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Os Infiéis
Os Infiéis
A infidelidade é mesmo um tema recorrente em histórias diversas. Ainda mais na boa e velha guerra dos sexos. Afinal, ainda hoje, em pleno século XXI, a infidelidade masculina é mais aceita que a feminina. Mas, o fato é que ninguém gosta de ser traído.
Jean Dujardin e Gilles Lellouche reuniram grandes nomes do cinema francês para fazer uma comédia de costumes ligada a infidelidade. São cinco histórias e três esquetes com situações diversas, algumas divertidas, outras nem tanto, mas que mostram a versatilidade dos dois atores que também contribuíram na direção e roteiro do filme. No final, fica uma sensação de uma comédia divertida, porém cansativa e aquém do que prometia o material de divulgação.
Começamos com uma longa apresentação de dois personagem, Fred e Greg. Tão longa, que o episódio se chama, O Prólogo, dirigido por Fred Cavayé. Dois amigos infiéis às suas esposas que passam as noites em farras imensas. Há um certo exagero na atitude de ambos, que chegam a dividir um quarto de motel. A cena de sexo entre os dois casais é caricata, com ambos conversando como se nada estivesse acontecendo. Isso sem falar no pós, no banheiro. E tudo isso é apenas a introdução do filme, que a princípio não deixa muito claro sua estrutura episódica.
Passamos para A Boa Consciência, trama que traz um homem "sem noção", Olivier, que quer trair a esposa em uma viagem da empresa, mas não consegue. Jean Dujardin consegue se transformar completamente, diferindo e muito de Fred, o sedutor personagem anterior. Já Gilles Lellouche, tem pouca participação nessa história, sendo apenas o "opositor" garanhão. A trama em si, porém, carece de ritmo. As piadas e situações se tornam cansativas, repetitivas, dando na plateia uma incômoda vontade de que termine logo. Isso chega a ser frustrante, já que é um dos episódios que mais tínhamos curiosidade, já que é dirigido por Michel Hazanavicius, o vencedor do Oscar com O Artista, mesmo filme que consagrou o ator Jean Dujardin no papel principal.
Mas, em seguida vem outra trama ainda mais cansativa, Lolita, dirigida por Eric Lartigau. Onde Gilles Lellouche é o principal, o dentista Bernard, que está namorando uma adolescente. Nessa, é a vez de Jean Dujardin ser o coadjuvante de luxo, só que em uma caracterização completamente nonsense com roupas de metaleiro e uma atitude de "Peter Pan". A relação de Bernard e a jovem ninfeta peca pela inverossimilhança. Por mais que ela fosse bela e desejável, a forma como ele se submete a algumas situações é incrível. A trama também não tem ritmo, tornando-se cansativa.
Temos, então, a esquete de Guillaume Canet, que infelizmente está completa em um dos trailers do filme. Divertida apesar do final surreal. A outra esquete envolve Manu Payet e, apesar de bastante pesada, envolvendo sadomasoquismo, tem um final de humor negro inusitado e engraçado. Por fim, uma esquete com Gilles Lellouche, que parece deslocada da trama do dentista, mas que ele tem o mesmo nome, onde é flagrado no hospital em uma situação vexatória. Essas pequenas pílulas de humor acabam sendo mais divertidas que muitas histórias completas, poderiam ter mais durante todo o filme, mas aí também se tornaria quase um programa de humor em vez de um longa-metragem.
A trama seguinte traz um casal que se coloca em cheque. Após sair da casa de um amigo que cochicha sobre seus casos enquanto a esposa arruma a cozinha, os personagens de Jean Dujardin e Alexandra Lamy começam a conversar sobre traição. Ela, então, faz a fatídica pergunta: "você já me traiu?" A conversa começa a se tornar uma armadilha para ambos. A Questão, única trama dirigida por uma mulher, Emmanuelle Bercot, é a mais interessante do filme. Talvez por eu ser mulher, podem dizer, mas o fato é que não há estereótipos tão clichês, nem apelações tolas aqui. E o melhor dessa história é mesmo a direção, tanto de atores, quanto de cena. A forma como Bercot dá foco à atriz Alexandra Lamy em suas expressões que acabam dizendo mais que as palavras, é fluída e interessante. É uma trama densa, madura e envolvente. Apesar do paradoxo de que "brincar" de dizer a verdade sempre pode acabar mal.
