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Clube dos Cinco
Clube dos Cinco
John Hughes poderia facilmente ser chamado de Rei da Sessão da Tarde. Responsável por clássicos como Curtindo a Vida Adoidado, Mulher Nota Mil, A Garota de Rosa-Shocking, Férias Frustradas e Esqueceram de Mim, ninguém soube fazer filmes para adolescentes como ele. Mas, de todos, acredito que Clube dos Cinco acabe sendo o mais especial.
Especial porque é extremamente simples. Cinco garotos presos em um colégio no sábado por causa de uma detenção. Arredios, a princípio, e completamente diferentes um dos outros, aos poucos vão se conhecendo melhor até perceber que não são tão diferentes assim. É um filme também muito honesto, que brinca e quebra estereótipos. Todos os tipos ali representados são muito caricatos, o esportista, a princesa, a neurótica, o cérebro e o marginal. Exageros que demonstram apenas as máscaras de cada um desses tipos e que, aos poucos, vão sendo desconstruídas e vemos cinco seres humanos bastante complexos.
E o roteiro é inteligente ao construir e desconstruir isso de uma maneira bem suave. A apresentação dos personagens já é extremamente interessante. Cada um sendo deixado pelos pais na escola. A forma como cada um lida com aquela situação, os comentários, a postura. A voz over de Anthony Michael Hall resume a situação com a introdução da redação também ajuda a entender a situação. E há o suspense do porquê cada um deles está ali.
Caricato também é o inspetor Richard Vernon, quase um monstro que trata os meninos como presidiários sem direitos. A sua ideia é passar o dia inteiro sentado na cadeira sem se mexer, conversar ou fazer qualquer outra coisa. Mas, é claro que isso não acontece. O personagem de Judd Nelson, o Bender, é o que puxa toda a ação. Em seu estereótipo de marginal ele provoca os outros quatro, dá as ideias de subversão. Mas, é também o primeiro a começar a se desnudar, demonstrando outro lado que não deixava ser visto.
Já a personagem de Ally Sheedy, a Allison, é a que demora mais para entrar no jogo. Representando a "neurótica", está mais para esquizofrênica em suas primeiras reações. Gritando, dormindo, "comendo" os dedos, é sempre um bicho acuado que só emite sons estranhos. Até mesmo na hora de comer ela é a mais esquisita, jogando o presunto pro teto e colocando açúcar e chips em seu pão.
Aliás, a hora do almoço demonstra muito de cada um dos personagens e de suas relações familiares. Claire, a princesinha vivida por Molly Ringwald, come um pratinho de sushi para demonstrar refinamento. Já o esportista Andrew, interpretado por Emilio Estevez tem uma coleção de sanduíches simbolizando que se alimenta muito, enquanto que o CDF Brian (Anthony Michael Hall) tem sopa e suco de maçã, comida balanceada, o filhinho da mamãe. Enquanto isso, Bender não tem almoço. Ele é o rejeitado da família, o que sofre com maus tratos e, por isso, tão revoltado.
Esses pequenos detalhes vão construindo os personagens, assim como as escolhas de direção ajudam a contar a história. Destaque para a cena em que eles começam a assobiar a música de A Ponte do Rio Kwai. Ou quando estão se escondendo e só vemos seus pés andando pelos corredores. Ou mesmo, quando uma música os une, apesar de cada um dançar à sua maneira. Ponto negativo só para o momento da maconha que, pela reação deles, parece mais que cheiraram cocaína de tão elétricos que ficam.
Mas, o momento chave de Clube dos Cinco é mesmo quando eles sentam e começam a fazer suas confissões mais íntimas. Quando o grupo se une de uma maneira que parece mesmo que não sairão dali da mesma forma. Passamos todo o tempo com aqueles personagens, nos sentimos parte do clube, os compreendemos, torcemos por eles. Mesmo que até a quebra do clichê de possíveis casais acabe sendo o esperado.
Clube dos Cinco é um filme a cara dos anos 80, constrói os valores daquela época, utiliza seus estereótipos, mas mesmo assim é tão honesto e envolvente. Um filme que não envelheceu e continua tendo o seu charme mesmo quase trinta anos depois.
