Jane Eyre
Adaptado do clássico livro de Charlotte Brontë, Jane Eyre moderniza a forte história de Jane Eyre e Edward Rochester, deixando-a mais sombria e com uma narrativa não-linear que gera curiosidade para os que já conhecem a história ou a vêem pela primeira vez, o que não é fácil já que a história foi adaptada mais de dez vezes no cinema.
O drama da vida de Jane Eyre no entanto continua o mesmo. Sofrendo desde garota com uma tia malvada, passando pelo duro colégio interno até chegar à mansão Rochester, Jane é uma mulher forte, decidida, símbolo da luta pelos direitos das mulheres. Mas, o amor parece ser sempre o forte de qualquer livro popular e a trágica história do casal protagonista foi que conquistou o mundo. E claro, repleta de tragédias e obstáculos da maneira que manda um bom melodrama.
A construção não-linear do roteiro traz um novo frescor para a história, gerando uma tensão e curiosidade interessantes. A cena de abertura, com Mia Wasikowska correndo desesperadamente por um campo é tenso. A direção de Cary Fukunaga é hábil ao deixar o espectador perdido, compreendendo em que ponto está, antes de revelar seu resgate pelas irmãs de St. John Rivers. É interessante ver também os flashbacks da infância de Jane Eyre, assim como o encadeamento das lembranças que culminam na mansão Rochester, onde a trama se concentra.
A fotografia em um tom mais sombrio, quase sempre muito escura, com cenas na penumbra e sombras compondo o cenário cria um clima de incertezas que nos deixa mais próximos da protagonista. O clima na mansão é sempre de mistério, não apenas aquele que se esconde no sótão, mas todas as atitudes dos empregados, os acontecimentos noturnos, as festas desconcertantes. Somos sempre levados pelo ponto de vista de Jane Eyre, e pouco ficamos sabendo do que de fato acontece em seu entorno.
E para quem se torna centro das atenções, Mia Wasikowska consegue se sair muito bem. Sua interpretação é madura, boa de acompanhar e criar empatia. Até porque é fácil se identificar com alguém que sofre. Mas, o brilho de Michael Fassbender como Edward Rochester não passa despercebida. E nesse ponto tenho que fazer um parênteses, pois é impressionante que consiga fazer tantos personagens tão diferentes em um espaço de tempo tão curto. Destaque ainda para a sempre ótima Judi Dench como Mrs. Fairfax e para garotinha Amelia Clarkson que faz Jane Eyre criança.
Outro ponto que não pode deixar de ser comentado é o figurino, já que rendeu a única indicação do filme ao Oscar 2012. A reconstituição de época, os detalhes de cada acessório e a criatividade em expor o usual de uma maneira chamativa é admirável. Vide o camisolão usado por Michael Fassbender na cena do incêndio. O figurino é também uma visível forma de ajudar os atores a entrar no personagem, já que o ambienta em relação à época, costumes e posturas dos personagens.
Jane Eyre é, então, um bom filme, ainda que sofra com alguns problemas de ritmo e possa soar dramático demais para os tempos atuais. É difícil de acreditar que alguém possa sofrer tanto em uma só vida, mas a história da órfã não deixa de ter o seu charme.
Jane Eyre (Jane Eyre, 2011 / EUA)
Direção: Cary Fukunaga
Roteiro: Moira Buffini
Com: Mia Wasikowska, Michael Fassbender, Jamie Bell e Judi Dench
Duração: 120 min.
O drama da vida de Jane Eyre no entanto continua o mesmo. Sofrendo desde garota com uma tia malvada, passando pelo duro colégio interno até chegar à mansão Rochester, Jane é uma mulher forte, decidida, símbolo da luta pelos direitos das mulheres. Mas, o amor parece ser sempre o forte de qualquer livro popular e a trágica história do casal protagonista foi que conquistou o mundo. E claro, repleta de tragédias e obstáculos da maneira que manda um bom melodrama.
A construção não-linear do roteiro traz um novo frescor para a história, gerando uma tensão e curiosidade interessantes. A cena de abertura, com Mia Wasikowska correndo desesperadamente por um campo é tenso. A direção de Cary Fukunaga é hábil ao deixar o espectador perdido, compreendendo em que ponto está, antes de revelar seu resgate pelas irmãs de St. John Rivers. É interessante ver também os flashbacks da infância de Jane Eyre, assim como o encadeamento das lembranças que culminam na mansão Rochester, onde a trama se concentra.
A fotografia em um tom mais sombrio, quase sempre muito escura, com cenas na penumbra e sombras compondo o cenário cria um clima de incertezas que nos deixa mais próximos da protagonista. O clima na mansão é sempre de mistério, não apenas aquele que se esconde no sótão, mas todas as atitudes dos empregados, os acontecimentos noturnos, as festas desconcertantes. Somos sempre levados pelo ponto de vista de Jane Eyre, e pouco ficamos sabendo do que de fato acontece em seu entorno.
E para quem se torna centro das atenções, Mia Wasikowska consegue se sair muito bem. Sua interpretação é madura, boa de acompanhar e criar empatia. Até porque é fácil se identificar com alguém que sofre. Mas, o brilho de Michael Fassbender como Edward Rochester não passa despercebida. E nesse ponto tenho que fazer um parênteses, pois é impressionante que consiga fazer tantos personagens tão diferentes em um espaço de tempo tão curto. Destaque ainda para a sempre ótima Judi Dench como Mrs. Fairfax e para garotinha Amelia Clarkson que faz Jane Eyre criança.
Outro ponto que não pode deixar de ser comentado é o figurino, já que rendeu a única indicação do filme ao Oscar 2012. A reconstituição de época, os detalhes de cada acessório e a criatividade em expor o usual de uma maneira chamativa é admirável. Vide o camisolão usado por Michael Fassbender na cena do incêndio. O figurino é também uma visível forma de ajudar os atores a entrar no personagem, já que o ambienta em relação à época, costumes e posturas dos personagens.
Jane Eyre é, então, um bom filme, ainda que sofra com alguns problemas de ritmo e possa soar dramático demais para os tempos atuais. É difícil de acreditar que alguém possa sofrer tanto em uma só vida, mas a história da órfã não deixa de ter o seu charme.
Jane Eyre (Jane Eyre, 2011 / EUA)
Direção: Cary Fukunaga
Roteiro: Moira Buffini
Com: Mia Wasikowska, Michael Fassbender, Jamie Bell e Judi Dench
Duração: 120 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Jane Eyre
2012-07-16T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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