Melhores de 2012 (Nacional)
Apesar de as bilheterias anunciarem que somos o cinema da comédia leve, com Os Penetras, E aí, comeu? e Até que a Sorte nos Separe no topo dos filmes mais vistos, o cinema nacional me proporcionou bons momentos esse ano. Mesmo o instável Paraísos Artificiais trouxe algo de interessante para a nossa filmografia, saindo do lugar comum e nos brindando com boas cenas estéticas. Outros dois filmes que vi em festivais e só estreiam em 2013 também merecem destaque, primeiro O Som ao Redor, de Kleber Mendonça Filho, meu filme nacional preferido dos vistos esse ano, que estreia em janeiro. Depois, o infantil Corda Bamba, que só estreia no meio do ano, mas que me encantou pela simplicidade e poesia. Isso, sem falar em Eles Voltam, filme de Marcelo Lordello que ainda não tem previsão de estreia.
Então, vamos a lista dos melhores filmes nacionais de 2012.
O filme de Eduardo Nunes me encantou. Pela estética diferente, pela lógica temporal, e, principalmente, pela história. Um filme que funciona para nos tirar do conforto da trama linear, explicada. Não que seja um filme complexo ao extremo, é até didático se prestarmos atenção nas pistas que vão sendo colocadas. Mas, é acima de tudo uma poesia. Uma fábula do tempo, da vida e seus significados.
Afonso Poyart conseguiu nos trazer algo diferente do já visto em nosso cinema. Uma aventura estética, com efeitos especiais diversos, uma trama ágil, repleta de ação, e um roteiro muito bem resolvido, ainda que tenha um furo ou outro no tal plano. Possui diversas camadas e é feito, antes de tudo, para entreter. Mas, com inteligência. Conseguimos, enfim, fazer um bom filme de ação, com pitadas de suspense e, claro, romance.
Um dos injustiçados desse ano, talvez agora que vai virar minissérie, o público veja. Cao Hamburger nos contou a saga dos irmãos Villas-Boas para construir o Parque Nacional do Xingu de uma forma muito harmônica. Destaque para o trio que interpreta os irmãos, João Miguel, Felipe Camargo e Caio Blat.
Inquietante, assim é o filme de Cláudio Assis. E assim, ele queria que o fosse. Uma construção poética, anárquica, panfletária para nos tirar da zona de conforto. Vai além do superficial, das cenas desnudas que não se tornam excesso pelo contexto em que se constroem. Não é chocar apenas por chocar. É o fluxo do sangue que corre como uma febre do rato.
Beto Brant é sempre Beto Brant. Junto a Renato Ciasca, ele mais uma vez consegue brincar com nossos sentimentos. Focado muito mais no Lírico que no Dramático, constrói cenas que são quase cliques de uma máquina fotográfica, unidas entre si por pouca liga narrativa, mas com muita emoção e imagens bem trabalhadas.
Esse foi o ano da Tropicália, e o que mais me encantou nesse documentário foi sua estética. A montagem, os recortes, os efeitos gráficos misturados às imagens, tudo dá uma sensação intensa daquele movimento que marcou o Brasil. E além de tudo, ainda é um importante registro histórico de nossa cultura.
Outra obra quase renegada, mas com um grande valor artístico. Heleno não é um filme sobre futebol, mas sobre um homem. É um drama bem construído, forte, que tem na interpretação de Rodrigo Santoro seu maior trunfo. Não merece ser esquecido.
Gosto quando o cinema nacional me surpreende com temas diversos e formas novas de abordar velhos temas. Disparos fala da violência urbana, mas a forma como ele constrói sua narrativa é envolvente e surpreendente em vários pontos. A começar pelo suspense do que de fato aconteceu. Um belo filme, pena que ficou quase esquecido pela distribuição ao ser lançado junto com Amanhecer Parte 2.
Tenho problemas com Breno Silveira, principalmente quando este mistura o real com a ficção como já tinha feito em Dois Filhos de Francisco e repete aqui. Mas, apesar de alguns percalços, Gonzaga de Pai para Filho é um bom filme. Consegue cumprir sua principal missão que é emocionar o mundo com uma história forte de pai e filho. Além de ser uma bela homenagem a dois gênios de nossa música. Um filme verdadeiro que merece figurar em listas de retrospectivas.
