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Solteiros com Filhos
Solteiros com Filhos
Jason Fryman e Julie Keller são amigos há muito tempo. Eles se completam em muitos pontos e sabem que podem contar um com o outro. Da turma, eles são os únicos solteiros, já que os demais amigos, Ben, Missy, Leslie e Alex formam dois casais com problemas distintos. Observando a ambos, Jason e Julie chegam a uma conclusão: ter filhos afasta um casal, acaba com o romantismo e leva ao divórcio inevitável. Então, para que isso não ocorra com eles, resolvem ter um filho juntos, antes de cada um encontrar sua cara-metade.
Essa é a premissa de Solteiros com Filhos, primeiro longametragem dirigido por Jennifer Westfeldt. A atriz / cantora também assina roteiro e produção, além de protagonizar a obra como a personagem Julie. Talvez pelo controle total da obra, Westfeldt se sai tão bem. O filme é ágil, inteligente, com um ritmo próprio que surpreende os que esperam uma comédia sem grandes novidades. Surpreende, apesar do humor ácido, por estar mais próximo de um drama romântico do que de uma comédia.
Solteiros com Filhos tem uma temática mais próxima do mundo adulto que do adolescente que sonha com seu príncipe encantado. Há uma rotina complexa de lidar com filhos, com a casa, com as dificuldades de um casamento. Exagera no tom, transformando as crianças em quase monstros, mas tudo com o intuito de expor o assunto de uma maneira mais clara. O jogo entre os casais é inteligente. Há situações inusitadas e a direção aproveita todos esses ingredientes para nos levar em sua construção.
Chegamos a acreditar estar vendo, enfim, algo diferente em tela, com um tom politicamente incorreto. Uma quebra nas barreiras da sociedade. A cena da relação sexual entre Jason e Julie é uma das situações mais surreais já vistas em tela. Lembrei da tentativa de Joe e Rachel em Friends. É um ato incômodo, quase mecânico, cheio de desconfortos corporais. O nervosismo de ambos é claro, demonstrado na troca de olhares, nas palavras inapropriadas, na vontade de não estar ali.
Porém, na realidade, Jennifer Westfeldt tenta disfarçar o verdeiro intuito do seu filme com uma roupagem aparentemente de quebra de tabus. O filme nos apresenta, de fato, dois amigos. Nos fazendo crer que é possível sim, uma amizade entre um homem e uma mulher. Aquele sentimento puro, quase espiritual, de uma cumplicidade descompromissada. E seria algo maravilhoso, sem dores, se não fosse as pistas que vão sendo dadas a cada mudança de comportamento.
Não podemos dizer que o roteiro nos trai, mas, é frustrante ver alguns caminhos que Jennifer Westfeldt escolhe, como se o clichê tradicional do amor predestinado fosse mais forte que qualquer tentativa de inovar. Tudo se torna uma grande catarse sentimental quase careta dos valores familiares. Não há mal nenhum em reforçar a ideia de que tudo o que queremos é amar e ser amado, porque na verdade é. Porém, existem diversas formas de amar e nem tudo é o que parece ser.
Incomoda essa questão que frusta um pouco a boa construção cênica que foi realizada aqui. O elenco está afinado, com uma ótima química, em um entrosamento próprio que nos faz crer que aquela turma realmente existe. Mesmo a participação de Megan Fox e de Edward Burns, intrusos naquele ambiente, se torna orgânica pela composição dos personagens. Porque cada um deles têm a sua particularidade, sendo bem desenvolvidos. Próximos do real.
Há uma sensação amarga ao final, porque Solteiros com Filhos é uma ótima experiência. Uma narrativa gostosa de acompanhar, mas que peca por não ter a coragem de ultrapassar a barreira. Uma aparente ousadia que se torna quase vazia em uma resolução feita às pressas que não nos convence por completo. Há mais pontas soltas que coerência, que transforma toda a naturalidade do visto até então em uma obrigatoriedade da nova era politicamente correta.
