Rádio Gogó
Hoje fazem exatamente dezoito anos da conquista do Tetra Campeonato Mundial do Brasil. Como também estamos no mês de comemoração de dez anos do Penta, resgatamos aqui um curta-metragem que é uma homenagem ao futebol brasileiro.
Rádio Gogó é um filme roteirizado e dirigido pelo diretor baiano José Araripe Jr. A trama traz a história do personagem Gogó, vivido pelo ator Caco Monteiro, um dono de uma Kombi que funcionava como um carro de som de propaganda de rua, mas que tinha um sonho de ter uma rádio própria para narrar jogos de futebol, sua real paixão. Gogó era carioca, mas vivia em Salvador rodando pelas ruas e narrando peladas (futebol informal) de meninos diversos. Mas, com a aproximação da Copa do Mundo de 1994, seu sonho de narrar jogos oficiais aumenta.
Araripe é muito feliz na primeira parte do filme, demonstrando a paixão do brasileiro por futebol e apresentando bem o seu personagem. A cena inicial é uma brincadeira interessante em que vemos um garoto observando mulheres se despindo por uma fresta de uma janela, mas sua verdadeira intenção era roubar as meias dela para fazer uma bola para o jogo com os amigos. Essa abertura criativa se funde com um clipe de diversas pessoas jogando futebol em condições diversas para, enfim, apresentar o protagonista que se aproxima e narra um desses jogos. A direção foca nessas imagens futebolísticas, dando um ritmo interessante para a trama, sempre em contraponto com as narrações divertidas de Gogó.
Caco Monteiro mostra diversidade como o malandro carioca que narra o jogo e finge diversos outros personagens como o comentarista de campo, o especialista de estúdio e o povo, isso sem falar, claro, no narrador. É divertido acompanhar esse sonho acalentado pelo personagem, suas conversas de rua, o momento em que reza para uma santa misteriosa (uma das boas sacadas para o final do filme), a discussão com a esposa que quer que a filha faça balé, e as discussões de bar. Aliás, nessas discussões de bar é que vemos a primeira participação efetiva de Wagner Moura nos cinemas. Além da participação especial do sambista Riachão.
O sonho de Gogó ter um rádio, no entanto, que é o mote principal do filme é tratado pelo roteiro de Araripe de uma forma muito rápida. Temos uma pequena demonstração de sua vontade em uma cena em que olha os valores de concessão. Depois da discussão sobre a convocação ou não de Romário no bar, há uma elipse grande que nos leva diretamente para a final da Copa de 94 e Gogó já tentando invadir a antena de transmissão. Não há uma preparação mais cuidadosa.
Talvez para melhor desenvolver seu roteiro, Araripe precisasse de pelo menos um média, ou então, cortasse um pouco da parte final, pós revelação da "santa", que perde um pouco do sentido inicial da trama. Poderia também não ter dado tanta atenção à questão da filha dele que jogava futebol e a mãe irritada querendo que ela fizesse balé, afinal não deixa de ser um clichê que pouco contribui para o fundamental da trama. Ainda assim, a construção do personagem é bem feita e divertida, fazendo o público se identificar por sua paixão por futebol, que é um reflexo de cada brasileiro que sonha em participar um pouco dessa festa.
O que fica de Rádio Gogó é exatamente essa festa, essa paixão nacional que é o futebol e a Copa do Mundo. A alegria de Gogó e sua manifestação apaixonada é uma homenagem a todos que vivem, viveram ou ainda vivenciarão essa festa. Não por acaso ganhou prêmio de Melhor direção no Festival de Cinema e Vídeo de Curitiba em 1999 e Melhor Filme Baiano no Jornada de Cinema da Bahia em 1999.
Quem não conhece o filme, pode vê-lo, na íntegra, no Porta Curtas.
Rádio Gogó (Rádio Gogó, 1998 / Brasil)
Direção: José Araripe Jr.
Roteiro: José Araripe Jr.
Com: Caco Monteiro, Carine Santos, Isabel Marinho, Wagner Moura, Riachão.Duração: 20 min.