Por fim, temos o momento de ápice de humor do filme, quanto todos os atores se reúnem em torno de Sandrine Kiberlain em um clube de infiéis anônimos. Infiéis Anônimos dirigido por Alexandre Courtès é o resumo da brincadeira que os produtores quiseram com esse filme. Todos os personagens das esquetes estão reunidos contando suas dificuldades em não trair a esposa. O ritmo das confissões e as interferências da personagem de Sandrine Kiberlain, que faz a facilitadora do grupo são bem divertidas. Principalmente pelo personagem de Guillaume Canet que faz uma espécie de infiel já treinado. Fiquem até o final dos créditos que essa turma ainda volta para uma última piada.
Porque antes do final do filme, voltamos ainda a acompanhar a história de Fred e Greg, do Prólogo, agora em Las Vegas. Que também não deixa de ser um resumo do filme inteiro, por ter ótimos e péssimos momentos. Os Infiéis é uma trama irregular, ainda que divertida. Prometia mais do que pode cumprir, mas não chega a ofender ninguém. Mesmo os mais puritanos, podem se divertir em um ou outro momento. Mas, no final, fica apenas uma diversão sem grandes pretensões.
Os Infiéis (Les infidèles, 2012 / França)
Direção: Emmanuelle Bercot, Fred Cavayé, Alexandre Courtès, Jean Dujardin, Michel Hazanavicius, Jan Kounen, Eric Lartigau, Gilles Lellouche
Roteiro: Nicolas Bedos, Philippe Caverivière, Jean Dujardin, Stéphane Joly, Gilles Lellouche
Com: Jean Dujardin, Gilles Lellouche, Lionel Abelanski, Guillaume Canet, Sandrine Kiberlain, Alexandra Lamy,
Duração: 109 min.
Jean Dujardin e Gilles Lellouche reuniram grandes nomes do cinema francês para fazer uma comédia de costumes ligada a infidelidade. São cinco histórias e três esquetes com situações diversas, algumas divertidas, outras nem tanto, mas que mostram a versatilidade dos dois atores que também contribuíram na direção e roteiro do filme. No final, fica uma sensação de uma comédia divertida, porém cansativa e aquém do que prometia o material de divulgação.
Começamos com uma longa apresentação de dois personagem, Fred e Greg. Tão longa, que o episódio se chama, O Prólogo, dirigido por Fred Cavayé. Dois amigos infiéis às suas esposas que passam as noites em farras imensas. Há um certo exagero na atitude de ambos, que chegam a dividir um quarto de motel. A cena de sexo entre os dois casais é caricata, com ambos conversando como se nada estivesse acontecendo. Isso sem falar no pós, no banheiro. E tudo isso é apenas a introdução do filme, que a princípio não deixa muito claro sua estrutura episódica.
Passamos para A Boa Consciência, trama que traz um homem "sem noção", Olivier, que quer trair a esposa em uma viagem da empresa, mas não consegue. Jean Dujardin consegue se transformar completamente, diferindo e muito de Fred, o sedutor personagem anterior. Já Gilles Lellouche, tem pouca participação nessa história, sendo apenas o "opositor" garanhão. A trama em si, porém, carece de ritmo. As piadas e situações se tornam cansativas, repetitivas, dando na plateia uma incômoda vontade de que termine logo. Isso chega a ser frustrante, já que é um dos episódios que mais tínhamos curiosidade, já que é dirigido por Michel Hazanavicius, o vencedor do Oscar com O Artista, mesmo filme que consagrou o ator Jean Dujardin no papel principal.
