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Batman, O Cavaleiro das Trevas Ressurge
Batman, O Cavaleiro das Trevas Ressurge
"Se quer salvar o mundo, tem que começar a confiar nele". Este é um ponto-chave da trilogia de Nolan para Batman. A humanidade merece ser salva? Merece o sacrifício de seu herói? A todo momento essa certeza de Bruce Wayne é testada, como se tudo pelo que ele luta fosse em vão e Gotham City merecesse mesmo sumir do mapa como sentenciou o líder da Liga da Sombra, Ra´s Al Ghul. O Cavaleiro das Trevas Ressurge é um fecho digno que nos conduz de maneira hábil em sua longa, porém pouco sentida duração.
Apesar de partir do ponto onde acabou O Cavaleiro das Trevas, a trama de Ressurge se desenvolve oito anos após os catastróficos acontecimentos provocados pelo Coringa. Gotham experimenta agora tempos de paz. O Comissário Gordon segue à risca o plano de manter Batman como o vilão e Harvey Dent como o herói imaculado. O prefeito continua o mesmo (não me perguntem como) e Bruce Wayne é agora um milionário recluso, que só é visto por seu fiel mordomo Alfred. Tudo muda com a chegada do mercenário conhecido como Bane, que tem outros planos para aquela cidade e para o seu defensor mascarado.
A construção do roteiro, mais uma vez assinada por Jonathan e Christopher Nolan, é hábil ao conduzir tantos acontecimentos novos e nos dar respostas para as questões levantadas nos três filmes. É corajoso também ao escolher não citar o Coringa, deixando o vilão no imaginário de todos. Sua ausência, no entanto, é sentida, já que o tripé do embate que Nolan vinha construindo fica mais frágil. Afinal, o Coringa era o ser que estava ali para testar a humanidade, para ele nenhum homem estava a salvo de ser corruptível. Enquanto que a Liga da Sombra acredita que os maus deveriam ser eliminados, mas existe os que são dignos de viver. Por fim, como fiel dessa balança, temos o Batman, que acredita que todo ser humano mereça ser salvo e que Gotham ainda tem jeito.
Para completar o tripé, então, Nolan apela para outra estratégia. O misterioso vilão Bane, ao contrário do Coringa, vai se revelando aos poucos. Sua trajetória é menos impactante, ainda que bem construída. A primeira cena dele no avião é assustadora. Parece mesmo um ser indestrutível, uma máquina de guerra, dá até dó quando Batman tenta enfrentá-lo. Em muitos momentos, ele também faz o jogo do Coringa, dando ao povo de Gotham o "poder" de decidir o próprio destino, sabendo exatamente o que espera da cidade a partir disso. É bom que nem tudo seja dito, vamos descobrindo detalhes, nos inteirando de motivações e nos surpreendendo com algumas revelações. É um vilão digno, realista como a proposta da trilogia criada por Nolan.
Batman, O Cavaleiro das Trevas Ressurge é também um filme intenso, com diversas cenas memoráveis, a exemplo do estádio de futebol ao som do hino nacional norte americano. Toda a construção paralela possui uma preparação bem realizada e impactante, ainda que o trailer já tenha revelado boa parte da surpresa. Outra cena envolvendo Bruce Wayne também tem uma força crescente emocionante. Assim como as cenas de ação são bem realizadas, principalmente as que envolve a moto do herói, que tem sempre um charme impressionante em suas rodas.
Mas, nem só de ação e tensão vive o Batman. A construção do homem Bruce Wayne também é bastante explorada, rendendo bons momentos na relação com Alfred. Apesar do mordomo ter poucas cenas, boa parte da emoção está com ele, em sua fidelidade, seu amor por aquele menino que viu nascer, ficar órfão, adotá-lo como sua responsabilidade e se tornar um quase suicida em seus constantes perigos. Um trabalho cuidadoso de Michael Caine, que mais uma vez dá show de interpretação.
Aliás, o elenco está mais uma vez muito bem. Tom Hardy, irreconhecível, incorpora todo o pavor que emana de Bane. Anne Hathaway tão criticada pela escolha, nos dá uma Selina incrivelmente envolvente, sexy e forte. Interessante como em nenhum momento lhe dão o codinome de mulher gato, mas os detalhes da roupa, muito mais realista que a alegoria de uma fantasia, são bem cuidadas, como os óculos que, ao serem suspensos se tornam as orelhinhas de gato. Joseph Gordon-Levitt também surge como um bom policial Blake, ainda que sua crença incondicional em Batman soe um pouco forçada. Marion Cotillard, apesar de quase ofuscada por Anne Hathaway também cumpre seu papel. E os demais atores mantem o nível dos outros filmes.
Ainda que a montagem incomode em alguns momentos, picotando demais a narrativa, coisa que nos outros dois era mais fluida, com tempo de contemplação e maturação de cada cena, Batman, O Cavaleiro das Trevas Ressurge é um fechamento digno. Forte, intenso, preciso e emocionante, nos apresenta o amadurecimento do herói, o verdadeiro que não se vê mais nos dias de hoje, capaz de se anular em prol de um bem maior. Bruce Wayne é o verdadeiro herói trágico, que se apresenta em sacrifício para que sua comunidade sobreviva e faz isso em silêncio, permanecendo no anonimato, porque, como ele mesmo disse: qualquer um pode ser Batman. E enquanto a lenda existir, Gotham City tem uma chance de redenção.