Clube dos Cinco (The Breakfast Club, 1984 / EUA)
Direção: John Hughes
Roteiro: John Hughes
Com: Emilio Estevez, Paul Gleason, Anthony Michael Hall, John Kapelos, Judd Nelson, Molly Ringwald e Ally Sheedy
Duração: 97 min.
Especial porque é extremamente simples. Cinco garotos presos em um colégio no sábado por causa de uma detenção. Arredios, a princípio, e completamente diferentes um dos outros, aos poucos vão se conhecendo melhor até perceber que não são tão diferentes assim. É um filme também muito honesto, que brinca e quebra estereótipos. Todos os tipos ali representados são muito caricatos, o esportista, a princesa, a neurótica, o cérebro e o marginal. Exageros que demonstram apenas as máscaras de cada um desses tipos e que, aos poucos, vão sendo desconstruídas e vemos cinco seres humanos bastante complexos.
E o roteiro é inteligente ao construir e desconstruir isso de uma maneira bem suave. A apresentação dos personagens já é extremamente interessante. Cada um sendo deixado pelos pais na escola. A forma como cada um lida com aquela situação, os comentários, a postura. A voz over de Anthony Michael Hall resume a situação com a introdução da redação também ajuda a entender a situação. E há o suspense do porquê cada um deles está ali.
Caricato também é o inspetor Richard Vernon, quase um monstro que trata os meninos como presidiários sem direitos. A sua ideia é passar o dia inteiro sentado na cadeira sem se mexer, conversar ou fazer qualquer outra coisa. Mas, é claro que isso não acontece. O personagem de Judd Nelson, o Bender, é o que puxa toda a ação. Em seu estereótipo de marginal ele provoca os outros quatro, dá as ideias de subversão. Mas, é também o primeiro a começar a se desnudar, demonstrando outro lado que não deixava ser visto.
Já a personagem de Ally Sheedy, a Allison, é a que demora mais para entrar no jogo. Representando a "neurótica", está mais para esquizofrênica em suas primeiras reações. Gritando, dormindo, "comendo" os dedos, é sempre um bicho acuado que só emite sons estranhos. Até mesmo na hora de comer ela é a mais esquisita, jogando o presunto pro teto e colocando açúcar e chips em seu pão.
Aliás, a hora do almoço demonstra muito de cada um dos personagens e de suas relações familiares. Claire, a princesinha vivida por Molly Ringwald, come um pratinho de sushi para demonstrar refinamento. Já o esportista Andrew, interpretado por Emilio Estevez tem uma coleção de sanduíches simbolizando que se alimenta muito, enquanto que o CDF Brian (Anthony Michael Hall) tem sopa e suco de maçã, comida balanceada, o filhinho da mamãe. Enquanto isso, Bender não tem almoço. Ele é o rejeitado da família, o que sofre com maus tratos e, por isso, tão revoltado.
Esses pequenos detalhes vão construindo os personagens, assim como as escolhas de direção ajudam a contar a história. Destaque para a cena em que eles começam a assobiar a música de A Ponte do Rio Kwai. Ou quando estão se escondendo e só vemos seus pés andando pelos corredores. Ou mesmo, quando uma música os une, apesar de cada um dançar à sua maneira. Ponto negativo só para o momento da maconha que, pela reação deles, parece mais que cheiraram cocaína de tão elétricos que ficam.
Mas, o momento chave de Clube dos Cinco é mesmo quando eles sentam e começam a fazer suas confissões mais íntimas. Quando o grupo se une de uma maneira que parece mesmo que não sairão dali da mesma forma. Passamos todo o tempo com aqueles personagens, nos sentimos parte do clube, os compreendemos, torcemos por eles. Mesmo que até a quebra do clichê de possíveis casais acabe sendo o esperado.
Clube dos Cinco é um filme a cara dos anos 80, constrói os valores daquela época, utiliza seus estereótipos, mas mesmo assim é tão honesto e envolvente. Um filme que não envelheceu e continua tendo o seu charme mesmo quase trinta anos depois.
Clube dos Cinco (The Breakfast Club, 1984 / EUA)
Direção: John Hughes
Roteiro: John Hughes
Com: Emilio Estevez, Paul Gleason, Anthony Michael Hall, John Kapelos, Judd Nelson, Molly Ringwald e Ally Sheedy
Duração: 97 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Clube dos Cinco
2012-12-16T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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