Solteiros com Filhos (Friends with Kids, 2011 / EUA)
Direção: Jennifer Westfeldt
Roteiro: Jennifer Westfeldt
Com: Jennifer Westfeldt, Kristen Wiig, Adam Scott, Jon Hamm, Maya Rudolph, Chris O'Dowd, Megan Fox e Edward Burns
Duração: 107 min.
Essa é a premissa de Solteiros com Filhos, primeiro longametragem dirigido por Jennifer Westfeldt. A atriz / cantora também assina roteiro e produção, além de protagonizar a obra como a personagem Julie. Talvez pelo controle total da obra, Westfeldt se sai tão bem. O filme é ágil, inteligente, com um ritmo próprio que surpreende os que esperam uma comédia sem grandes novidades. Surpreende, apesar do humor ácido, por estar mais próximo de um drama romântico do que de uma comédia.
Solteiros com Filhos tem uma temática mais próxima do mundo adulto que do adolescente que sonha com seu príncipe encantado. Há uma rotina complexa de lidar com filhos, com a casa, com as dificuldades de um casamento. Exagera no tom, transformando as crianças em quase monstros, mas tudo com o intuito de expor o assunto de uma maneira mais clara. O jogo entre os casais é inteligente. Há situações inusitadas e a direção aproveita todos esses ingredientes para nos levar em sua construção.
Chegamos a acreditar estar vendo, enfim, algo diferente em tela, com um tom politicamente incorreto. Uma quebra nas barreiras da sociedade. A cena da relação sexual entre Jason e Julie é uma das situações mais surreais já vistas em tela. Lembrei da tentativa de Joe e Rachel em Friends. É um ato incômodo, quase mecânico, cheio de desconfortos corporais. O nervosismo de ambos é claro, demonstrado na troca de olhares, nas palavras inapropriadas, na vontade de não estar ali.
Porém, na realidade, Jennifer Westfeldt tenta disfarçar o verdeiro intuito do seu filme com uma roupagem aparentemente de quebra de tabus. O filme nos apresenta, de fato, dois amigos. Nos fazendo crer que é possível sim, uma amizade entre um homem e uma mulher. Aquele sentimento puro, quase espiritual, de uma cumplicidade descompromissada. E seria algo maravilhoso, sem dores, se não fosse as pistas que vão sendo dadas a cada mudança de comportamento.
Não podemos dizer que o roteiro nos trai, mas, é frustrante ver alguns caminhos que Jennifer Westfeldt escolhe, como se o clichê tradicional do amor predestinado fosse mais forte que qualquer tentativa de inovar. Tudo se torna uma grande catarse sentimental quase careta dos valores familiares. Não há mal nenhum em reforçar a ideia de que tudo o que queremos é amar e ser amado, porque na verdade é. Porém, existem diversas formas de amar e nem tudo é o que parece ser.
Incomoda essa questão que frusta um pouco a boa construção cênica que foi realizada aqui. O elenco está afinado, com uma ótima química, em um entrosamento próprio que nos faz crer que aquela turma realmente existe. Mesmo a participação de Megan Fox e de Edward Burns, intrusos naquele ambiente, se torna orgânica pela composição dos personagens. Porque cada um deles têm a sua particularidade, sendo bem desenvolvidos. Próximos do real.
Há uma sensação amarga ao final, porque Solteiros com Filhos é uma ótima experiência. Uma narrativa gostosa de acompanhar, mas que peca por não ter a coragem de ultrapassar a barreira. Uma aparente ousadia que se torna quase vazia em uma resolução feita às pressas que não nos convence por completo. Há mais pontas soltas que coerência, que transforma toda a naturalidade do visto até então em uma obrigatoriedade da nova era politicamente correta.
Solteiros com Filhos (Friends with Kids, 2011 / EUA)
Direção: Jennifer Westfeldt
Roteiro: Jennifer Westfeldt
Com: Jennifer Westfeldt, Kristen Wiig, Adam Scott, Jon Hamm, Maya Rudolph, Chris O'Dowd, Megan Fox e Edward Burns
Duração: 107 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Solteiros com Filhos
2012-06-09T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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