Home
critica
documentario
Festival
in-edit2012
Martin Scorsese
musical
rock
In-Edit Brasil: George Harrison - Living in the Material World
In-Edit Brasil: George Harrison - Living in the Material World
Se tem um Beatles que foi considerado coadjuvante por muito, ele é George Harrison. Não pela falta de talento, pelo contrário, o garoto guitarrista que foi chamado por Paul e John por saber solar, coisa que os dois não sabiam, não era apenas talentoso como era generoso, simples e encantador. Mas, viveu por muito tempo na sombra dos outros dois, que sempre tiveram uma postura de liderança, enquanto que Ringo era o amuleto da sorte, o baterista que deu um novo tom e ajudou a banda a se tornar o fenômeno mundial que se tornou.
Martin Scorsese, em mais de três horas de projeção, vai esmiuçar esse mito, desnudando o verdadeiro George Harrison, o gênio de tantas canções inesquecíveis, o religioso autêntico, o amigo de todos, o patrocinador de muitos sonhos, inclusive do grupo Monty Python, o homem tímido que é retratado a todo tempo como duas faces: o amoroso e o irritado.
George Harrison - Living in the Material World é mais do que um documentário biográfico, é quase um tratado sobre essa figura icônica. Ver as duas partes na sequência, pode cansar um pouco, mas não deixa de ser fascinante. Scorsese deixa que o a história siga seu próprio ritmo, ousa em momentos chaves quando coloca na tela uma foto estática ao som de alguma música ou fala, nos fazendo ficar ali, observando-a e embarcando em seus detalhes, em vez de criar clipes ágeis de várias imagens diferentes.
Há também uma montagem precisa e cuidada, com raccord sonoros e inserções pontuais, como quando Paul fala de Hey Jude, e o som da guitarra de George ecoa nos gestos de suas mãos. Ou em construções de imagens que sobrepõem George ao próprio retrato dele, ilustrando os "dois" Georges que muitos falam. Ou ainda em uma foto onde, ele aparece apenas como um reflexo no espelho que está atrás de um sofá, onde os outros três Beatles estão sentados.
O roteiro é bastante linear e detalhado, apesar de começar com o gancho da saudade. Os depoentes falam da saudade que sentem de George, e logo depois começam a recordar sua vida, desde a infância, início da carreira com John e Paul, os Beatles, as influências espirituais, a carreira solo, as diversas experiências, o cinema, o grupo Monty Python, o filme A Vida de Brian que financiou, a Fórmula 1, e sua vida pessoal.
Neste ponto, há um destaque interessante para sua relação com Eric Clapton e Pattie Boyd. Uma espécie de triângulo amoroso que o próprio Clapton define já no início do filme como uma espécie de Camelot. "Eu era o Sir. Lancelot da história". A forma honesta e respeitosa como o tema é tratado e a forma como Eric Clapton deixa claro a sua admiração e carinho por George é emocionante. Aliás, todos demonstram um carinho especial por aquele ser que parecia mesmo ser iluminado.
Como a vida de George Harrison se mistura a dos outros três garotos de Liverpool, é natural que boa parte do documentário, principalmente da primeira parte, seja também uma biografia do Beatles. Martin Scorsese aborda, inclusive o quinto "Beatle" Stuart. É interessante também a cronologia respeitada, onde Ringo Starr só entra no documentário, a partir do momento em que começa a ser abordada a fase em que ele entra para o grupo. Outro ponto importante é que, mesmo falecido, George Harrison é também um personagem vivo, através de diversos depoimentos de arquivo, dando ainda mais verdade a tudo que é dito dele.
Talvez, os únicos senões do filme, além da extensão, seja a forma como a música entra e sai de tela. Há uma coerência, claro, em alguns momentos tem até uma construção interessante do significado da letra e as imagens expostas, mas não há uma preparação, nem mesmo um fade para tornar as passagens mais harmônicas, nos dando uma sensação de corte brusco. Mas, isso não tira o mérito de Martin Scorsese no conjunto da obra.
George Harrison - Living in the Material World é um filme especial. Não apenas para fãs de George ou dos Beatles, mas para qualquer pessoa que goste de música. E mais do que isso, é um retrato bem conduzido de um ser com diversas faces, mas que sempre buscou o seu aprimoramento como ser humano. Uma lição de vida contada pelas mãos de um dos mais hábeis diretores cinematográficos de todos os tempos.
George Harrison - Living in the Material World, 2010 - EUA
Direção: Martin Scorsese
Com: Paul McCartney, George Harrison, Ringo Starr, Eric Clapton, Yoko Ono, John Lennon, entre outros.
Duração: 208 min.
Martin Scorsese, em mais de três horas de projeção, vai esmiuçar esse mito, desnudando o verdadeiro George Harrison, o gênio de tantas canções inesquecíveis, o religioso autêntico, o amigo de todos, o patrocinador de muitos sonhos, inclusive do grupo Monty Python, o homem tímido que é retratado a todo tempo como duas faces: o amoroso e o irritado.