A diretora Ana Rieper vai em busca da essência e da verdade por trás das músicas e dos sentimentos de um povo quase esquecido. É interessante a cadência do longa-metragem que vai nos apresentando personagens, famosos ou não, no mesmo nível, sem distinções. Um belo filme, um exemplar autêntico de nossa cultura, que traz uma construção envolvente e toca em um tema que merece reflexão e espaço nas grandes mídias.
Então, vamos a lista dos melhores filmes nacionais de 2012.
O filme de Eduardo Nunes me encantou. Pela estética diferente, pela lógica temporal, e, principalmente, pela história. Um filme que funciona para nos tirar do conforto da trama linear, explicada. Não que seja um filme complexo ao extremo, é até didático se prestarmos atenção nas pistas que vão sendo colocadas. Mas, é acima de tudo uma poesia. Uma fábula do tempo, da vida e seus significados.
Afonso Poyart conseguiu nos trazer algo diferente do já visto em nosso cinema. Uma aventura estética, com efeitos especiais diversos, uma trama ágil, repleta de ação, e um roteiro muito bem resolvido, ainda que tenha um furo ou outro no tal plano. Possui diversas camadas e é feito, antes de tudo, para entreter. Mas, com inteligência. Conseguimos, enfim, fazer um bom filme de ação, com pitadas de suspense e, claro, romance.
Um dos injustiçados desse ano, talvez agora que vai virar minissérie, o público veja. Cao Hamburger nos contou a saga dos irmãos Villas-Boas para construir o Parque Nacional do Xingu de uma forma muito harmônica. Destaque para o trio que interpreta os irmãos, João Miguel, Felipe Camargo e Caio Blat.
Inquietante, assim é o filme de Cláudio Assis. E assim, ele queria que o fosse. Uma construção poética, anárquica, panfletária para nos tirar da zona de conforto. Vai além do superficial, das cenas desnudas que não se tornam excesso pelo contexto em que se constroem. Não é chocar apenas por chocar. É o fluxo do sangue que corre como uma febre do rato.
Beto Brant é sempre Beto Brant. Junto a Renato Ciasca, ele mais uma vez consegue brincar com nossos sentimentos. Focado muito mais no Lírico que no Dramático, constrói cenas que são quase cliques de uma máquina fotográfica, unidas entre si por pouca liga narrativa, mas com muita emoção e imagens bem trabalhadas.
Esse foi o ano da Tropicália, e o que mais me encantou nesse documentário foi sua estética. A montagem, os recortes, os efeitos gráficos misturados às imagens, tudo dá uma sensação intensa daquele movimento que marcou o Brasil. E além de tudo, ainda é um importante registro histórico de nossa cultura.
Outra obra quase renegada, mas com um grande valor artístico. Heleno não é um filme sobre futebol, mas sobre um homem. É um drama bem construído, forte, que tem na interpretação de Rodrigo Santoro seu maior trunfo. Não merece ser esquecido.
Gosto quando o cinema nacional me surpreende com temas diversos e formas novas de abordar velhos temas. Disparos fala da violência urbana, mas a forma como ele constrói sua narrativa é envolvente e surpreendente em vários pontos. A começar pelo suspense do que de fato aconteceu. Um belo filme, pena que ficou quase esquecido pela distribuição ao ser lançado junto com Amanhecer Parte 2.
Tenho problemas com Breno Silveira, principalmente quando este mistura o real com a ficção como já tinha feito em Dois Filhos de Francisco e repete aqui. Mas, apesar de alguns percalços, Gonzaga de Pai para Filho é um bom filme. Consegue cumprir sua principal missão que é emocionar o mundo com uma história forte de pai e filho. Além de ser uma bela homenagem a dois gênios de nossa música. Um filme verdadeiro que merece figurar em listas de retrospectivas.
A diretora Ana Rieper vai em busca da essência e da verdade por trás das músicas e dos sentimentos de um povo quase esquecido. É interessante a cadência do longa-metragem que vai nos apresentando personagens, famosos ou não, no mesmo nível, sem distinções. Um belo filme, um exemplar autêntico de nossa cultura, que traz uma construção envolvente e toca em um tema que merece reflexão e espaço nas grandes mídias.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Melhores de 2012 (Nacional)
2012-12-29T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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