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O mago David Lynch
O mago David Lynch
Falar de David Lynch e seus filmes é falar de um mundo completamente próprio e diferente. Lynch é um cineasta atípico, que é, em primeiro lugar, um artista plástico. Seu sonho era ser pintor e só migrou para as telas de cinema porque queria fazer uma pintura em movimento. Começou com experimentações em curta-metragem e apenas em 1978 fez “Eraserhead”, seu primeiro longa-metragem.
Mas foi três anos depois que Lynch dirigiu seu primeiro sucesso, “O Homem Elefante”, que lhe deu sua primeira indicação ao Oscar de melhor diretor, além de outras sete indicações. Um filme feito em preto e branco, baseado em uma história real, que traz toda uma referência do Expressionismo alemão. O P&B ajuda na composição do jogo de luz e sombra, além de tornar o protagonista (que tem uma deformidade genética) ainda mais estranho e repulsivo.
Com o sucesso deste filme, David Lynch foi convidado para o seu primeiro e último filme de produtor: “Duna”. Uma adaptação do livro de Frank Herbert. O filme foi um fracasso de crítica e público e fez Lynch se afastar definitivamente de grandes produções e se dedicar totalmente ao filme autoral.
Com isso, começa a sua trajetória de filmes que trazem uma mistura de referências entre o surrealismo, cinema noir e os clássicos americanos da década de 50. Todos com uma atmosfera sombria, muito suspense, elementos surreais, oníricos, bizarros, sempre ambientados em cidades pequenas do interior americano. Estas cidades trazem um pouco da inocência da década de 50, que é reforçada pelo figurino e cenários. E essa inocência é sempre quebrada por algo bizarro, denso, misterioso.
Ninguém nos filmes de David Lynch é o que parece ser. Tal qual os filmes noir, o telespectador é apresentado ao personagem sem saber suas reais condutas que podem mudar durante o filme. Aliás, há casos como em “Cidade dos Sonhos” que os personagens mudam não apenas de personalidade, mas de nome. Ou como em “Estrada Perdida” que Fred e Pete coexistem em uma confusão surreal ao ponto de serem realmente dois personagens em um (com mudança de ator, inclusive) e que nada é explicado racionalmente.
Bem ao exemplo do surrealismo, vários momentos de imagens oníricas e inclusões sem nexo racional estão presentes. Desde a relação entre os protagonistas de “Veludo Azul” (nem entro no mérito da orelha no meio do mato, achada por Jeffrey que nos remete diretamente a mão de “O Cão Andaluz”), passando pela bruxa de “Coração Selvagem” (com direito a sapatinho pontudo e vassoura voadora), o Bob, com toda sua turma em “Twin Peaks”, o homem misterioso que transforma Fred em Pete em “Estrada Perdida”, as diversas intervenções de “Cidade dos Sonhos” (irmãos empresários, caubói, mendigo) até o meio de locomoção do personagem central de “História Real”. Afinal, um senhor, idoso, diabético, com problemas nos quadris e dificuldade de enxergar, atravessar dois estados americanos em cima de um cortador de grama é, no mínimo, inusitado.
Mas, com exceção deste último, o que predomina nos filmes de Lynch é essa atmosfera escura, tensa, de suspense policial dos filmes noir. Todos têm uma tensão em torno de um crime e uma conseqüente investigação. E o expectador é sempre surpreendido com informações que alteram todo o raciocínio que buscávamos. Em “Estrada Perdida” temos até mesmo a mulher fatal na forma clássica, aparente amante de Pete, que acaba o levando em uma encruzilhada sem volta.
Talvez por seus filmes independentes pouco compreensíveis para o grande público, David Lynch filma pouco para o cinema, mas sempre continuou trabalhando com curtas, principalmente para internet. Seu último longa-metragem foi Império dos Sonhos, de 2006, que foi também um dos mais densos e complexos, em uma crítica à televisão e a ilusão da imagem. O filme é o mais longo de sua carreira e tem algumas inserções de curta-metragens que produziu, como aquela famosa sitcom da Família Coelho. Foi também o mais criticado por alguns que não conseguiram compreender a história. Mas, como disse o próprio diretor, “nós não temos que decodificar o filme”. Suas obras são apenas para serem experimentadas e não compreendidas.
Não há previsão ainda de um novo filme longa-metragem de David Lynch. Enquanto isso, o seu site oficial continua com novidades sempre para os fãs não ficarem com saudades.
Filmografia Principal
Império dos Sonhos (Inland Empire / 2006)
Cidade dos Sonhos (Mulholland Dr. / 2001)
Uma História Real (The Straight Story / 1999)
Estrada Perdida (Lost Highway / 1997)
Twin Peaks: Os Últimos Dias de Laura Palmer (Twin Peaks: Fire Walk with Me / 1992)
Coração Selvagem (Wild at Heart / 1990)
Veludo Azul (Blue Velvet / 1986)
Duna (Dune / 1984)
O Homem Elefante (The Elephant Man / 1980)
Eraserhead (Eraserhead / 1977)
Colocamos aqui também uma entrevista muito interessante no programa Roda Viva em 2008. Um pouco longa, mais vale muito a pena.