Batman, O Cavaleiro das Trevas Ressurge (The Dark Knight Rises, 2012 / EUA)
Direção: Christopher Nolan
Roteiro: Christopher Nolan e Jonathan Nolan
Com: Christian Bale, Michael Caine, Gary Oldman, Tom Hardy, Anne Hathaway, Marion Cotillard, Morgan Freeman e Joseph Gordon-Levitt
Duração: 164 min.
Apesar de partir do ponto onde acabou O Cavaleiro das Trevas, a trama de Ressurge se desenvolve oito anos após os catastróficos acontecimentos provocados pelo Coringa. Gotham experimenta agora tempos de paz. O Comissário Gordon segue à risca o plano de manter Batman como o vilão e Harvey Dent como o herói imaculado. O prefeito continua o mesmo (não me perguntem como) e Bruce Wayne é agora um milionário recluso, que só é visto por seu fiel mordomo Alfred. Tudo muda com a chegada do mercenário conhecido como Bane, que tem outros planos para aquela cidade e para o seu defensor mascarado.
A construção do roteiro, mais uma vez assinada por Jonathan e Christopher Nolan, é hábil ao conduzir tantos acontecimentos novos e nos dar respostas para as questões levantadas nos três filmes. É corajoso também ao escolher não citar o Coringa, deixando o vilão no imaginário de todos. Sua ausência, no entanto, é sentida, já que o tripé do embate que Nolan vinha construindo fica mais frágil. Afinal, o Coringa era o ser que estava ali para testar a humanidade, para ele nenhum homem estava a salvo de ser corruptível. Enquanto que a Liga da Sombra acredita que os maus deveriam ser eliminados, mas existe os que são dignos de viver. Por fim, como fiel dessa balança, temos o Batman, que acredita que todo ser humano mereça ser salvo e que Gotham ainda tem jeito.
Para completar o tripé, então, Nolan apela para outra estratégia. O misterioso vilão Bane, ao contrário do Coringa, vai se revelando aos poucos. Sua trajetória é menos impactante, ainda que bem construída. A primeira cena dele no avião é assustadora. Parece mesmo um ser indestrutível, uma máquina de guerra, dá até dó quando Batman tenta enfrentá-lo. Em muitos momentos, ele também faz o jogo do Coringa, dando ao povo de Gotham o "poder" de decidir o próprio destino, sabendo exatamente o que espera da cidade a partir disso. É bom que nem tudo seja dito, vamos descobrindo detalhes, nos inteirando de motivações e nos surpreendendo com algumas revelações. É um vilão digno, realista como a proposta da trilogia criada por Nolan.
Batman, O Cavaleiro das Trevas Ressurge é também um filme intenso, com diversas cenas memoráveis, a exemplo do estádio de futebol ao som do hino nacional norte americano. Toda a construção paralela possui uma preparação bem realizada e impactante, ainda que o trailer já tenha revelado boa parte da surpresa. Outra cena envolvendo Bruce Wayne também tem uma força crescente emocionante. Assim como as cenas de ação são bem realizadas, principalmente as que envolve a moto do herói, que tem sempre um charme impressionante em suas rodas.
Mas, nem só de ação e tensão vive o Batman. A construção do homem Bruce Wayne também é bastante explorada, rendendo bons momentos na relação com Alfred. Apesar do mordomo ter poucas cenas, boa parte da emoção está com ele, em sua fidelidade, seu amor por aquele menino que viu nascer, ficar órfão, adotá-lo como sua responsabilidade e se tornar um quase suicida em seus constantes perigos. Um trabalho cuidadoso de Michael Caine, que mais uma vez dá show de interpretação.
Aliás, o elenco está mais uma vez muito bem. Tom Hardy, irreconhecível, incorpora todo o pavor que emana de Bane. Anne Hathaway tão criticada pela escolha, nos dá uma Selina incrivelmente envolvente, sexy e forte. Interessante como em nenhum momento lhe dão o codinome de mulher gato, mas os detalhes da roupa, muito mais realista que a alegoria de uma fantasia, são bem cuidadas, como os óculos que, ao serem suspensos se tornam as orelhinhas de gato. Joseph Gordon-Levitt também surge como um bom policial Blake, ainda que sua crença incondicional em Batman soe um pouco forçada. Marion Cotillard, apesar de quase ofuscada por Anne Hathaway também cumpre seu papel. E os demais atores mantem o nível dos outros filmes.
Ainda que a montagem incomode em alguns momentos, picotando demais a narrativa, coisa que nos outros dois era mais fluida, com tempo de contemplação e maturação de cada cena, Batman, O Cavaleiro das Trevas Ressurge é um fechamento digno. Forte, intenso, preciso e emocionante, nos apresenta o amadurecimento do herói, o verdadeiro que não se vê mais nos dias de hoje, capaz de se anular em prol de um bem maior. Bruce Wayne é o verdadeiro herói trágico, que se apresenta em sacrifício para que sua comunidade sobreviva e faz isso em silêncio, permanecendo no anonimato, porque, como ele mesmo disse: qualquer um pode ser Batman. E enquanto a lenda existir, Gotham City tem uma chance de redenção.
Batman, O Cavaleiro das Trevas Ressurge (The Dark Knight Rises, 2012 / EUA)
Direção: Christopher Nolan
Roteiro: Christopher Nolan e Jonathan Nolan
Com: Christian Bale, Michael Caine, Gary Oldman, Tom Hardy, Anne Hathaway, Marion Cotillard, Morgan Freeman e Joseph Gordon-Levitt
Duração: 164 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Batman, O Cavaleiro das Trevas Ressurge
2012-07-26T08:00:00-03:00
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