Mas, em seguida vem outra trama ainda mais cansativa, Lolita, dirigida por Eric Lartigau. Onde Gilles Lellouche é o principal, o dentista Bernard, que está namorando uma adolescente. Nessa, é a vez de Jean Dujardin ser o coadjuvante de luxo, só que em uma caracterização completamente nonsense com roupas de metaleiro e uma atitude de "Peter Pan". A relação de Bernard e a jovem ninfeta peca pela inverossimilhança. Por mais que ela fosse bela e desejável, a forma como ele se submete a algumas situações é incrível. A trama também não tem ritmo, tornando-se cansativa.
Temos, então, a esquete de Guillaume Canet, que infelizmente está completa em um dos trailers do filme. Divertida apesar do final surreal. A outra esquete envolve Manu Payet e, apesar de bastante pesada, envolvendo sadomasoquismo, tem um final de humor negro inusitado e engraçado. Por fim, uma esquete com Gilles Lellouche, que parece deslocada da trama do dentista, mas que ele tem o mesmo nome, onde é flagrado no hospital em uma situação vexatória. Essas pequenas pílulas de humor acabam sendo mais divertidas que muitas histórias completas, poderiam ter mais durante todo o filme, mas aí também se tornaria quase um programa de humor em vez de um longa-metragem.
A trama seguinte traz um casal que se coloca em cheque. Após sair da casa de um amigo que cochicha sobre seus casos enquanto a esposa arruma a cozinha, os personagens de Jean Dujardin e Alexandra Lamy começam a conversar sobre traição. Ela, então, faz a fatídica pergunta: "você já me traiu?" A conversa começa a se tornar uma armadilha para ambos. A Questão, única trama dirigida por uma mulher, Emmanuelle Bercot, é a mais interessante do filme. Talvez por eu ser mulher, podem dizer, mas o fato é que não há estereótipos tão clichês, nem apelações tolas aqui. E o melhor dessa história é mesmo a direção, tanto de atores, quanto de cena. A forma como Bercot dá foco à atriz Alexandra Lamy em suas expressões que acabam dizendo mais que as palavras, é fluída e interessante. É uma trama densa, madura e envolvente. Apesar do paradoxo de que "brincar" de dizer a verdade sempre pode acabar mal.
Por fim, temos o momento de ápice de humor do filme, quanto todos os atores se reúnem em torno de Sandrine Kiberlain em um clube de infiéis anônimos. Infiéis Anônimos dirigido por Alexandre Courtès é o resumo da brincadeira que os produtores quiseram com esse filme. Todos os personagens das esquetes estão reunidos contando suas dificuldades em não trair a esposa. O ritmo das confissões e as interferências da personagem de Sandrine Kiberlain, que faz a facilitadora do grupo são bem divertidas. Principalmente pelo personagem de Guillaume Canet que faz uma espécie de infiel já treinado. Fiquem até o final dos créditos que essa turma ainda volta para uma última piada.
Porque antes do final do filme, voltamos ainda a acompanhar a história de Fred e Greg, do Prólogo, agora em Las Vegas. Que também não deixa de ser um resumo do filme inteiro, por ter ótimos e péssimos momentos. Os Infiéis é uma trama irregular, ainda que divertida. Prometia mais do que pode cumprir, mas não chega a ofender ninguém. Mesmo os mais puritanos, podem se divertir em um ou outro momento. Mas, no final, fica apenas uma diversão sem grandes pretensões.
Os Infiéis (Les infidèles, 2012 / França)
Direção: Emmanuelle Bercot, Fred Cavayé, Alexandre Courtès, Jean Dujardin, Michel Hazanavicius, Jan Kounen, Eric Lartigau, Gilles Lellouche
Roteiro: Nicolas Bedos, Philippe Caverivière, Jean Dujardin, Stéphane Joly, Gilles Lellouche
Com: Jean Dujardin, Gilles Lellouche, Lionel Abelanski, Guillaume Canet, Sandrine Kiberlain, Alexandra Lamy,
Duração: 109 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Os Infiéis
2012-10-10T11:46:00-03:00
Amanda Aouad
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