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As Palavras
As Palavras
Uma história dentro de uma história, dentro de outra história. Já vimos isso, não é original, mas sempre chama a atenção, ainda mais com uma metalinguagem tão explícita quanto um escritor apresentando seu livro. O tema também chama a atenção: plágio. Tudo isso faz de As Palavras um potencial grande filme, mas as mesmas que deveriam nos encantar se perdem ao vento, em uma obra mediana.
Tudo começa de maneira instigante, o livro The Words, que está sendo apresentado pelo personagem de Dennis Quaid é bom. As palavras, sem trocadilho, têm força. A cena da visão do velho em pé na chuva olhando o casal que entra no carro feliz. As suposições que já começam, o jogo de imagens, o prêmio do personagem de Bradley Cooper e o retorno à época em que ele era apenas um aspirante a escritor. Tudo isso vai nos envolvendo, nos fazendo embarcar naquela história gostosa de acompanhar, com a curiosidade de onde seremos levados.
O problema é que o filme de Brian Klugman e Lee Sternthal não é sobre o escritor Rory Jansen (Bradley Cooper), nem sobre o escritor Clay Hammond (Dennis Quaid), muito menos sobre um jovem soldado americano perdido na França que se encanta pela arte da escrita que conheceremos depois. É sobre a intercessão dessas três histórias e aí, a trama perde força. Quando estamos nos envolvendo com o drama de Jansen, corta para o intervalo da leitura de Clay Hammond. Quando esta começa a engatar algo interessante, temos que voltar para a leitura. E aí, temos que embarcar em uma terceira história.
Resumindo, falta ritmo em As Palavras. Falta uma liga maior entre as histórias e até mesmo, detalhes menos clichês. A relação do velho com o escritor Rory Jansen poderia ser melhor explorada, pois há uma força imensa ali. Não apenas na questão do plágio, mas nos sonhos, no desejo mais intrínseco do ser humano, do talento, da expressão da força das palavras expostas. Isso sem falar na atuação de Jeremy Irons que domina o filme e eleva a já boa atuação de Bradley Cooper. Ambos constroem uma verdade inconteste para seus personagens.
A própria trama contada do jovem soldado na França possui uma força própria, que dialoga diretamente com o tema central do talento da escrita. A forma como ele é apresentado aos livros, sua relação pessoal com a mulher e a filha, os problemas e a capacidade de escrever apenas quando está na pior nos leva a uma tese bastante interessante. A força do escritor está em sua experiência de vida. Jovem ou velho, o que o faz passar as emoções para o papel é o retrato do quanto ele já viveu, já viu, já sentiu. Senão, ficam palavras vazias, sem emoção. A experiência do outro nos arrebata. E Ben Barnes consegue nos passar isso em sua interpretação. A cena dele ajoelhado no berço, por exemplo, é um grande momento.
O mesmo não se pode dizer de Dennis Quaid que se perde em meio ao drama. Enquanto apenas lê o livro, é interessante, mas quando se relaciona com Olivia Wilde, parece artificial, mais perdido do que deveria o seu personagem estar. E quando lhe é exigido algo mais na parte final do filme, quando consegue corresponder a altura, deixando o clímax morno e a conclusão frustrante. Ainda que os diretores consigam boas escolhas e imagens belas como a construção em paralelo da montagem de tempos, de uma pia com pratos sendo lavados e um homem vindo abraçar uma mulher. De olhares. De dedos em folhas de papéis recém digitadas. Do toque, da sensação da criação, do desejo desesperado de ser alguém.
Mas, apesar de tudo, a sensação final da sessão acaba sendo mesmo a frustração. O pouco aprofundamento do tema pelas escolhas do picote, pela não-consciência do que melhor funcionava ali e pela obviedade da revelação que parecia escondida. Fica uma sensação de uma história tola, que tinha potencial para muito mais. Mostrando que é mesmo difícil conseguir conectar palavras para se construir obras primas que toquem os corações humanos.