Rádio Gogó é um filme roteirizado e dirigido pelo diretor baiano José Araripe Jr. A trama traz a história do personagem Gogó, vivido pelo ator Caco Monteiro, um dono de uma Kombi que funcionava como um carro de som de propaganda de rua, mas que tinha um sonho de ter uma rádio própria para narrar jogos de futebol, sua real paixão. Gogó era carioca, mas vivia em Salvador rodando pelas ruas e narrando peladas (futebol informal) de meninos diversos. Mas, com a aproximação da Copa do Mundo de 1994, seu sonho de narrar jogos oficiais aumenta.
Araripe é muito feliz na primeira parte do filme, demonstrando a paixão do brasileiro por futebol e apresentando bem o seu personagem. A cena inicial é uma brincadeira interessante em que vemos um garoto observando mulheres se despindo por uma fresta de uma janela, mas sua verdadeira intenção era roubar as meias dela para fazer uma bola para o jogo com os amigos. Essa abertura criativa se funde com um clipe de diversas pessoas jogando futebol em condições diversas para, enfim, apresentar o protagonista que se aproxima e narra um desses jogos. A direção foca nessas imagens futebolísticas, dando um ritmo interessante para a trama, sempre em contraponto com as narrações divertidas de Gogó.
Caco Monteiro mostra diversidade como o malandro carioca que narra o jogo e finge diversos outros personagens como o comentarista de campo, o especialista de estúdio e o povo, isso sem falar, claro, no narrador. É divertido acompanhar esse sonho acalentado pelo personagem, suas conversas de rua, o momento em que reza para uma santa misteriosa (uma das boas sacadas para o final do filme), a discussão com a esposa que quer que a filha faça balé, e as discussões de bar. Aliás, nessas discussões de bar é que vemos a primeira participação efetiva de Wagner Moura nos cinemas. Além da participação especial do sambista Riachão.
O sonho de Gogó ter um rádio, no entanto, que é o mote principal do filme é tratado pelo roteiro de Araripe de uma forma muito rápida. Temos uma pequena demonstração de sua vontade em uma cena em que olha os valores de concessão. Depois da discussão sobre a convocação ou não de Romário no bar, há uma elipse grande que nos leva diretamente para a final da Copa de 94 e Gogó já tentando invadir a antena de transmissão. Não há uma preparação mais cuidadosa.
Talvez para melhor desenvolver seu roteiro, Araripe precisasse de pelo menos um média, ou então, cortasse um pouco da parte final, pós revelação da "santa", que perde um pouco do sentido inicial da trama. Poderia também não ter dado tanta atenção à questão da filha dele que jogava futebol e a mãe irritada querendo que ela fizesse balé, afinal não deixa de ser um clichê que pouco contribui para o fundamental da trama. Ainda assim, a construção do personagem é bem feita e divertida, fazendo o público se identificar por sua paixão por futebol, que é um reflexo de cada brasileiro que sonha em participar um pouco dessa festa.
O que fica de Rádio Gogó é exatamente essa festa, essa paixão nacional que é o futebol e a Copa do Mundo. A alegria de Gogó e sua manifestação apaixonada é uma homenagem a todos que vivem, viveram ou ainda vivenciarão essa festa. Não por acaso ganhou prêmio de Melhor direção no Festival de Cinema e Vídeo de Curitiba em 1999 e Melhor Filme Baiano no Jornada de Cinema da Bahia em 1999.
Quem não conhece o filme, pode vê-lo, na íntegra, no Porta Curtas.
Rádio Gogó (Rádio Gogó, 1998 / Brasil)
Direção: José Araripe Jr.
Roteiro: José Araripe Jr.
Com: Caco Monteiro, Carine Santos, Isabel Marinho, Wagner Moura, Riachão.Duração: 20 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Rádio Gogó
2012-07-17T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
Caco Monteiro|cinema baiano|comedia|critica|curtas|José Araripe Jr.|Wagner Moura|
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