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Stephane Robelin
E se vivêssemos todos juntos?
E se vivêssemos todos juntos?
E se vivêssemos todos juntos? Uma frase que sai assim, quase sem querer da boca de um dos cinco amigos inseparáveis que já ultrapassaram a barreira dos sessenta anos. Os chamados idosos, a "melhor idade". A geração que começa a ser pensada por autoridades após o aumento da expectativa de vida.
Jean (Guy Bedos), Annie (Geraldine Chaplin), Jeanne (Jane Fonda), Claude (Claude Rich) e Albert (Pierre Richard) são amigos há muito tempo. E com a idade chegando, problemas de saúde também se agravam. Jeanne está com uma doença terminal e teme por seu marido Albert que apresenta sinais de esclerose, Claude o único solteiro da turma está com sérios problemas cardíacos e o filho quer interná-lo em um asilo. Já o casal Jean e Annie parecem os mais equilibrados, morando em uma casa espaçosa, a maior briga do casal é se deve ou não colocar uma piscina no quintal.
A construção dos problemas da velhice é feita de maneira fluida. E demora um pouco até que os cinco aceitem viver, de fato, juntos. Isso torna tudo mais real, nos deixando mais próximos dos personagens e de seus dramas. A começar por Albert e sua perda de memória e senso de realidade. Sua relação com o cachorro Oscar, o acidente, os pequenos detalhes de desorientação como dizer que estão no ano de 1986. Interessante que o cachorro que parece tão especial para ele é chamado de simplesmente "cachorro", apenas quando entra o personagem Dirk, interpretado por Daniel Brühl, ouvimos o nome Oscar. E ele é o único personagem que o chama pelo nome.
Dirk é o olhar jovem diante daquela situação. Um rapaz bonito, cheio de vida que tem uma tese de doutorado sobre a velhice. Sua proposta de olhar antropológico acaba influenciando o tom do filme que trata a questão sob um olhar mais isento, sem estereótipos. Conhecemos melhor aquelas pessoas pelo que elas são, não pela idade que representam. E até por isso, temos problemas muitos próximos de qualquer idade, como medo de solidão, ciúmes, amor, desejo e até traição.
Estereótipo apenas no asilo que Claude fica por algum tempo, antes da decisão definitiva de todos se mudarem para a casa de Jean e Annie. O local parece mesmo assustador, abandonado por todos. Com idosos loucos, pessoas solitárias e doentes. O próprio Claude parece à beira da morte quando os amigos vão visitá-los. Deitado em uma cama, abatido, esperando o fim da vida, nem parece o fotógrafo perspicaz de antes tirando fotos de mulheres nuas, ou o mesmo o homem de depois, procurando uma forma de conseguir um comprimido de Viagra.
E se vivêssemos todos juntos? tem muitos detalhes que ajudam na construção do clima daquela intimidade, como a cena em que a mudança é representada por porta-retratos sendo colocados em uma cômoda. Detalhe que a foto do cachorro é a maior de todas. Ou quando todos assistem à construção da piscina. Ou quando começam a ser "documentados" por Dirk.
Mas, o mérito maior é da interpretação dos atores, que conseguem nos passar com honestidade seus personagens, principalmente Jane Fonda e Claude Rich. Não que os demais estejam ruins, mas é que os dois personagens acabam sendo os pilares daquela nova situação. Porque Geraldine Chaplin, por exemplo, está ótima no papel, mas Annie é uma personagem mais contida. Enquanto que o Albert de Pierre Richard é quase um alívio cômico com as trapalhadas que cria. Já o Jean de Guy Bedos é a voz da razão do grupo, mas é pouco exigido até o terceiro ato.
E se vivêssemos todos juntos? é daqueles filmes gostosos de acompanhar. Tem beleza, poesia, humanidade e muita força na entrega do elenco. Daquelas boas histórias, bem contadas, sem grandes invenções ou inovações, que precisamos ver de vez em quanto.
