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A magia do cinema

Cinema ParadisoInspirada no texto de ontem, resolvi resgatar aqui uma lista de filmes que valorizam o cinema. Uma verdadeira metalinguagem, muito bem realizada e inesquecível. Por que filmes que envolvam o cinema, existem vários, mas poucos traduzem completamente a emoção cinéfila da sétima arte. Não digo com isso, que esses dez são os únicos, nem os melhores, mas o que elejo para representá-los, por ter visto mais, gostar mais ou me emocionar mais em algum momento da vida.


O Último Grande Herói10 - O Último Grande Herói
Não é piada, começo com esse porque não deixa de ser um clássico da Sessão da Tarde que valoriza a paixão de uma criança por filmes. Filmes de ação, de entretenimento puro, mas que o faz entrar nesse mundo imaginário que tanto nos encanta. O filme de John McTiernan, estrelado por Arnold Schwarzenegger é uma metalinguagem perfeita. Danny Madigan é um garoto que fã incondicional do personagem Jack Slater (Arnold Schwarzenegger) que ganha um ingresso mágico capaz de o levar para dentro das telas do cinema. Mas, há um problema. Com o mesmo ingresso, os vilões do filme vão parar no mundo real. Um filme de ação, que valoriza os filmes de ação e demonstra que ele pode ser uma porta de entrada para esse mundo mágico da paixão pelo cinema.


Cine Majestic09 - Cine Majestic
O filme de Frank Darabont, estrelado por Jim Carrey, não é perfeito. Mas, é uma bela e envolvente história de amor à sétima arte. Peter Appleton é um roteirista de filmes B confundido com comunista que acaba sofrendo um acidente de carro e parando desmemoriado em uma pequena cidade na Califórnia. Lá, ele é confundido com Luke Trimble, o filho do dono do cinema local e acaba aceitando sua nova identidade. A reconstrução do Cine Majestic e a forma como Peter se envolve com os moradores locais é bonita e envolvente. Torcemos para que ele descubra que é Luke de fato. Vibramos com as luzes do cinema acendendo.


Ed Wood, o pior cineasta do mundo08 - Ed Wood, o pior cineasta do mundo
Outro que não é piada. Além do filme de Tim Burton ser muito bom e a atuação de Johhny Depp ser incrível, Ed Wood pode ser chamado de tudo, menos de não-amante da sétima arte. Ele realmente amava aquilo que fazia. Enlouquecia a todos, inventada mecanismos trashs, mas sem perder a ternura. Sempre relembro aquela cena da Lula Gigante sem o mecanismo que a movimentaria. Wood era a improvisação do menino que faz uma experiência. Merece sempre nosso destaque.


Fellini 8 1/207 - 8 1/2
Fellini para transformar sua falta de inspiração em uma ode ao fazer cinematográfico. 8 1/2 conta a história de Guido, um cineasta prestes a rodar sua próxima obra, que não tem a menor ideia do que fazer. Mergulhado em uma crise existencial e pressionado pelo produtor, pela mulher, pela amante e pelos amigos, ele se interna em uma estação de águas e passa a misturar o passado com o presente, ficção com realidade. O nome é porque esta seria a nona obra do diretor italiano, mas como ele não considerou um filme completo, colocou esse nome auto-explicativo, para ele apenas um meio filme, para nós uma obra-prima do cinema.


Cantando na Chuva06 - Cantando na Chuva
Este musical de Gene Kelly é outro ícone cinematográfico. A cena dele literalmente cantando e dançando na chuva está entre as mais exibidas, lembradas e imitadas. Mas, Cantando na Chuva vai além disso, retrata um momento de mudança no cinema, a chegada do som, as dificuldades de algumas estrelas em falar, a oportunidade da música de prosperar. Um clássico que retrata bem a magia do cinema pela visão da indústria de Hollywood.


 O Artista05 - O Artista
Outro lado da mesma moeda, O Artista que encantou o mundo ano passado e levou o Oscar desse ano, também nos traz esse momento em que o filme sonoro começa a ser feito. Mas, ao contrário de Cantando na Chuva que só demonstrou o lado bom disso, deixando para a personagem chata interpretada por Jean Hagen as dificuldades de adaptação, o filme do francês Michel Hazanavicius mostra o embate do filme de arte com a indústria. George Valentin é essa voz silenciosa que luta pelo que acredita e não se deixa abater mesmo com a falência. Mas, não deixa de ser interessante perceber que mesmo tão diferentes, os dois filmes encontram a mesma solução para os problemas.


A Rosa Púrpura do Cairo04 - A Rosa Púrpura do Cairo
A declaração de amor de Woody Allen é das mais inteligentes. Porque A Rosa Púrpura do Cairo não é uma paixão cega pela sétima arte, há ali também a crítica à indústria de Hollywood, até mesmo em uma citação implícita a Anjo Exterminador de Luis Buñuel. É a jornada da doce Cecília, interpretada por Mia Farrow, que tem na sala de cinema seu único prazer e vê sua vida e da pequena cidade onde vive virar de cabeça para baixo quando um personagem sai da tela, apaixonado por ela. A Rosa Púrpura do Cairo é daqueles clássicos de que nunca nos cansamos de ver.


A Invenção de Hugo Cabret03 - A Invenção de Hugo Cabret
Há quem o chame de Deus do cinema, e de fato Scorsese é um mestre em todos os sentidos. Não poderia ser menos genial nessa fábula inspirada no livro de mesmo nome que já se tornou clássico nos Estados Unidos. E A Invenção de Hugo Cabret tem o plus de homenagear um verdadeiro pai do cinema, Georges Méliès. As cenas que contam a sua história e principalmente aqueles momentos finais são de pura emoção e ode à sétima arte, capaz de trazer de volta os sonhos perdidos.


Crepúsculo dos Deuses02 - Crepúsculo dos Deuses
“Eu sou grande, os filmes é que ficaram pequenos”, diria Norma Desmond. É o Crepúsculo, é a mudança, é um thriller, mas antes de tudo é cinema. Na alma, na essência, na estrutura. Esse filme de Billy Wilder que não me canso de ver, rever e agora feliz por ter comprado uma edição especial em DVD é o cinema em sua eterna construção e desconstrução. A crueldade com as antigas estrelas hoje esquecidas, a dificuldade de um roteirista que pena para ser respeitado, a rotina dos grandes estúdios, os diretores que também foram ficando para trás. Uma mulher que vive no passado, um roteirista que precisa se esconder. E está tudo certo, ou não.


Cinema Paradiso01 - Cinema Paradiso
Finalmente, uma ode à sétima arte e ao prazer de produzir, exibir e assistir a filmes. A obra-prima de Giuseppe Tornatore com seu garotinho Totó e o projetista Alfredo em uma amizade incrível embalada por muitos negativos. Não há como não se encantar pela fascinação de Totó pela tela grande, com as cenas engraçadas dentro do cinema, com o rapaz que passeia de uma cidade a outra trocando o rolo de filme, pela dedicação de Alfredo. Cinema Paradiso é um símbolo de um tempo que não volta mais. Mas, sempre nos emociona, até, ou principalmente, a última cena.

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