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Para Sempre
Para Sempre
Aristóteles em Poética já sentenciou que no drama que “de preferir às coisas possíveis mas incríveis são as impossíveis mas críveis”. Ou seja, a justificativa para uma história mal contada ou pouco crível não pode ser que ela é baseada na realidade. É preciso saber construir dramaticamente essa realidade para, ao assistir não nos reste dúvidas de que ela é sim, possível.
No caso de Para Sempre acontece outro fenômeno interessante. Não que a plateia ache impossível uma mulher sofrer um acidente, entrar em coma e esquecer o seu marido. Muito menos que este marido, apaixonado como é, tente a todo custo recuperar o amor de sua esposa esquecida. O que incomoda a alguns, talvez sejam os clichês de que os roteiristas abrem mão para nos fazer acompanhar essa história. Mas, se você se deixa levar pela trama e não fica procurando identificar os efeitos, é possível se emocionar com esse drama amoroso.
É um drama romântico, meloso com todas as estratégias que pedem um manual do gênero. E isso não é exatamente um pecado. Grandes filmes se valem disso. Aliás, a maioria dos filmes de gênero se encaixam em uma cartilha. E é gostoso acompanhar aquela história, principalmente a partir do momento em que Paige acorda sem memórias no hospital. Até ali, o filme não nos parece muito palpável, há uma sensação artificial nostálgica pelo simples fato da escolha de colocar o acidente como primeira cena.
Aliás, o acidente é de um realismo impressionante. Produzido em câmera lenta, com todos os detalhes do corpo de Rachel McAdams sendo projetado para frente. Como se estivéssemos ali, sofrendo o mesmo impacto. Uma vez visto isso, retornamos no tempo e vamos conhecer melhor o casal Paige e Leo. Aí, entra a questão artificial. Já vimos os dois sofrendo o acidente, aquelas imagens não nos parecem uma apresentação natural. Há um tom nostálgico, como se nos embutissem uma ideia de "olha como eles eram felizes, coitadinhos". A imagem do acidente ainda está fresca na memória.
Porém, quando ela acorda e não se lembra de Leo, ou melhor, não se lembra dos últimos cinco anos de sua vida, tudo melhora. O drama nos aproxima dos personagens, principalmente de Channing Tatum em seu sofrimento de ser um estranho para a mulher que ama e jurou cuidar. A própria expressão de abandono do ator ajuda a empatia do público para com a sua dor. E isso nos faz querer acompanhá-lo, torcer para que tenha sucesso em sua missão. Torcer para que o amor não seja apenas uma ilusão dos contos de fadas.
Mesmo que não seja uma direção de grandes marcas, Michael Sucsy nos dá alguns momentos interessantes. As imagens também ajudam a contar aquela história como uma cena em que ele está no quarto e ela na sala após uma discussão. Os dois estão enquadrados juntos, porém separados pelos cômodos, uma metáfora perfeita do relacionamento. Juntos no coração, separados na mente. Juntos na mesma casa, separados nas atitudes. Um casal predestinado que sofreu uma peça do destino.
Interessante também a forma como o roteiro busca um ponto nevrálgico no passado de Paige que a sua mente a tenha feito regressar após esses cinco anos. Algo como uma nova chance em sua vida. Mas, exatamente para quê? Porque é visível que existem duas Paiges. Uma menina rica, estudante de Direito, com roupas condizentes com uma patricinha. Outra, uma mulher que vive com pouco, artista plástica promissora, com roupas despojadas, quase uma hippie. E essa questão, acaba sendo uma das mais interessantes do filme. A compreensão do todo ajuda na compreensão da personagem.
Para Sempre é, então, mais do que um retrato de uma história real. É mais também do que um drama romântico envolvente. É uma constatação de que aconteça o que acontecer, ainda que tenhamos uma segunda chance, tendemos sempre a repetir os mesmo atos e escolhas de vida. Porque elas é que nos definem como seres humanos. E é bom acreditar que o verdeiro amor está lá, no destino de nossas escolhas.
O filme é baseado na vida de Kim e Krickitt Carpenter e a história foi registrada no livro Para Sempre, lançado em 2000 nos Estados Unidos.
