Com a aproximação do lançamento de Prometheus, é bom relembrar o filme de Ridley Scott de 1979. A aventura que deu origem a série Alien terá uma espécie de prequel nesse novo filme do diretor. Tirando o esquecível Alien vs Predador, foram quatro sequências, mas o próprio Scott disse que Prometheus terá ligação mesmo com o seu oitavo passageiro.Alien - O oitavo passageiro, que na verdade é nono se contarmos com a presença do gato Jones, conta a história de uma nave em missão no espaço que descobre um sinal não identificado que precisa ser investigado. Ao pousar em um planeta de outro sistema estelar, dão de cara com formas de vidas estranhas e um deles acaba sendo levado para dentro da nave. Porém, o que parecia ser uma forma de vida pequena e controlável, se revela algo muito mais assustador.
O filme é relativamente simples, datado em seus efeitos especiais e com uma ação concentrada. O argumento é a construção perfeita de um filme de terror: sete astronautas em um espaço fechado (a nave Nostromo) com um ser alienígena perigoso e desconhecido. Toda a tensão é construída através de truques de suspense baseados nessa situação. O desconhecido assusta. Ele é realmente um inimigo. E as vítimas estão presas em um cenário limitado, não podendo se esconder e fugir o quanto gostariam. É interessante como o roteiro de Dan O'Bannon e Ronald Shusett se baseia apenas em uma falha humana muito comum, o desespero leva a cometer erros tolos. Os personagens constroem uma sucessão de atitudes bobas que facilitam a sua própria vulnerabilidade diante do inimigo, a começar pela permissão de levar o astronauta atingido para dentro da nave. O roteiro não precisa ser muito elaborado para passar aquilo que a história pede. O próprio Alien não é muito explicado aqui, dá apenas para entender que ele é um parasita perigoso. Mas, ainda assim, a trama nos envolve.
A construção da personagem de Sigourney Weaver, a tenente Ripley, também é muito bem feita. Ela está em destaque desde o princípio. É a única voz de razão naquela nave, que tenta barrar a entrada do alienígena, que tenta construir um plano para vencê-lo e que vai buscar a todo custo sobreviver e salvar seus companheiros. É inteligente, é forte, é persistente. Uma esperança para a humanidade. Por isso, nos identificamos e torcemos por ela, mais do que qualquer outro personagem. 
Já o trabalho de Ridley Scott beira a perfeição dos manuais de filme de suspense. Há uma exploração muito bem feita do cenário cênico, dos tubos, fios e possibilidades da nave. Da forma como o Alien se esconde, na câmera que simula o olhar do monstro, na tensão constante daqueles personagens. Há também dicas do que está por trás daquela missão e a verdadeira função do cientista Ash. Isso sem falar no detalhe bem utilizado da presença do gato na nave. Fora a brincadeira dele ser o oitavo passageiro e não o Alien, que seria o nono, há uma função do animal que ajuda na construção do suspense. Como na famosa cena da primeira caça ao alienígena. Outro ponto importante é o jogo de esconde e mostra do próprio Alien, já que o filme não tinha muitos recursos na época para construção do ser assustador que ele precisava ser. São sempre planos fechados, com poucos detalhes e o constante trabalho da possibilidade dele estar ali. A expectativa do ataque gera sempre mais adrenalina que o próprio ato de violência. Ridley Scott trabalha muito bem com isso em seu filme, mais até do que Steven Spielberg em Tubarão.
Então, mesmo com as novas tecnologias e possibilidades de modelagem atual, Alien - o oitavo passageiro continua sendo uma referência no gênero. Não explica muito, não aprofunda histórias, não tem grandes efeitos especiais, mas sabe manipular como poucos as nossas emoções, construindo um filme tenso e envolvente ainda hoje.
Alien - o oitavo passageiro (Alien, 1979 / EUA)
Diretor: Ridley Scott
Roteiro: Dan O'Bannon e Ronald Shusett
Com: Sigourney Weaver, Tom Skerritt, Veronica Cartwright, Harry Dean Stanton, John Hurt
Duração: 117 min.
