Quando os Anjos Falam
Baseado no livro de Grace Duffie Boylan, Quando os Anjos Falam é um filme resgate que emociona pela simplicidade. O principal ponto é a crença ou não do que há depois da morte, mas o desenvolvimento é mesmo de uma bela amizade entre duas pessoas tão improváveis.
James Neubauer é um garotinho traumatizado, órfão de mãe, com um pai ausente que passa muito tempo trabalhando em outra cidade. Vive com seu tio materno e não se dá bem com sua madrasta. Sem ter com quem conversar, acaba se envolvendo com uma senhora solitária que vive em uma casa vizinha. Maddy é vista por muitos como louca, pois “fala” com espíritos. Sua relação inicial com James não parece muito amistosa, mas ela provará ser a única capaz de ouvi-lo e entendê-lo.
O aparente clichê de uma velha solitária em uma casa "mal assombrada" pode assustar no início. Mas, quando James e Maddy começam a se comunicar, a trama vai ganhando corpo. Em sua solidão após a morte do marido e do filho, mas com uma fé no que está do outro lado, Maddy é a única que consegue quebrar a barreira daquele garoto machucado por sua perda terrível. Mais do que isso, por seu trauma de um acidente tão forte.
O jogo do código morse através das luzes da lanterna e do aparelho no quarto da casa é um plus interessante para a estética do filme. É bonito, poético e visualmente eficiente. Não é preciso efeitos especiais, aparições mediúnicas contestáveis ou não, ou mesmo sustos e desesperos. É a velha história do "e se". E se existir vida após a morte. E se a gente conseguir se comunicar com os nossos familiares. A esperança é que move aqueles dois personagens e eles se entendem de uma maneira incrivelmente bela.
"A alma sai do corpo como um aluno deixa a escola: de repente e com alegria". Se essa mensagem foi enviada pelo filho de Maddy ou não, pouco importa. É o significado dela que é a chave naquela trama. Essa compreensão de que estamos nesse mundo para aprender e que quando chegar o nosso momento, simplesmente deixaremos a vida, como uma escola. Fica uma certa saudade, lembranças gostosas, mas nosso tempo passou. É hora de seguir novos passos. E Peter O'Fallon consegue construir bem esse clima de leveza ao falar de temas tão profundos.
A trilha sonora, no entanto, tem momentos sublimes e outros extremamente over. Há muita marcação em momentos em que o filme quer nos passar tensão sobre "o que aconteceu com Bob?" Apesar da boa construção do significado de Mozart para os dois, sendo uma bela cena a da pintura da cerca, começa a ficar demais. Cansa tantos acordes clássicos a cada cena de passagem. Já a química entre a experiente atriz Vanessa Redgrave e o, na época, jovem ator Trevor Morgan funciona muito bem. É possível crer naquela amizade improvável.
Quando os Anjos Falam é daqueles filmes feitos para emocionar. Com um tema delicado, consegue nos conduzir com leveza em uma história de amizade profunda que se identifica pela dor e esperança de algo além desse mundo que nossos cinco sentidos são capazes de ver.
Quando os Anjos Falam (A Rumor of Angels, 2000 / EUA)
Direção: Peter O'Fallon
Roteiro: James Eric, Jamie Horton e Peter O'Fallon
Com: Vanessa Redgrave, Ray Liotta, Trevor Morgan, Ron Livingston e Catherine McCormack
Duração: 106 min
James Neubauer é um garotinho traumatizado, órfão de mãe, com um pai ausente que passa muito tempo trabalhando em outra cidade. Vive com seu tio materno e não se dá bem com sua madrasta. Sem ter com quem conversar, acaba se envolvendo com uma senhora solitária que vive em uma casa vizinha. Maddy é vista por muitos como louca, pois “fala” com espíritos. Sua relação inicial com James não parece muito amistosa, mas ela provará ser a única capaz de ouvi-lo e entendê-lo.
O aparente clichê de uma velha solitária em uma casa "mal assombrada" pode assustar no início. Mas, quando James e Maddy começam a se comunicar, a trama vai ganhando corpo. Em sua solidão após a morte do marido e do filho, mas com uma fé no que está do outro lado, Maddy é a única que consegue quebrar a barreira daquele garoto machucado por sua perda terrível. Mais do que isso, por seu trauma de um acidente tão forte.
O jogo do código morse através das luzes da lanterna e do aparelho no quarto da casa é um plus interessante para a estética do filme. É bonito, poético e visualmente eficiente. Não é preciso efeitos especiais, aparições mediúnicas contestáveis ou não, ou mesmo sustos e desesperos. É a velha história do "e se". E se existir vida após a morte. E se a gente conseguir se comunicar com os nossos familiares. A esperança é que move aqueles dois personagens e eles se entendem de uma maneira incrivelmente bela.
"A alma sai do corpo como um aluno deixa a escola: de repente e com alegria". Se essa mensagem foi enviada pelo filho de Maddy ou não, pouco importa. É o significado dela que é a chave naquela trama. Essa compreensão de que estamos nesse mundo para aprender e que quando chegar o nosso momento, simplesmente deixaremos a vida, como uma escola. Fica uma certa saudade, lembranças gostosas, mas nosso tempo passou. É hora de seguir novos passos. E Peter O'Fallon consegue construir bem esse clima de leveza ao falar de temas tão profundos.
A trilha sonora, no entanto, tem momentos sublimes e outros extremamente over. Há muita marcação em momentos em que o filme quer nos passar tensão sobre "o que aconteceu com Bob?" Apesar da boa construção do significado de Mozart para os dois, sendo uma bela cena a da pintura da cerca, começa a ficar demais. Cansa tantos acordes clássicos a cada cena de passagem. Já a química entre a experiente atriz Vanessa Redgrave e o, na época, jovem ator Trevor Morgan funciona muito bem. É possível crer naquela amizade improvável.
Quando os Anjos Falam é daqueles filmes feitos para emocionar. Com um tema delicado, consegue nos conduzir com leveza em uma história de amizade profunda que se identifica pela dor e esperança de algo além desse mundo que nossos cinco sentidos são capazes de ver.
Quando os Anjos Falam (A Rumor of Angels, 2000 / EUA)
Direção: Peter O'Fallon
Roteiro: James Eric, Jamie Horton e Peter O'Fallon
Com: Vanessa Redgrave, Ray Liotta, Trevor Morgan, Ron Livingston e Catherine McCormack
Duração: 106 min
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Quando os Anjos Falam
2012-08-07T08:00:00-03:00
Amanda Aouad
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