Encurralados no Paraíso
Não é um grande filme, não se tornou nem mesmo um clássico da Sessão da Tarde na década de 90, mas em uma época em que Natal é apenas símbolo de consumismo, não deixa de ser interessante resgatar essa comédia inofensiva de George Gallo, protagonizada por Nicolas Cage.
Encurralados no Paraíso é uma comédia pastelão, no melhor estilo Esqueceram de Mim. Três irmãos, dois deles ex-presidiários, vão parar em uma cidade na Pensilvânia com o propício nome de Paraíso. A ideia dos dois delinquentes, que enganaram o bobo do irmão mais velho, interpretado por Nicolas Cage, era fazer o roubo de suas vidas. Um assalto a banco com toda a soma economizada por aquela população durante o ano. Aparentemente eles conseguem, mas não conseguem sair de lá, e, para sua surpresa, a simpática população começa a ajudá-los de todas as maneiras.
Além da pequena cidade ser hospitaleira, estamos na véspera de Natal e mesmo o sumiço dos 275 mil dólares do banco, não tira o humor e a solidariedade daquela população. Esse é o ponto do espírito natalino que me faz resgatar esse filme. Porque mesmo nas tramas mais simples é possível tirar lições interessantes para a vida. O amor ao próximo, a solidariedade são valores que o Cristo veio nos ensinar e o Natal é a época em que deveríamos comemorar o seu nascimento e renovar esses votos. E não nos desesperar para comprar presentes, porque senão nossas crianças deixam de acreditar no bom velhinho do Pólo Norte e o mundo entra em crise.
Mas, esse é apenas um ponto dentro do tema do filme, uma mensagem que fica sem grande aprofundamento, nem compromisso, até porque George Gallo nos dá motivos a todo o tempo para não levar seu filme a sério. Começando pela cena em que Nicolas Cage se confessa enquanto que o padre faz palavras cruzadas, passando por todas as trapalhadas que seus irmãos armam, nos deixando com raiva muitas vezes de tanto abestalhamento, principalmente do personagem de Dana Carvey que parece ter sérios problemas mentais.
O que dizer, então, da sequência do assalto em si? A parte em que o personagem de Jon Lovitz fica no banco fazendo exercícios de respiração nos reféns, enquanto Nicolas Cage vai buscar o gerente no restaurante, chega a ser surreal. São trapalhadas e piadas que se emendam em um ciclo que parece não ter fim. Nos deixando levar pelo espírito é divertido até. Sem muito compromisso, e com algumas camadas possíveis de perceber como essa questão da solidariedade excessiva da população.
Mas, também há momentos de puro exagero como a perseguição do trenó, que é uma, senão, a pior sequência de perseguição dos cinemas. Tudo é exagerado e irreal a ponto de duvidarem da nossa capacidade de raciocínio. Principalmente pela facilidade com que os carros são despistados ou derrapam na neve. Por mais que seja neve. Há uma falta de ritmo problemática ao extremo que cansa a nossa paciência.
No final, temos muita trapalhada, quase nenhuma história, coisas mal explicadas e outras bem manhosas como a foto da mãe dos três que surge do nada para resolver determinada situação. Mas, fica também o tema em meio a uma comédia boba que parecia não dizer nada. Fica o verdadeiro espírito do Natal, a possibilidade de sermos verdadeiramente humanos e sorrir quando tudo termina bem. Além claro, de ver o bem, mesmo nas situações menos prováveis.
Encurralados no Paraíso (Trapped in Paradise, 1994 / EUA)
Direção: George Gallo
Roteiro: George Gallo
Com: Nicolas Cage, Jon Lovitz, Dana Carvey e John Ashton
Duração: 111 min.
Encurralados no Paraíso é uma comédia pastelão, no melhor estilo Esqueceram de Mim. Três irmãos, dois deles ex-presidiários, vão parar em uma cidade na Pensilvânia com o propício nome de Paraíso. A ideia dos dois delinquentes, que enganaram o bobo do irmão mais velho, interpretado por Nicolas Cage, era fazer o roubo de suas vidas. Um assalto a banco com toda a soma economizada por aquela população durante o ano. Aparentemente eles conseguem, mas não conseguem sair de lá, e, para sua surpresa, a simpática população começa a ajudá-los de todas as maneiras.
Além da pequena cidade ser hospitaleira, estamos na véspera de Natal e mesmo o sumiço dos 275 mil dólares do banco, não tira o humor e a solidariedade daquela população. Esse é o ponto do espírito natalino que me faz resgatar esse filme. Porque mesmo nas tramas mais simples é possível tirar lições interessantes para a vida. O amor ao próximo, a solidariedade são valores que o Cristo veio nos ensinar e o Natal é a época em que deveríamos comemorar o seu nascimento e renovar esses votos. E não nos desesperar para comprar presentes, porque senão nossas crianças deixam de acreditar no bom velhinho do Pólo Norte e o mundo entra em crise.
Mas, esse é apenas um ponto dentro do tema do filme, uma mensagem que fica sem grande aprofundamento, nem compromisso, até porque George Gallo nos dá motivos a todo o tempo para não levar seu filme a sério. Começando pela cena em que Nicolas Cage se confessa enquanto que o padre faz palavras cruzadas, passando por todas as trapalhadas que seus irmãos armam, nos deixando com raiva muitas vezes de tanto abestalhamento, principalmente do personagem de Dana Carvey que parece ter sérios problemas mentais.
O que dizer, então, da sequência do assalto em si? A parte em que o personagem de Jon Lovitz fica no banco fazendo exercícios de respiração nos reféns, enquanto Nicolas Cage vai buscar o gerente no restaurante, chega a ser surreal. São trapalhadas e piadas que se emendam em um ciclo que parece não ter fim. Nos deixando levar pelo espírito é divertido até. Sem muito compromisso, e com algumas camadas possíveis de perceber como essa questão da solidariedade excessiva da população.
Mas, também há momentos de puro exagero como a perseguição do trenó, que é uma, senão, a pior sequência de perseguição dos cinemas. Tudo é exagerado e irreal a ponto de duvidarem da nossa capacidade de raciocínio. Principalmente pela facilidade com que os carros são despistados ou derrapam na neve. Por mais que seja neve. Há uma falta de ritmo problemática ao extremo que cansa a nossa paciência.
No final, temos muita trapalhada, quase nenhuma história, coisas mal explicadas e outras bem manhosas como a foto da mãe dos três que surge do nada para resolver determinada situação. Mas, fica também o tema em meio a uma comédia boba que parecia não dizer nada. Fica o verdadeiro espírito do Natal, a possibilidade de sermos verdadeiramente humanos e sorrir quando tudo termina bem. Além claro, de ver o bem, mesmo nas situações menos prováveis.
Encurralados no Paraíso (Trapped in Paradise, 1994 / EUA)
Direção: George Gallo
Roteiro: George Gallo
Com: Nicolas Cage, Jon Lovitz, Dana Carvey e John Ashton
Duração: 111 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Encurralados no Paraíso
2012-12-23T09:00:00-03:00
Amanda Aouad
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