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Curvas da Vida
Curvas da Vida
Após quase vinte anos, Clint Eastwood volta a ser dirigido por alguém. O ator que tinha se tornado também um grande diretor e chegou a declarar que não voltaria à frente das câmeras, surpreende e emociona com uma jornada previsível, é verdade, mas nem por isso deixa de ser interessante.
Em Curvas da Vida, Eastwood é Gus, um olheiro de baseball que está perdendo a visão. Tentando esconder esse detalhe de seus empregadores, ele parte para mais uma missão, sem saber que além da visão tem que enfrentar um novo inimigo, o computador. A nova estratégia de análise estatística parece uma tendência e o olheiro não tem mais tanta voz. Diante de um cenário tão pessimista, a filha de Gus, interpretada por Amy Adams acaba viajando com ele para a Carolina do Norte, em parte para vigiá-lo. Em parte, ainda que inconscientemente, para resgatar uma relação difícil.
Curvas da Vida tem prós e contras, e apesar de dirigido por um grande parceiro de Clint Eastwood, que já foi seu assistente de direção em diversos filmes, acaba tendo escolhas infelizes. Tudo é muito óbvio desde o início. A forma como nos é apresentado o personagem de Joe Massingill, o rebatedor Bo Gentry, já deixa bem claro onde aquilo vai nos levar. Principalmente, quando determinado personagem passa quase despercebido em diversas cenas. Parece que tornar personagens babacas é a fórmula para garantir que não corramos o risco de torcer em algum momento por eles.
Assim é também o personagem de Matthew Lillard, o homem da estatística que quer tornar os olheiros obsoletos. A forma como o filme nos leva para o ponto de vista do olheiro Gus torna essa estratégia de computador algo frio, tolo e errático. Parece um absurdo completo. Mas, tivemos um exemplo recente de outro filme que nos levou na direção exatamente oposta. O homem que mudou o jogo, com Brad Pitt. Ali, os olheiros é que nos pareciam retrógrados e, realmente, obsoletos. Tudo parece mesmo uma questão de ponto de vista no cinema.
Mas, isso não chega a ser o problema do filme, que consegue nos conduzir em sua tese e escolher seu final previsível. A inexperiência de Robert Lorenz na direção, no entanto, faz desse filme algo morno, querendo deixar muito clara todas as situações, a começar pelas diversas cenas demonstrando a dificuldade de visão de Gus, que, nas mãos de Clint Eastwood, poderia ser melhor. Pelo menos, ele sabe lidar muito bem com as emoções humanas. Pois apesar de ter o baseball como pano de fundo, Curvas da Vida é sobre relações humanas. Por isso, valoriza tanto o velho olheiro em detrimento da máquina aparentemente infalível. O jogo da vida é mais do que números.
O filme se pauta então em pequenos plots que constituem o todo, muito mais do que o objetivo aparente de descobrir se o rebatedor é ou não a melhor escolha para o time. Temos o conflito pai e filha, com suas amarras no passado, as discussões constantes e o visível amor entre eles. Há a questão da mulher no mercado de trabalho, com a personagem de Amy Adams tentando ser sócia do escritório de advocacia e sua dificuldade com relacionamentos amorosos. Temos ainda a questão da velhice, um dos pontos chaves do filme, com as tentativas de aposentar o personagem de Clint Eastwood, não só por sua própria doença. Por fim, temos a questão de sonhos e oportunidades, que o filme trabalha em diversas instâncias.
Vale aqui tocar na questão do título, que em inglês se chama "Trouble with the Curve", problemas com a curva, que traz uma dubiedade interessante com uma questão-chave da resolução do filme com a metáfora do problema com a "curva da vida" que o personagem Gus começa a passar, já que a velhice o leva a quase cegueira, ao cansaço e à descrença por parte dos colegas de trabalho. Há também essas pequenas sutilezas que tornam o filme mais interessante, nos envolvemos com os protagonistas, torcemos por eles. Só isso já vale um crédito.
Curvas da Vida é daquele tipo de filme feito para emocionar. Uma história de superação, de reconciliações e de autoafirmação humana. Ainda mais com um bom elenco que se entrega aos personagens. Porém, esse excesso de zelo quase didático acaba por tornar tudo muito exposto. Nos falta ar para sermos surpreendidos, para descobrirmos uma sutileza na trama, ou mesmo para pensarmos após a sessão. Sem tantos atrativos. Apenas uma boa história contada de maneira correta, porém previsível.