As Palavras (The Words, 2012 / EUA)
Direção: Brian Klugman e Lee Sternthal
Roteiro: Brian Klugman e Lee Sternthal
Com: Bradley Cooper, Dennis Quaid, Jeremy Irons, Ben Barnes, Zoe Saldana e Olivia Wilde
Duração: 97 min.
Tudo começa de maneira instigante, o livro The Words, que está sendo apresentado pelo personagem de Dennis Quaid é bom. As palavras, sem trocadilho, têm força. A cena da visão do velho em pé na chuva olhando o casal que entra no carro feliz. As suposições que já começam, o jogo de imagens, o prêmio do personagem de Bradley Cooper e o retorno à época em que ele era apenas um aspirante a escritor. Tudo isso vai nos envolvendo, nos fazendo embarcar naquela história gostosa de acompanhar, com a curiosidade de onde seremos levados.
O problema é que o filme de Brian Klugman e Lee Sternthal não é sobre o escritor Rory Jansen (Bradley Cooper), nem sobre o escritor Clay Hammond (Dennis Quaid), muito menos sobre um jovem soldado americano perdido na França que se encanta pela arte da escrita que conheceremos depois. É sobre a intercessão dessas três histórias e aí, a trama perde força. Quando estamos nos envolvendo com o drama de Jansen, corta para o intervalo da leitura de Clay Hammond. Quando esta começa a engatar algo interessante, temos que voltar para a leitura. E aí, temos que embarcar em uma terceira história.
Resumindo, falta ritmo em As Palavras. Falta uma liga maior entre as histórias e até mesmo, detalhes menos clichês. A relação do velho com o escritor Rory Jansen poderia ser melhor explorada, pois há uma força imensa ali. Não apenas na questão do plágio, mas nos sonhos, no desejo mais intrínseco do ser humano, do talento, da expressão da força das palavras expostas. Isso sem falar na atuação de Jeremy Irons que domina o filme e eleva a já boa atuação de Bradley Cooper. Ambos constroem uma verdade inconteste para seus personagens.
A própria trama contada do jovem soldado na França possui uma força própria, que dialoga diretamente com o tema central do talento da escrita. A forma como ele é apresentado aos livros, sua relação pessoal com a mulher e a filha, os problemas e a capacidade de escrever apenas quando está na pior nos leva a uma tese bastante interessante. A força do escritor está em sua experiência de vida. Jovem ou velho, o que o faz passar as emoções para o papel é o retrato do quanto ele já viveu, já viu, já sentiu. Senão, ficam palavras vazias, sem emoção. A experiência do outro nos arrebata. E Ben Barnes consegue nos passar isso em sua interpretação. A cena dele ajoelhado no berço, por exemplo, é um grande momento.
O mesmo não se pode dizer de Dennis Quaid que se perde em meio ao drama. Enquanto apenas lê o livro, é interessante, mas quando se relaciona com Olivia Wilde, parece artificial, mais perdido do que deveria o seu personagem estar. E quando lhe é exigido algo mais na parte final do filme, quando consegue corresponder a altura, deixando o clímax morno e a conclusão frustrante. Ainda que os diretores consigam boas escolhas e imagens belas como a construção em paralelo da montagem de tempos, de uma pia com pratos sendo lavados e um homem vindo abraçar uma mulher. De olhares. De dedos em folhas de papéis recém digitadas. Do toque, da sensação da criação, do desejo desesperado de ser alguém.
Mas, apesar de tudo, a sensação final da sessão acaba sendo mesmo a frustração. O pouco aprofundamento do tema pelas escolhas do picote, pela não-consciência do que melhor funcionava ali e pela obviedade da revelação que parecia escondida. Fica uma sensação de uma história tola, que tinha potencial para muito mais. Mostrando que é mesmo difícil conseguir conectar palavras para se construir obras primas que toquem os corações humanos.
As Palavras (The Words, 2012 / EUA)
Direção: Brian Klugman e Lee Sternthal
Roteiro: Brian Klugman e Lee Sternthal
Com: Bradley Cooper, Dennis Quaid, Jeremy Irons, Ben Barnes, Zoe Saldana e Olivia Wilde
Duração: 97 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
As Palavras
2013-01-07T13:00:00-03:00
Amanda Aouad
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