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As Mulheres do 6º Andar
As Mulheres do 6º Andar
María Gonzalez, Concepción Ramirez, Carmen, Dolores Carbalan, Teresa e Pilar. Seis mulheres, seis empregadas domésticas espanholas vivendo no sexto andar de um prédio em Paris. É lá que ficam alojadas as empregadas dos demais apartamentos de famílias de classe média alta que não tem a menor noção do que se passa ali em cima. Até que um deles, o corretor Jean-Louis Joubert, resolve se interessar por sua nova empregada, María, envolvendo-se no seu mundo e mudando a vida de todos os outros.
Esse é o mote do filme de Philippe Le Guay, As Mulheres do 6º Andar, uma comédia deliciosa que nos envolve pela força das personagens. Tudo começa com a chegada de María, interpretada pela bela Natalia Verbeke ao condomínio onde já trabalha sua tia Concepción, vivida por Carmen Maura, e suas amigas espanholas. Estamos na França dos anos 60 e as divergências de classe, a crise espanhola com a ditadura de Franco, além de outras questões políticas são apenas pano de fundo para uma história de amor. María, a empregada imigrante, Jean-Louis, o patrão, filho de família tradicional, que encantado com a moça começa a perceber as dificuldades que elas passam ali, esquecidas no sexto andar do prédio que sempre foi de sua família.
O sexto andar é uma espécie de cortiço vertical, onde elas se empilham em quatros sem banheiro, o único sanitário comunitário está entupido e não há chuveiro, muito menos água quente, para se lavar. A rotina de bacias e baldes sendo enchidas em uma torneira no pátio, o desespero com o odor do local fechado ou a arrumação da comunidade são passadas de uma maneira leve. Mesmo com dificuldades, as espanholas não perdem o bom humor, sempre falando alto, cantando e dançando. São mulheres divertidas que não têm medo de trabalho e estão sempre dispostas a ajudar.
A coletividade é bem representada no primeiro dia de María na casa dos novos patrões. O local está praticamente abandonado após alguns dias sem empregada e María vai precisar da ajuda de todas para colocar tudo em ordem. Temos a dimensão de onde cada uma trabalha com a conversa na janela, que quase enlouquece a zeladora do prédio. Depois, um clipe divertido ao som de "Itsy bitsy teenie weenie yellow polka dot bikini", mais conhecida aqui como "Biquíni de bolinha amarelinha" na versão de Ronnie Cord (1961) regravada pela Blitz (1983), onde todas ajudam a passar roupa, varrer a casa e lavar os pratos.
Interessante a forma como Jean-Louis Joubert se torna uma espécie de protetor das espanholas, mandando desentupir seu banheiro, levando-as para passear de carro, ou conseguindo outro local para uma delas que apanha do marido. Isso sem falar no fato de começar a estudar espanhol e a história daquele país, em uma demonstração clara de que se importa com elas. Tudo para conquistar María, o que pode soar falso, mas não deixa de ser fluido em toda a trama. Nunca foi um homem mau, ou um explorador, simplesmente nunca parou para pensar em como aquelas mulheres viviam, acima de seu teto.
Já sua esposa Suzanne Joubert, vivida por Sandrine Kiberlain, apesar de se afeiçoar a María, parece incapaz de perceber o que está a sua volta. Sempre tirando conclusões erradas, inclusive do motivo da mudança repentina do marido. Uma mulher fútil que vive de aparências, chá de caridade, conversas com dondocas, comprar e cabeleireiros. Um estereótipo raso da mulher francesa esposa de empresário abastado, que só pensa em festa e em agradar a alta sociedade de onde não se sente parte por vir do interior. Sua personagem não deixa de ser uma metáfora dessa sociedade que finge acolher aquelas mulheres, mas não as consegue enxergá-las como pessoas. E Philippe Le Guay é feliz na construção dessas relações, nos dando uma boa dimensão dos dois mundos.
Com boa atuações, um ritmo leve que intercala bem comédia e drama, As Mulheres do 6º Andar é daqueles filmes que agradam e envolvem a cada minuto, nos deixando uma sensação de satisfação ao final da sessão. Apesar de clichês que funcionam bem aqui, não apela em nenhum momento, propondo um belo entretenimento com pitadas de crítica social e romance.
