Os instrumentos se afinam e começa a vinheta da
Twentieth Century Fox. Em vez de um filme, vai começar o espetáculo. O cenário também não é o
cinema, mas o
Teatro Castro Alves, onde a
Orquestra Sinfônica da Bahia começa o seu
Cine Concerto. Pura emoção por quase duas horas de uma viagem cinematográfica. Mais do que isso, uma viagem emocional.
É impressionante como a
música nos faz viajar por tempo e espaço, encaminhando a nossa mente por emoções diversas. Enquanto ouvíamos a
orquestra entoar as notas conhecidas, milhares de misturas eram possíveis. Afinal, além de
músicas, aquelas eram músicas de
filmes que marcaram suas épocas. Ouvi-las nos fazia lembrar do
filme em si, do momento em que vimos os
filmes, nas pessoas que nos lembravam aqueles
filmes e da nostalgia de cada um desses sentimentos. É até difícil explicar o que tudo aquilo representou.
|
O maestro Carlos Prazeres, o mestre de cerimônias |
Diante de tantas
músicas e tantos
filmes, o
Cine Concerto se concentrou no gênio
John Williams, com adições de alguns temas de
Nino Rota e
Ennio Morricone que me trouxeram uma emoção a mais. O tema de
Cinema Paradiso, por exemplo, de
Morricone, me derruba. Vê-lo sendo executado ao vivo pela
Orquestra Sinfônica, então, foi um dos momentos altos da noite. É aquela mistura perfeita de que falei onde sentimentos diversos nos levam além. Os belos acordes, a
nostalgia de uma época que não volta mais e a paixão pelo
cinema que aquele
filme evoca valem cada nota.
|
Chapolin Colorado e Homem-Aranha |
O mais incrível do espetáculo foi o clima de paixão. Paixão pela música, paixão pelo
cinema, paixão por personagens específicos. Cada integrante da OSBA estava vestido de um personagem, não necessariamente do
cinema, já que tinha personagens como
Chapolin Colorado e
Minnie entre eles, mas vimos Homem-Aranha, Jason, Ghostface, Neo, Homens de Preto, Harry Potter, Hermione, Princesa Léia, só para citar alguns.
|
Darth Vader foi assistir e fiscalizar |
E por falar em Princesa Léia, a apresentação de domingo teve um plus, a participação especial do
Conselho Jedi Bahia, com direito a sabres de luz e todas as fantasias. Quando começaram os acordes do tema de Star Wars, eles entraram com seus sabres para cima e se postaram na frente do palco, como vigilantes cavaleiros. A plateia veio abaixo. Imagine então quando a
Marcha Imperial começou e
Darth Vader entrou pelo portal lateral?
Essas brincadeiras, esse clima de entrega, é que torna tudo ainda mais especial. Como quando o maestro
Carlos Prazeres começou a apresentar os músicos e suas fantasias, a plateia começa a gritar o nome do
Homem-Aranha e ele pula como se estivesse lançando uma teia. Ou quando a música de
Harry Potter foi anunciada e o músico que estava vestido como o bruxo, pulou pelo palco com uma varinha nas mãos. Ou mesmo o próprio maestro regendo a
Marcha Imperial com um sabre de luz nas mãos.
|
Uma pequena parte do naipe de cordas |
Foi uma noite onde pudemos ouvir
2001: Uma Odisseia no Espaço,
Tubarão,
Indiana Jones,
E.T.,
Romeu e Julieta,
Star Wars,
Cinema Paradiso,
Felini 8 1/2, em uma perfeita harmonia. Cada uma com um sentimento próprio, uma lembrança, uma sensação. A música de
Tubarão exala medo, enquanto
Romeu e Julieta é só amor. Já
Indiana Jones nos traz um espírito aventureiro e
E.T. uma nostalgia de uma infância. E quando foi anunciado o fim, dois pensamentos vieram de imediato. O primeiro: já?. O segundo, e cadê o
Superman? Mal imaginávamos que esse segundo pensamento tinha uma ligação direta com a pergunta: de que o maestro estava fantasiado?
|
O maestro revela sua fantasia |
Claro que um dos mais emocionantes e marcantes temas criados por
John Williams não poderia faltar naquela noite. E a forma como ela foi introduzida não poderia ser melhor. Um fechamento com chave de ouro, com direito a um sequestro relâmpago de
Minnie e até piada com uma certa cabine telefônica. O
Super Homem e seu tema é mesmo algo mágico que nos faz sentir seguros, pois ele está ali para nos salvar (não, não era o
Chapolin). Um homem íntegro, forte, justo. O verdadeiro super herói. E
John Williams foi bastante feliz quando criou aquele tema. Pena que o novo filme do personagem não o utilizará.
No saldo final, muita emoção, vários arrepios e algumas lágrimas. Esse é o poder da música. Ainda mais da
música associada a paixão e força que só o
cinema consegue proporcionar, sendo executada de maneira divina por uma
orquestra afinada e também apaixonada pelo que faz. Obrigada,
OSBA, por nos proporcionar tudo isso. E que venham os demais concertos da Série Glauber Rocha!
Um agradecimento especial à Patrícia França Gomes pelas fotos cedidas.