
Não dá para entender um diretor como
Simon West recém saído de um trabalho como
Os Mercenários 2, querer dirigir
O Resgate como um
filme sério de
ação. Porque o roteiro de David Guggenheim parece mesmo uma grande brincadeira com o gênero elevando os absurdos a níveis impressionantes. Resultado, perdeu-se a oportunidade da piada apresentando uma obra capenga.
Na trama,
Nicolas Cage interpreta Will Montgomery, um gênio do assalto em banco que acaba preso por uma bobagem e ao sair da
cadeia tem que enfrentar um antigo companheiro que sequestrou a sua filha. A partir daí começa uma
caçada dupla. Cage em busca da filha, na cola de um
Josh Lucas transfigurado, melhor coisa do
filme, por sinal. E O FBI atrás de Cage, com direito a
Danny Huston com chapéu de
Os Intocáveis, achando que o bandido está armando mais uma das suas.

O início do
filme já é extremamente clichê, mas funcional. Um
assalto a la Missão Impossível, com muitas artimanhas e jogos de câmera para "enganar" o espectador. Mas, que já foi tão usado que não soa nada surpreendente. Ainda assim, ficamos ligados na jornada do quarteto arrombando o banco e do FBI achando que está acompanhando todos os passos. A cena da briga que faz as coisas desandarem também é cheia de
adrenalina e nos deixa curiosos com o que vem depois.

A apresentação posterior com saída da
cadeia, reencontro com o inimigo, com a filha e com a amiga, são apenas adendos para a
ação que está por vir. É interessante o cuidado com a aproximação do táxi, por exemplo, sem mostrar o motorista, ainda que esteja óbvio quem quer se vingar do personagem de
Cage. Mas, a partir daí, o interesse começa a ser substituído pela falta de nexo do roteiro e de toda a constituição cênica, porque nos parece mesmo que estão todos ali levando tudo muito a sério. Só a platéia e
Josh Lucas parecem procurar escapes, vide uma cena na parte final em que ele parece quase o Exterminador do Futuro, com direito a fogo, correntes e um caminhar claudicante com plano detalhe na perna mecânica.

Mas, como em quase todo momento, o tom é sério, a polícia se torna imbecil. A forma como Will Montgomery passeia pela sede do FBI é risível, sem falar de alguns momentos absurdos como quando tira sua mão de uma algema para atender um telefone, ou a forma como despista facilmente os agentes em
perseguições. Ah, claro, tudo isso tem que acontecer em uma terça-feira de
Carnaval para dar mais emoção. Não deixa de ser curioso conhecer o carnaval dos gringos. E porque se leva a sério, fica mais gritante também alguns erros de roteiro como uma certa quantia em banco continuar exatamente igual oito anos depois.
De qualquer maneira,
O Resgate é mais um para lista de
filmes ruins de
Nicolas Cage, impressionante como um ator consegue ser tão inconstante com grandes obras e outras bombas. Como curiosidade, aqui ele ainda repete, de certa maneira, uma sequência de
Coração Selvagem, belo filme de
David Lynch. Mas, a semelhança fica por aí, já que o que nos é apresentado é um rascunho de mistura mal feita de
007 com
Busca Implacável.
O Resgate (Stolen, 2013 / EUA)
Direção: Simon West
Roteiro: David Guggenheim
Com: Nicolas Cage, Malin Åkerman, Danny Huston e Josh Lucas
Duração: 96 min.