Curvas da Vida (Trouble with the Curve, 2012 / EUA)
Direção: Robert Lorenz
Roteiro: Randy Brown
Com: Clint Eastwood, Amy Adams, John Goodman, Matthew Lillard, Robert Patrick e Justin Timberlake
Duração: 111 min.
Em Curvas da Vida, Eastwood é Gus, um olheiro de baseball que está perdendo a visão. Tentando esconder esse detalhe de seus empregadores, ele parte para mais uma missão, sem saber que além da visão tem que enfrentar um novo inimigo, o computador. A nova estratégia de análise estatística parece uma tendência e o olheiro não tem mais tanta voz. Diante de um cenário tão pessimista, a filha de Gus, interpretada por Amy Adams acaba viajando com ele para a Carolina do Norte, em parte para vigiá-lo. Em parte, ainda que inconscientemente, para resgatar uma relação difícil.
Curvas da Vida tem prós e contras, e apesar de dirigido por um grande parceiro de Clint Eastwood, que já foi seu assistente de direção em diversos filmes, acaba tendo escolhas infelizes. Tudo é muito óbvio desde o início. A forma como nos é apresentado o personagem de Joe Massingill, o rebatedor Bo Gentry, já deixa bem claro onde aquilo vai nos levar. Principalmente, quando determinado personagem passa quase despercebido em diversas cenas. Parece que tornar personagens babacas é a fórmula para garantir que não corramos o risco de torcer em algum momento por eles.
Assim é também o personagem de Matthew Lillard, o homem da estatística que quer tornar os olheiros obsoletos. A forma como o filme nos leva para o ponto de vista do olheiro Gus torna essa estratégia de computador algo frio, tolo e errático. Parece um absurdo completo. Mas, tivemos um exemplo recente de outro filme que nos levou na direção exatamente oposta. O homem que mudou o jogo, com Brad Pitt. Ali, os olheiros é que nos pareciam retrógrados e, realmente, obsoletos. Tudo parece mesmo uma questão de ponto de vista no cinema.
Mas, isso não chega a ser o problema do filme, que consegue nos conduzir em sua tese e escolher seu final previsível. A inexperiência de Robert Lorenz na direção, no entanto, faz desse filme algo morno, querendo deixar muito clara todas as situações, a começar pelas diversas cenas demonstrando a dificuldade de visão de Gus, que, nas mãos de Clint Eastwood, poderia ser melhor. Pelo menos, ele sabe lidar muito bem com as emoções humanas. Pois apesar de ter o baseball como pano de fundo, Curvas da Vida é sobre relações humanas. Por isso, valoriza tanto o velho olheiro em detrimento da máquina aparentemente infalível. O jogo da vida é mais do que números.
O filme se pauta então em pequenos plots que constituem o todo, muito mais do que o objetivo aparente de descobrir se o rebatedor é ou não a melhor escolha para o time. Temos o conflito pai e filha, com suas amarras no passado, as discussões constantes e o visível amor entre eles. Há a questão da mulher no mercado de trabalho, com a personagem de Amy Adams tentando ser sócia do escritório de advocacia e sua dificuldade com relacionamentos amorosos. Temos ainda a questão da velhice, um dos pontos chaves do filme, com as tentativas de aposentar o personagem de Clint Eastwood, não só por sua própria doença. Por fim, temos a questão de sonhos e oportunidades, que o filme trabalha em diversas instâncias.
Vale aqui tocar na questão do título, que em inglês se chama "Trouble with the Curve", problemas com a curva, que traz uma dubiedade interessante com uma questão-chave da resolução do filme com a metáfora do problema com a "curva da vida" que o personagem Gus começa a passar, já que a velhice o leva a quase cegueira, ao cansaço e à descrença por parte dos colegas de trabalho. Há também essas pequenas sutilezas que tornam o filme mais interessante, nos envolvemos com os protagonistas, torcemos por eles. Só isso já vale um crédito.
Curvas da Vida é daquele tipo de filme feito para emocionar. Uma história de superação, de reconciliações e de autoafirmação humana. Ainda mais com um bom elenco que se entrega aos personagens. Porém, esse excesso de zelo quase didático acaba por tornar tudo muito exposto. Nos falta ar para sermos surpreendidos, para descobrirmos uma sutileza na trama, ou mesmo para pensarmos após a sessão. Sem tantos atrativos. Apenas uma boa história contada de maneira correta, porém previsível.
Curvas da Vida (Trouble with the Curve, 2012 / EUA)
Direção: Robert Lorenz
Roteiro: Randy Brown
Com: Clint Eastwood, Amy Adams, John Goodman, Matthew Lillard, Robert Patrick e Justin Timberlake
Duração: 111 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Curvas da Vida
2012-11-22T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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