Para Sempre (The Vow, 2012 / EUA)
Direção: Michael Sucsy
Roteiro: Jason Katims, Abby Kohn, Stuart Sender, Marc Silverstein
Com: Rachel McAdams, Channing Tatum, Jessica Lange, Sam Neill, Scott Speedman
Duração: 104 min.
No caso de Para Sempre acontece outro fenômeno interessante. Não que a plateia ache impossível uma mulher sofrer um acidente, entrar em coma e esquecer o seu marido. Muito menos que este marido, apaixonado como é, tente a todo custo recuperar o amor de sua esposa esquecida. O que incomoda a alguns, talvez sejam os clichês de que os roteiristas abrem mão para nos fazer acompanhar essa história. Mas, se você se deixa levar pela trama e não fica procurando identificar os efeitos, é possível se emocionar com esse drama amoroso.
É um drama romântico, meloso com todas as estratégias que pedem um manual do gênero. E isso não é exatamente um pecado. Grandes filmes se valem disso. Aliás, a maioria dos filmes de gênero se encaixam em uma cartilha. E é gostoso acompanhar aquela história, principalmente a partir do momento em que Paige acorda sem memórias no hospital. Até ali, o filme não nos parece muito palpável, há uma sensação artificial nostálgica pelo simples fato da escolha de colocar o acidente como primeira cena.
Aliás, o acidente é de um realismo impressionante. Produzido em câmera lenta, com todos os detalhes do corpo de Rachel McAdams sendo projetado para frente. Como se estivéssemos ali, sofrendo o mesmo impacto. Uma vez visto isso, retornamos no tempo e vamos conhecer melhor o casal Paige e Leo. Aí, entra a questão artificial. Já vimos os dois sofrendo o acidente, aquelas imagens não nos parecem uma apresentação natural. Há um tom nostálgico, como se nos embutissem uma ideia de "olha como eles eram felizes, coitadinhos". A imagem do acidente ainda está fresca na memória.
Porém, quando ela acorda e não se lembra de Leo, ou melhor, não se lembra dos últimos cinco anos de sua vida, tudo melhora. O drama nos aproxima dos personagens, principalmente de Channing Tatum em seu sofrimento de ser um estranho para a mulher que ama e jurou cuidar. A própria expressão de abandono do ator ajuda a empatia do público para com a sua dor. E isso nos faz querer acompanhá-lo, torcer para que tenha sucesso em sua missão. Torcer para que o amor não seja apenas uma ilusão dos contos de fadas.
Mesmo que não seja uma direção de grandes marcas, Michael Sucsy nos dá alguns momentos interessantes. As imagens também ajudam a contar aquela história como uma cena em que ele está no quarto e ela na sala após uma discussão. Os dois estão enquadrados juntos, porém separados pelos cômodos, uma metáfora perfeita do relacionamento. Juntos no coração, separados na mente. Juntos na mesma casa, separados nas atitudes. Um casal predestinado que sofreu uma peça do destino.
Interessante também a forma como o roteiro busca um ponto nevrálgico no passado de Paige que a sua mente a tenha feito regressar após esses cinco anos. Algo como uma nova chance em sua vida. Mas, exatamente para quê? Porque é visível que existem duas Paiges. Uma menina rica, estudante de Direito, com roupas condizentes com uma patricinha. Outra, uma mulher que vive com pouco, artista plástica promissora, com roupas despojadas, quase uma hippie. E essa questão, acaba sendo uma das mais interessantes do filme. A compreensão do todo ajuda na compreensão da personagem.
Para Sempre é, então, mais do que um retrato de uma história real. É mais também do que um drama romântico envolvente. É uma constatação de que aconteça o que acontecer, ainda que tenhamos uma segunda chance, tendemos sempre a repetir os mesmo atos e escolhas de vida. Porque elas é que nos definem como seres humanos. E é bom acreditar que o verdeiro amor está lá, no destino de nossas escolhas.
O filme é baseado na vida de Kim e Krickitt Carpenter e a história foi registrada no livro Para Sempre, lançado em 2000 nos Estados Unidos.
Para Sempre (The Vow, 2012 / EUA)
Direção: Michael Sucsy
Roteiro: Jason Katims, Abby Kohn, Stuart Sender, Marc Silverstein
Com: Rachel McAdams, Channing Tatum, Jessica Lange, Sam Neill, Scott Speedman
Duração: 104 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Para Sempre
2012-06-11T09:32:00-03:00
Amanda Aouad
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