As Mulheres do 6º Andar (Les femmes du 6ème étage, 2010 / França)
Direção: Philippe Le Guay
Roteiro: Philippe Le Guay e Jérôme Tonnerre
Com: Fabrice Luchini, Sandrine Kiberlain, Carmen Maura, Natalia Verbeke e Lola Dueñas.
Duração: 104 min.
Esse é o mote do filme de Philippe Le Guay, As Mulheres do 6º Andar, uma comédia deliciosa que nos envolve pela força das personagens. Tudo começa com a chegada de María, interpretada pela bela Natalia Verbeke ao condomínio onde já trabalha sua tia Concepción, vivida por Carmen Maura, e suas amigas espanholas. Estamos na França dos anos 60 e as divergências de classe, a crise espanhola com a ditadura de Franco, além de outras questões políticas são apenas pano de fundo para uma história de amor. María, a empregada imigrante, Jean-Louis, o patrão, filho de família tradicional, que encantado com a moça começa a perceber as dificuldades que elas passam ali, esquecidas no sexto andar do prédio que sempre foi de sua família.
O sexto andar é uma espécie de cortiço vertical, onde elas se empilham em quatros sem banheiro, o único sanitário comunitário está entupido e não há chuveiro, muito menos água quente, para se lavar. A rotina de bacias e baldes sendo enchidas em uma torneira no pátio, o desespero com o odor do local fechado ou a arrumação da comunidade são passadas de uma maneira leve. Mesmo com dificuldades, as espanholas não perdem o bom humor, sempre falando alto, cantando e dançando. São mulheres divertidas que não têm medo de trabalho e estão sempre dispostas a ajudar.
A coletividade é bem representada no primeiro dia de María na casa dos novos patrões. O local está praticamente abandonado após alguns dias sem empregada e María vai precisar da ajuda de todas para colocar tudo em ordem. Temos a dimensão de onde cada uma trabalha com a conversa na janela, que quase enlouquece a zeladora do prédio. Depois, um clipe divertido ao som de "Itsy bitsy teenie weenie yellow polka dot bikini", mais conhecida aqui como "Biquíni de bolinha amarelinha" na versão de Ronnie Cord (1961) regravada pela Blitz (1983), onde todas ajudam a passar roupa, varrer a casa e lavar os pratos.
Interessante a forma como Jean-Louis Joubert se torna uma espécie de protetor das espanholas, mandando desentupir seu banheiro, levando-as para passear de carro, ou conseguindo outro local para uma delas que apanha do marido. Isso sem falar no fato de começar a estudar espanhol e a história daquele país, em uma demonstração clara de que se importa com elas. Tudo para conquistar María, o que pode soar falso, mas não deixa de ser fluido em toda a trama. Nunca foi um homem mau, ou um explorador, simplesmente nunca parou para pensar em como aquelas mulheres viviam, acima de seu teto.
Já sua esposa Suzanne Joubert, vivida por Sandrine Kiberlain, apesar de se afeiçoar a María, parece incapaz de perceber o que está a sua volta. Sempre tirando conclusões erradas, inclusive do motivo da mudança repentina do marido. Uma mulher fútil que vive de aparências, chá de caridade, conversas com dondocas, comprar e cabeleireiros. Um estereótipo raso da mulher francesa esposa de empresário abastado, que só pensa em festa e em agradar a alta sociedade de onde não se sente parte por vir do interior. Sua personagem não deixa de ser uma metáfora dessa sociedade que finge acolher aquelas mulheres, mas não as consegue enxergá-las como pessoas. E Philippe Le Guay é feliz na construção dessas relações, nos dando uma boa dimensão dos dois mundos.
Com boa atuações, um ritmo leve que intercala bem comédia e drama, As Mulheres do 6º Andar é daqueles filmes que agradam e envolvem a cada minuto, nos deixando uma sensação de satisfação ao final da sessão. Apesar de clichês que funcionam bem aqui, não apela em nenhum momento, propondo um belo entretenimento com pitadas de crítica social e romance.
As Mulheres do 6º Andar (Les femmes du 6ème étage, 2010 / França)
Direção: Philippe Le Guay
Roteiro: Philippe Le Guay e Jérôme Tonnerre
Com: Fabrice Luchini, Sandrine Kiberlain, Carmen Maura, Natalia Verbeke e Lola Dueñas.
Duração: 104 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
As Mulheres do 6º Andar
2012-04-24T08:57:00-03:00
Amanda Aouad
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