E se vivêssemos todos juntos? (Et si on vivait tous ensemble?, 2012 / França)
Direção: Stéphane Robelin
Roteiro: Stéphane Robelin
Com: Guy Bedos, Daniel Brühl, Jane Fonda, Geraldine Chaplin, Claude Rich, Pierre Richard
Duração: 96 min.
Jean (Guy Bedos), Annie (Geraldine Chaplin), Jeanne (Jane Fonda), Claude (Claude Rich) e Albert (Pierre Richard) são amigos há muito tempo. E com a idade chegando, problemas de saúde também se agravam. Jeanne está com uma doença terminal e teme por seu marido Albert que apresenta sinais de esclerose, Claude o único solteiro da turma está com sérios problemas cardíacos e o filho quer interná-lo em um asilo. Já o casal Jean e Annie parecem os mais equilibrados, morando em uma casa espaçosa, a maior briga do casal é se deve ou não colocar uma piscina no quintal.
A construção dos problemas da velhice é feita de maneira fluida. E demora um pouco até que os cinco aceitem viver, de fato, juntos. Isso torna tudo mais real, nos deixando mais próximos dos personagens e de seus dramas. A começar por Albert e sua perda de memória e senso de realidade. Sua relação com o cachorro Oscar, o acidente, os pequenos detalhes de desorientação como dizer que estão no ano de 1986. Interessante que o cachorro que parece tão especial para ele é chamado de simplesmente "cachorro", apenas quando entra o personagem Dirk, interpretado por Daniel Brühl, ouvimos o nome Oscar. E ele é o único personagem que o chama pelo nome.
Dirk é o olhar jovem diante daquela situação. Um rapaz bonito, cheio de vida que tem uma tese de doutorado sobre a velhice. Sua proposta de olhar antropológico acaba influenciando o tom do filme que trata a questão sob um olhar mais isento, sem estereótipos. Conhecemos melhor aquelas pessoas pelo que elas são, não pela idade que representam. E até por isso, temos problemas muitos próximos de qualquer idade, como medo de solidão, ciúmes, amor, desejo e até traição.
Estereótipo apenas no asilo que Claude fica por algum tempo, antes da decisão definitiva de todos se mudarem para a casa de Jean e Annie. O local parece mesmo assustador, abandonado por todos. Com idosos loucos, pessoas solitárias e doentes. O próprio Claude parece à beira da morte quando os amigos vão visitá-los. Deitado em uma cama, abatido, esperando o fim da vida, nem parece o fotógrafo perspicaz de antes tirando fotos de mulheres nuas, ou o mesmo o homem de depois, procurando uma forma de conseguir um comprimido de Viagra.
E se vivêssemos todos juntos? tem muitos detalhes que ajudam na construção do clima daquela intimidade, como a cena em que a mudança é representada por porta-retratos sendo colocados em uma cômoda. Detalhe que a foto do cachorro é a maior de todas. Ou quando todos assistem à construção da piscina. Ou quando começam a ser "documentados" por Dirk.
Mas, o mérito maior é da interpretação dos atores, que conseguem nos passar com honestidade seus personagens, principalmente Jane Fonda e Claude Rich. Não que os demais estejam ruins, mas é que os dois personagens acabam sendo os pilares daquela nova situação. Porque Geraldine Chaplin, por exemplo, está ótima no papel, mas Annie é uma personagem mais contida. Enquanto que o Albert de Pierre Richard é quase um alívio cômico com as trapalhadas que cria. Já o Jean de Guy Bedos é a voz da razão do grupo, mas é pouco exigido até o terceiro ato.
E se vivêssemos todos juntos? é daqueles filmes gostosos de acompanhar. Tem beleza, poesia, humanidade e muita força na entrega do elenco. Daquelas boas histórias, bem contadas, sem grandes invenções ou inovações, que precisamos ver de vez em quanto.
E se vivêssemos todos juntos? (Et si on vivait tous ensemble?, 2012 / França)
Direção: Stéphane Robelin
Roteiro: Stéphane Robelin
Com: Guy Bedos, Daniel Brühl, Jane Fonda, Geraldine Chaplin, Claude Rich, Pierre Richard
Duração: 96 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
E se vivêssemos todos juntos?
2012-12-15T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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