Grandes Cenas: Piratas do Caribe
Inspirada em um parque temático da Disney, a série de filmes Piratas do Caribe tem um nome para justificar o seu sucesso: Capitão Jack Sparrow. O personagem interpretado por Johnny Depp deu o tom das aventuras a bordo do Pérola Negra, ou pelo menos na busca por ele. Apesar de o casal William e Elizabeth serem apresentados como protagonistas, é do pirata atrapalhado a glória, tanto que o quarto filme é totalmente dele.
O Capitão Jack Sparrow é complexo e completamente inesperado. A começar, foge do estereótipo de qualquer pirata. Aparentemente atrapalhado, azarado e peculiar, sempre tem tramas mirabolantes para conseguir o que quer. A todo momento, nos perguntamos se ele faz isso de forma calculada ou por sorte. Mas, o fato é que tudo sempre acaba dando certo para ele. E o melhor, ele só cresce a cada filme, sendo sempre apresentada uma nova característica ao personagem.
Então, nada melhor do que lembrar e analisar nosso primeiro contato com esse exótico personagem. Além de criativa e muito bem realizada, é uma das apresentações de personagens mais coerentes e engraçadas já vistas. Uma sequência de pouco mais de um minuto que nos diz tudo sobre esse capitão engraçado, atrapalhado, mas que acaba conseguindo tudo o que quer. A começar pela trilha imponente de Klaus Badelt. Quem ouve apenas o som, acredita que está chegando um grande homem. E essa é a parte mais divertida da ironia do personagem.
O primeiro take é mesmo imponente, o vento batendo em seu rosto. Ele em cima do mastro, com uma pose de herói, a câmera se aproximando de seu rosto até o close, que coincide com um barulho que o faz olhar para baixo. Só aí, o furo no barco é revelado, e Sparrow tenta tirar a água com um balde. É engraçado, atrapalhado, mas não perde a pose, tanto que, quando passa por um local onde são vistos piratas enforcados, ele os cumprimenta em respeito, tirando o chapéu e fazendo uma reverência.
Neste momento, a câmera de Gore Verbinski nos dá a visão de Sparrow em uma câmera subjetiva. Mostrando a movimentação dos outros barcos, os homens o olham com surpresa. A expressão pode ser interpretada como respeito por aquele que está vindo, com uma espécie de medo ou assombro por o ver ali. Mas, quando a próxima tomada nos mostra seu barco se aproximando do cais entendemos o que era aquela expressão de admiração.
Gore Verbinski é extremamente feliz ao colocar primeiro um plano fechado onde só mostra Jack Sparrow em sua pose imponente em cima do mastro, para só depois ir afastando a câmera e abrindo o plano para revelar que aquele barco está literalmente afundando e que só tem fôlego para o fazer chegar até o cais. Ou seja, uma metáfora perfeita do que é o personagem. Atrapalhado com ar imponente, que confunde a sua platéia, não sabendo que se deve rir ou se admirar com ele. Mas, que sempre consegue atingir o seu objetivo.
Como uma piada final que complementa seu caráter, ainda engana o cobrador de impostos que quer cobrar pela "permanência" de seu barco no cais. Um plano-detalhe do mastro afundado ajuda na piada. Sparrow finge pagar uma quantia, mas rouba a uma quantia maior na saída. Um bom exemplo de uma cena divertida, criativa, inesquecível e que traduz perfeitamente o personagem.
O Capitão Jack Sparrow é complexo e completamente inesperado. A começar, foge do estereótipo de qualquer pirata. Aparentemente atrapalhado, azarado e peculiar, sempre tem tramas mirabolantes para conseguir o que quer. A todo momento, nos perguntamos se ele faz isso de forma calculada ou por sorte. Mas, o fato é que tudo sempre acaba dando certo para ele. E o melhor, ele só cresce a cada filme, sendo sempre apresentada uma nova característica ao personagem.
Então, nada melhor do que lembrar e analisar nosso primeiro contato com esse exótico personagem. Além de criativa e muito bem realizada, é uma das apresentações de personagens mais coerentes e engraçadas já vistas. Uma sequência de pouco mais de um minuto que nos diz tudo sobre esse capitão engraçado, atrapalhado, mas que acaba conseguindo tudo o que quer. A começar pela trilha imponente de Klaus Badelt. Quem ouve apenas o som, acredita que está chegando um grande homem. E essa é a parte mais divertida da ironia do personagem.
O primeiro take é mesmo imponente, o vento batendo em seu rosto. Ele em cima do mastro, com uma pose de herói, a câmera se aproximando de seu rosto até o close, que coincide com um barulho que o faz olhar para baixo. Só aí, o furo no barco é revelado, e Sparrow tenta tirar a água com um balde. É engraçado, atrapalhado, mas não perde a pose, tanto que, quando passa por um local onde são vistos piratas enforcados, ele os cumprimenta em respeito, tirando o chapéu e fazendo uma reverência.
Neste momento, a câmera de Gore Verbinski nos dá a visão de Sparrow em uma câmera subjetiva. Mostrando a movimentação dos outros barcos, os homens o olham com surpresa. A expressão pode ser interpretada como respeito por aquele que está vindo, com uma espécie de medo ou assombro por o ver ali. Mas, quando a próxima tomada nos mostra seu barco se aproximando do cais entendemos o que era aquela expressão de admiração.
Gore Verbinski é extremamente feliz ao colocar primeiro um plano fechado onde só mostra Jack Sparrow em sua pose imponente em cima do mastro, para só depois ir afastando a câmera e abrindo o plano para revelar que aquele barco está literalmente afundando e que só tem fôlego para o fazer chegar até o cais. Ou seja, uma metáfora perfeita do que é o personagem. Atrapalhado com ar imponente, que confunde a sua platéia, não sabendo que se deve rir ou se admirar com ele. Mas, que sempre consegue atingir o seu objetivo.
Como uma piada final que complementa seu caráter, ainda engana o cobrador de impostos que quer cobrar pela "permanência" de seu barco no cais. Um plano-detalhe do mastro afundado ajuda na piada. Sparrow finge pagar uma quantia, mas rouba a uma quantia maior na saída. Um bom exemplo de uma cena divertida, criativa, inesquecível e que traduz perfeitamente o personagem.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Grandes Cenas: Piratas do Caribe
2012-05-08T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
aventura|comedia|grandes cenas|Johnny Depp|
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