George Harrison - Living in the Material World é mais do que um documentário biográfico, é quase um tratado sobre essa figura icônica. Ver as duas partes na sequência, pode cansar um pouco, mas não deixa de ser fascinante. Scorsese deixa que o a história siga seu próprio ritmo, ousa em momentos chaves quando coloca na tela uma foto estática ao som de alguma música ou fala, nos fazendo ficar ali, observando-a e embarcando em seus detalhes, em vez de criar clipes ágeis de várias imagens diferentes.
Há também uma montagem precisa e cuidada, com raccord sonoros e inserções pontuais, como quando Paul fala de Hey Jude, e o som da guitarra de George ecoa nos gestos de suas mãos. Ou em construções de imagens que sobrepõem George ao próprio retrato dele, ilustrando os "dois" Georges que muitos falam. Ou ainda em uma foto onde, ele aparece apenas como um reflexo no espelho que está atrás de um sofá, onde os outros três Beatles estão sentados.
O roteiro é bastante linear e detalhado, apesar de começar com o gancho da saudade. Os depoentes falam da saudade que sentem de George, e logo depois começam a recordar sua vida, desde a infância, início da carreira com John e Paul, os Beatles, as influências espirituais, a carreira solo, as diversas experiências, o cinema, o grupo Monty Python, o filme A Vida de Brian que financiou, a Fórmula 1, e sua vida pessoal.
Neste ponto, há um destaque interessante para sua relação com Eric Clapton e Pattie Boyd. Uma espécie de triângulo amoroso que o próprio Clapton define já no início do filme como uma espécie de Camelot. "Eu era o Sir. Lancelot da história". A forma honesta e respeitosa como o tema é tratado e a forma como Eric Clapton deixa claro a sua admiração e carinho por George é emocionante. Aliás, todos demonstram um carinho especial por aquele ser que parecia mesmo ser iluminado.
Como a vida de George Harrison se mistura a dos outros três garotos de Liverpool, é natural que boa parte do documentário, principalmente da primeira parte, seja também uma biografia do Beatles. Martin Scorsese aborda, inclusive o quinto "Beatle" Stuart. É interessante também a cronologia respeitada, onde Ringo Starr só entra no documentário, a partir do momento em que começa a ser abordada a fase em que ele entra para o grupo. Outro ponto importante é que, mesmo falecido, George Harrison é também um personagem vivo, através de diversos depoimentos de arquivo, dando ainda mais verdade a tudo que é dito dele.
Talvez, os únicos senões do filme, além da extensão, seja a forma como a música entra e sai de tela. Há uma coerência, claro, em alguns momentos tem até uma construção interessante do significado da letra e as imagens expostas, mas não há uma preparação, nem mesmo um fade para tornar as passagens mais harmônicas, nos dando uma sensação de corte brusco. Mas, isso não tira o mérito de Martin Scorsese no conjunto da obra.
George Harrison - Living in the Material World é um filme especial. Não apenas para fãs de George ou dos Beatles, mas para qualquer pessoa que goste de música. E mais do que isso, é um retrato bem conduzido de um ser com diversas faces, mas que sempre buscou o seu aprimoramento como ser humano. Uma lição de vida contada pelas mãos de um dos mais hábeis diretores cinematográficos de todos os tempos.
George Harrison - Living in the Material World, 2010 - EUA
Direção: Martin Scorsese
Com: Paul McCartney, George Harrison, Ringo Starr, Eric Clapton, Yoko Ono, John Lennon, entre outros.
Duração: 208 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
In-Edit Brasil: George Harrison - Living in the Material World
2012-06-18T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
critica|documentario|Festival|in-edit2012|Martin Scorsese|musical|rock|
Assinar:
Postar comentários (Atom)
cadastre-se
Inscreva seu email aqui e acompanhe
os filmes do cinema com a gente:
os filmes do cinema com a gente:
No Cinema podcast
anteriores deste site
mais populares do site
-
King Richard: Criando Campeãs (2021), dirigido por Reinaldo Marcus Green , é mais do que apenas uma cinebiografia : é um retrato emocionalm...
-
Eletrizante é a melhor palavra para definir esse filme de Tony Scott . Que o diretor sabe fazer filmes de ação não é novidade, mas uma tra...
-
Cinema Sherlock Homes O filme de destaque atualmente é esta releitura do clássico do mistério pelas mãos de Guy Ritchie. O ex de Madonna p...
-
Olhando para A Múmia (1999), mais de duas décadas após seu lançamento, é fácil perceber como o filme se tornou um marco do final dos anos ...
-
Clint Eastwood me conquistou aos poucos. Ele sabe como construir um filme que emociona e, agora, parece ter escolhido Matt Damon como seu ...
-
O Soterópolis programa cultural da TVE Bahia, fez uma matéria muito interessante sobre blogs baianos. Esta que vos fala deu uma pequena con...
-
O CinePipocaCult adverte: se você sofre de claustrofobia, síndrome do pânico ou problemas cardíacos é melhor evitar esse filme. Brincadeiras...
-
Fui ao cinema sem grandes pretensões. Não esperava um novo Matrix, nem mesmo um grande filme de ação. Difícil definir Gamer, que recebeu du...
-
Amor à Queima Roupa (1993), dirigido por Tony Scott e roteirizado por Quentin Tarantino , é um daqueles filmes que, ao longo dos anos, se...