Mas foi três anos depois que Lynch dirigiu seu primeiro sucesso, “O Homem Elefante”, que lhe deu sua primeira indicação ao Oscar de melhor diretor, além de outras sete indicações. Um filme feito em preto e branco, baseado em uma história real, que traz toda uma referência do Expressionismo alemão. O P&B ajuda na composição do jogo de luz e sombra, além de tornar o protagonista (que tem uma deformidade genética) ainda mais estranho e repulsivo.
Com o sucesso deste filme, David Lynch foi convidado para o seu primeiro e último filme de produtor: “Duna”. Uma adaptação do livro de Frank Herbert. O filme foi um fracasso de crítica e público e fez Lynch se afastar definitivamente de grandes produções e se dedicar totalmente ao filme autoral.
Com isso, começa a sua trajetória de filmes que trazem uma mistura de referências entre o surrealismo, cinema noir e os clássicos americanos da década de 50. Todos com uma atmosfera sombria, muito suspense, elementos surreais, oníricos, bizarros, sempre ambientados em cidades pequenas do interior americano. Estas cidades trazem um pouco da inocência da década de 50, que é reforçada pelo figurino e cenários. E essa inocência é sempre quebrada por algo bizarro, denso, misterioso.
Ninguém nos filmes de David Lynch é o que parece ser. Tal qual os filmes noir, o telespectador é apresentado ao personagem sem saber suas reais condutas que podem mudar durante o filme. Aliás, há casos como em “Cidade dos Sonhos” que os personagens mudam não apenas de personalidade, mas de nome. Ou como em “Estrada Perdida” que Fred e Pete coexistem em uma confusão surreal ao ponto de serem realmente dois personagens em um (com mudança de ator, inclusive) e que nada é explicado racionalmente.
Bem ao exemplo do surrealismo, vários momentos de imagens oníricas e inclusões sem nexo racional estão presentes. Desde a relação entre os protagonistas de “Veludo Azul” (nem entro no mérito da orelha no meio do mato, achada por Jeffrey que nos remete diretamente a mão de “O Cão Andaluz”), passando pela bruxa de “Coração Selvagem” (com direito a sapatinho pontudo e vassoura voadora), o Bob, com toda sua turma em “Twin Peaks”, o homem misterioso que transforma Fred em Pete em “Estrada Perdida”, as diversas intervenções de “Cidade dos Sonhos” (irmãos empresários, caubói, mendigo) até o meio de locomoção do personagem central de “História Real”. Afinal, um senhor, idoso, diabético, com problemas nos quadris e dificuldade de enxergar, atravessar dois estados americanos em cima de um cortador de grama é, no mínimo, inusitado.
Mas, com exceção deste último, o que predomina nos filmes de Lynch é essa atmosfera escura, tensa, de suspense policial dos filmes noir. Todos têm uma tensão em torno de um crime e uma conseqüente investigação. E o expectador é sempre surpreendido com informações que alteram todo o raciocínio que buscávamos. Em “Estrada Perdida” temos até mesmo a mulher fatal na forma clássica, aparente amante de Pete, que acaba o levando em uma encruzilhada sem volta.
Talvez por seus filmes independentes pouco compreensíveis para o grande público, David Lynch filma pouco para o cinema, mas sempre continuou trabalhando com curtas, principalmente para internet. Seu último longa-metragem foi Império dos Sonhos, de 2006, que foi também um dos mais densos e complexos, em uma crítica à televisão e a ilusão da imagem. O filme é o mais longo de sua carreira e tem algumas inserções de curta-metragens que produziu, como aquela famosa sitcom da Família Coelho. Foi também o mais criticado por alguns que não conseguiram compreender a história. Mas, como disse o próprio diretor, “nós não temos que decodificar o filme”. Suas obras são apenas para serem experimentadas e não compreendidas.
Não há previsão ainda de um novo filme longa-metragem de David Lynch. Enquanto isso, o seu site oficial continua com novidades sempre para os fãs não ficarem com saudades.
Filmografia Principal
Império dos Sonhos (Inland Empire / 2006)
Cidade dos Sonhos (Mulholland Dr. / 2001)
Uma História Real (The Straight Story / 1999)
Estrada Perdida (Lost Highway / 1997)
Twin Peaks: Os Últimos Dias de Laura Palmer (Twin Peaks: Fire Walk with Me / 1992)
Coração Selvagem (Wild at Heart / 1990)
Veludo Azul (Blue Velvet / 1986)
Duna (Dune / 1984)
O Homem Elefante (The Elephant Man / 1980)
Eraserhead (Eraserhead / 1977)
Colocamos aqui também uma entrevista muito interessante no programa Roda Viva em 2008. Um pouco longa, mais vale muito a pena.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
O mago David Lynch
2012-06-03T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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