A equipe do filme esteve em Salvador no último dia 02 de abril para o lançamento, em uma sessão lotada no Shopping Iguatemi. E, claro, nós marcamos presença, podendo participar da coletiva feita com o ator Murilo Rosa, que interpreta o brasileiro João Batista e seu filho, e ter um bate-papo exclusivo com o diretor Gerson Sanginitto. Vejam abaixo como foi tudo e não esqueçam de participar da nossa promoção para conferir o filme no cinema.
Como surgiu essa ideia de fazer um filme sobre ufologia no Brasil, e ligado a espiritualidade?
- Surgiu muito das minhas influências, da minha experiência como homem. Cresci sendo influenciado pelos filmes de Steven Spielberg e gosto muito da conduta espiritualista, adoto para minha vida pessoal essa filosofia. Eu não queria fazer um filme de ficção científica, não tinha nem orçamento para isso, queria fazer um filme com uma história relevante que tivesse como pano de fundo elementos de ficção científica, paralelo com o paranormal, com a fé. Aí vai depender de quem assiste.
Gerson Sanginitto |
- Sou, acredito na doutrina. Não frequento, mas eu adoto essa filosofia no meu dia a dia, que é uma filosofia de conduta.
Você falou de sua influência de Steven Spielberg, essa montanha do filme, teria alguma relação com Contatos Imediatos do Terceiro Grau?
- Claro, claro. Contatos Imediatos (risos). Tem também alguma coisa de Contato com a Jodie Foster, que também tem muito de paranormal, do encontro dela. Então o filme é levado dessa forma mesmo, dualista, da ciência com a paranormalidade, tentando apresentar soluções para os dois que para mim é a mesma coisa.
Você se formou nos EUA, mora lá, mas é brasileiro.Como foi juntar Brasil e Estados Unidos? Como é lidar com os estilos, as linguagens dos dois cinemas, ou três, se contarmos Hollywood e o cinema independente norte-americano?
- Assim, você tem tendências, tem estilos. A minha escola é o cinema americano, onde eu estudei, mas eu sou brasileiro, então, trago a minha cultura. Foi o que eu tentei com esse filme, fazer um filme brasileiro com cara de americano, ou um americano com cara de brasileiro.
Mas, e a própria produção. Você disse que teve pouco orçamento. Pra vender esse filme, um filme de um brasileiro, filmado no Brasil e nos Estados Unidos, falando de ufologia, espiritualidade. Foi difícil?
- Na realidade, eu tenho que agradecer muito aos co-produtores que entraram nessa ideia que eu tive em março de 2009, quase sem conhecer meu trabalho, mas acreditando no projeto, em mim. Na verdade, eu não posso dizer nem que foi difícil. O que é difícil na verdade é você querer um certo recurso e não tem, em termos financeiros. Mas, tem também o lado bom que você tem que ter criatividade. É um modelo de como a gente faz cinema lá. Um modelo de investimento privado, com um investidor que cobra um retorno como um negócio qualquer. Então, foi esse modelo que eu trouxe para cá, que apresentei aos co-produtores.
Isaiah Washington, Gerson Sanginitto e Tania Khallil |
- Sim, estreia primeiro aqui. Essa é a estratégia, criar um buzz aqui e depois apresentar aos americanos.
E a escolha do elenco, você já conhecia o Isaiah Washington, por exemplo?
- Olha, eu acompanho a história do Isaiah Washington desde os filmes do Spike Lee, um dos meus diretores favoritos, ele fez filmes ainda com Clint Eastwood, outro diretor que gosto. Acompanho a carreira dele, então, quando eu decidi que o protagonista ia ser um afrodescendente foi quase natural. E ele gostou do projeto, foi ótimo. O Murilo, eu já estava escrevendo o personagem pensando nele. Já o conheço há muitos anos, desde o tablado de Maria Clara Machado, fizemos uma peça juntos. Tânia Kalil veio através dele. E foi isso.
Murilo Rosa |
- O filme tem uma mensagem fundamental nos dias de hoje, uma mensagem sobre o nosso planeta, sobre cuidar do planeta, o que a gente está fazendo com esse planeta. Mas, independente disso, o filme é entretenimento, engraçado. O filme é dirigido pelo Gerson Sanginitto, brasileiro que mora em Los Angeles há 18 anos e faz um trabalho muito bonito. Tem o Isaiah Washington que é um ator norte-americano (fez Grey´s Anatomy) faz um grande trabalho também, tem a Tânia Khalill colega já há um bom tempo. Adoro ela como atriz e como pessoa e o Ricardo que faz o respiro do filme, muito engraçado o trabalho dele. Fora que é um drama com elementos de ficção científica, novo no cinema brasileiro, acho que vale a pena a gente assistir.
E o seu personagem, ou melhor, os seus personagens, você faz três diferentes no filme, certo? Como é isso?
- Exatamente, eu faço três personagens, o João Batista, que no início do filme é abduzido, trinta anos depois eu faço o filho dele, e também faço o mensageiro, o rapaz que veio com essa mensagem, que na verdade é o próprio João Batista modificado, no início do filme ele é uma pessoa escolhida para futuramente habitar esse espaço maravilhoso que é o nosso planeta.
Fale mais sobre a mensagem do filme.
- Eu acho que é uma mensagem que a humanidade precisa. A gente tem maltratado muito nosso planeta, a gente vive uma fase do politicamente correto, mas, será que é verdade tudo isso que está sendo dito? As pessoas estão preocupadas com essas coisas e o filme vem ao encontro de tudo isso, só que de uma maneira muito direta. Se a gente não fizer alguma coisa rapidamente, não vai mais dar tempo. O filme toca nesse assunto de ufologia, será que existe vida em outros planetas, vc acredita? Será que a gente está sozinho nesse universo? Eu acho que não.
Murilo Rosa e Gerson Sanginitto em Área Q |
- Eu acho fundamental. O Brasil está bombando, hoje a gente é a sexta economia, passou a Inglaterra , então tudo está começando a dar certo. O cinema brasileiro também é a bola da vez, você vê filmes premiados em Cannes, Berlim... Tropa de Elite bateu todos os recordes de bilheteria. Então, o cinema brasileiro está fazendo parte da vida do brasileiro. E é isso que a gente quer, que você venha assistir o filme e valorize nosso trabalho. O cinema é uma obra artística e só existe se você vier dar a sua contribuição.
Você fez A Orquestra dos Meninos, depois Aparecida, agora Área Q. Sempre procura em seus trabalhos filmes que tenham uma espécie de mensagem social, espiritual?
- Não. Assim, eu procuro na verdade um grande trabalho, um bom personagem, trabalhar com um bom diretor. Eu acho que no caso desse filme foi um encontro interessante. Eu estava com Orquestra dos Meninos no Festival em Los Angeles e reencontrei o Gerson. Ele assistiu o trabalho, gostou e me falou que tinha se formado em cinema, estava fazendo alguns filmes e queria me convidar para fazer um trabalho. Eu fiquei muito feliz, o roteiro era interessante, fora a oportunidade de fazer um filme de ficção científica, nunca fiz isso. E eu faço um personagem incrível, quando na vida que eu vou ser abduzido? Experiência única. (risos). Eu gosto muito do filme, é muito difícil fazer um filme assim, quando não temos uma verba tão grande para fazer os efeitos. Então, eu gosto muito, fiquei orgulhoso.
Fotos retiradas do site e blog oficial do filme.