ironia, à medida em que o plano de enriquecer do personagem vai dando "certo".
A modelagem do desenho em 3D também é bem realizada, construído em detalhes interessantes. Chama a atenção as cores. O contraste dos tons de cinza e escuridão do mundo fora da cidade, com Thneedville e o bosque das trúfulas no passado. Interessante perceber que os dois cenários são bastante coloridos, mas diferentes em sua essência. Enquanto que Thneedville possui um colorido artificial, representando bem sua realidade, o bosque possui um colorido mais vivo, ainda que tenha árvores estranhas com tufos rosas e amarelos. Mesmo em objetos estranhos, tudo parece mais real naquela natureza viva, que na cidade de plástico.
O Lórax: Em Busca da Trúfula Perdida se torna, então, uma aventura divertida para o seu público primário, crianças que adoram bichinhos, cores, músicas e personagens atrapalhados. Uma história simples que tem uma mensagem ecológica como pano de fundo, mas que não se aprofunda em nenhum dos quesitos cinematográficos que nos façam impressionar. Longe dos clássicos da Disney, ou da Pixar, apenas mais um filme que cumpre seu papel de divertir. E atualmente, já é um grande mérito.
O Lórax: Em Busca da Trúfula Perdida (Dr. Seuss' The Lorax, 2012: EUA)
Direção: Chris Renaud
Roteiro: Ken Daurio
Duração: 86 min.
Baseado no livro de Dr. Seuss, a animação O Lórax: Em Busca da Trúfula Perdida é daqueles filmes infantis clássicos. Muita música para divertir as crianças, cores e figuras engraçadas para chamar a atenção, e uma moral por trás da trama, neste caso bastante ecológico, já que está em voga cuidar do meio ambiente. Funciona perfeitamente, é só comprar a idéia e se divertir.
Estamos em um futuro distante, em uma cidade artificial, onde plantas são apenas lembranças antigas para os mais velhos. Tudo é de plástico, higienizado e com funções diversas. O ar, este é comprado em recipientes antes destinados à água e controlado pelo "benfeitor" da cidade Mr. O'Hare. Nessa aparente perfeita cidade de Thneedville, vive o garoto Ted, que inspirado na paixão por sua vizinha, resolve explorar o mundo lá fora em busca de uma planta de verdade. Assim, ele irá conhecer um homem estranho que se sente responsável pelo fim das árvores e sua triste história.
A linguagem simples e divertida conduz a história seja no passado ou no presente e as músicas são sempre engraçadas, a começar pelos peixinhos cantores que conseguem viver fora da água. A aparição do Lórax também é bem orquestrada. Ele é o guardião das plantas, a voz das árvores. Quando a primeira é derrubada, surge dos céus, em uma tempestade, mas suas ações são apenas conselhos. Ele não interfere diretamente na ação dos homens. Isso chama a atenção, como um respeito ao nosso libre-arbítrio. O Lórax é uma mistura de sábio com atrapalhado, criando confusões imensas para apenas tentar fazer o rapaz ter consciência de seus atos.
Mas, ao mesmo tempo em que temos essa figura estranha e intrigante, somos bombardeados com estereótipos diversos. A começar pelas famílias tolas, tanto do personagem misterioso do passado, quanto de Ted, com aquela mãe deslumbrada falando de árvores artificiais. Temos o vilão clássico, mas com tom engraçado, baixinho, atrapalhado, dando chiliques imensos. Isso sem falar nos bichinhos da floresta, com ursinhos fofinhos, onde o maior é sempre o desengonçado que faz trapalhadas diversas. As músicas e gestos também são bastante caricaturais, mas como já disse, funcionam para os pequenos. Há ainda referências engraçadas como músicas de Missão Impossível, Marcha Fúnebre e outras brincadeiras com sons que funcionam para divertir os adultos. Isso sem falar em uma certa ironia, à medida em que o plano de enriquecer do personagem vai dando "certo".
A modelagem do desenho em 3D também é bem realizada, construído em detalhes interessantes. Chama a atenção as cores. O contraste dos tons de cinza e escuridão do mundo fora da cidade, com Thneedville e o bosque das trúfulas no passado. Interessante perceber que os dois cenários são bastante coloridos, mas diferentes em sua essência. Enquanto que Thneedville possui um colorido artificial, representando bem sua realidade, o bosque possui um colorido mais vivo, ainda que tenha árvores estranhas com tufos rosas e amarelos. Mesmo em objetos estranhos, tudo parece mais real naquela natureza viva, que na cidade de plástico.
O Lórax: Em Busca da Trúfula Perdida se torna, então, uma aventura divertida para o seu público primário, crianças que adoram bichinhos, cores, músicas e personagens atrapalhados. Uma história simples que tem uma mensagem ecológica como pano de fundo, mas que não se aprofunda em nenhum dos quesitos cinematográficos que nos façam impressionar. Longe dos clássicos da Disney, ou da Pixar, apenas mais um filme que cumpre seu papel de divertir. E atualmente, já é um grande mérito.
O Lórax: Em Busca da Trúfula Perdida (Dr. Seuss' The Lorax, 2012: EUA)
Direção: Chris Renaud
Roteiro: Ken Daurio
Duração: 86 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
O Lórax: Em Busca da Trúfula Perdida
2012-03-28T08:44:00-03:00
Amanda Aouad
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