Monstros S.A. 3D
A Pixar sempre nos presenteou com roteiros incríveis. E Monstros S.A. não é diferente. Ou melhor, é um dos mais criativos e bem desenvolvidos da história do estúdio. Porque pega uma questão tão simples como o medo de bicho papão dentro do armário e desenvolve um background impressionante para tudo isso.
Do outro lado do espelho, ou melhor do armário, existe uma cidade de monstros. E a fonte de energia dessa cidade é o grito das crianças. É preciso apenas coletá-los e condimentá-los para que possa abastecer toda a população. É aí que entra a Monstros S.A., uma empresa que contrata monstros assustadores e fornece energia para todos. Entre os funcionários estão "Sulley", um imenso monstro azul que é o campeão da fábrica e o seu assistente e amigo Mike Wazowski, um monstrinho verde engraçado de um olho só que está sempre em segundo plano, mas não liga para isso.
A construção dos dois personagens já é muito boa. As características de cada um, a forma como se complementam e as pistas já instaladas para o que virá no final. Tudo em Monstros S.A. é muito bem planejado. Esse universo paralelo de seres que assustam para manter suas cidades abastecidas é muito criativo. Afinal, quem nunca teve medo durante a noite de monstros que poderiam sair do armário ou de baixo da cama?
É interessante também a forma como o roteiro vai nos dando subsídios para que a história se desenvolva da forma mais natural possível. A começar pelo medo recíproco. Os monstros são criados para ter medo das crianças. São suas inimigas, podem matar com um simples toque, dizem as lendas. Claro, isso tudo é uma estratégia para que os dois não criem laços afetivos e com isso, inviabilizem o processo, vide o que vai acontecer com a pequena Boo quando ela começar a se aproximar de Sulley. Como assustar alguém de quem você gosta?
Mas, a questão de que o mundo está em constante mudança e que as crianças de hoje não são mais como as de antigamente não é ignorada pela Pixar. E é aí que reside uma das maiores qualidades de Monstros S.A., resolver o problema criado com a aproximação de Boo e Sulley, através do problema maior de que as crianças não se assustam mais tão facilmente. Isso é explorado em todo o filme. Desde o início da trama, quando algumas portas são destruídas porque a criança não se assusta mais, ou a própria explicação desse "fenômeno".
E as pistas da resolução também estão lá desde o princípio, vide o que acontece no prédio onde Sulley e Mike moram quando Boo começa a rir de uma situação. Porque a cidade está mesmo passando por uma crise de energia. A crise não se instala com a chegada de Boo. E, mais cedo ou mais tarde, uma nova solução iria ser necessária.
E se não bastasse toda a boa construção de roteiro, com personagens bem desenvolvidos, carismáticos e uma estrutura muito bem pensada, Monstros S.A. também tem uma técnica espetacular. O design dos personagens, cenários, objetos de cenas são muito bem feitos. Os detalhes da direção de arte, dos tipos de monstros, das portas, o conjunto do visual é ótimo. E a simulação de enquadramentos, o ritmo de montagem é muito bom também. Há cenas muito bem realizadas como a primeira aparição de Boo e seu sumiço do quarto. Ou a cena em que Sulley acredita que ela está sendo compactada junto com o lixo, apenas para citar algumas.
Seu retorno em 3D também não é ruim. Até por ser uma animação modelada em 3D fica mais fácil a reconstrução da profundidade de campo, dando uma imersão ainda maior àquele mundo. Tudo fica muito harmônico e divertido. Parece mesmo que estamos vendo algo palpável. Monstros S.A. simula tanto um filme em live action que tem até as cenas pós-créditos com erros de gravação. Por si só, essa parte já rende boas risadas e muito criativa.
Independente de ser uma ação para preparar a chegada de Universidade Monstros que chega no meio do ano, é muito bom poder rever essa bela animação nos cinemas. Um filme criativo, bem realizado e capaz de agradar todos os públicos.
Monstros S.A. (Monsters, Inc., 2001 / EUA)
Direção: Pete Docter, David Silverman e Lee Unkrich
Roteiro: Pete Docter, Andrew Stanton e Daniel Gerson
Duração: 92 min.
Do outro lado do espelho, ou melhor do armário, existe uma cidade de monstros. E a fonte de energia dessa cidade é o grito das crianças. É preciso apenas coletá-los e condimentá-los para que possa abastecer toda a população. É aí que entra a Monstros S.A., uma empresa que contrata monstros assustadores e fornece energia para todos. Entre os funcionários estão "Sulley", um imenso monstro azul que é o campeão da fábrica e o seu assistente e amigo Mike Wazowski, um monstrinho verde engraçado de um olho só que está sempre em segundo plano, mas não liga para isso.
A construção dos dois personagens já é muito boa. As características de cada um, a forma como se complementam e as pistas já instaladas para o que virá no final. Tudo em Monstros S.A. é muito bem planejado. Esse universo paralelo de seres que assustam para manter suas cidades abastecidas é muito criativo. Afinal, quem nunca teve medo durante a noite de monstros que poderiam sair do armário ou de baixo da cama?
É interessante também a forma como o roteiro vai nos dando subsídios para que a história se desenvolva da forma mais natural possível. A começar pelo medo recíproco. Os monstros são criados para ter medo das crianças. São suas inimigas, podem matar com um simples toque, dizem as lendas. Claro, isso tudo é uma estratégia para que os dois não criem laços afetivos e com isso, inviabilizem o processo, vide o que vai acontecer com a pequena Boo quando ela começar a se aproximar de Sulley. Como assustar alguém de quem você gosta?
Mas, a questão de que o mundo está em constante mudança e que as crianças de hoje não são mais como as de antigamente não é ignorada pela Pixar. E é aí que reside uma das maiores qualidades de Monstros S.A., resolver o problema criado com a aproximação de Boo e Sulley, através do problema maior de que as crianças não se assustam mais tão facilmente. Isso é explorado em todo o filme. Desde o início da trama, quando algumas portas são destruídas porque a criança não se assusta mais, ou a própria explicação desse "fenômeno".
E as pistas da resolução também estão lá desde o princípio, vide o que acontece no prédio onde Sulley e Mike moram quando Boo começa a rir de uma situação. Porque a cidade está mesmo passando por uma crise de energia. A crise não se instala com a chegada de Boo. E, mais cedo ou mais tarde, uma nova solução iria ser necessária.
E se não bastasse toda a boa construção de roteiro, com personagens bem desenvolvidos, carismáticos e uma estrutura muito bem pensada, Monstros S.A. também tem uma técnica espetacular. O design dos personagens, cenários, objetos de cenas são muito bem feitos. Os detalhes da direção de arte, dos tipos de monstros, das portas, o conjunto do visual é ótimo. E a simulação de enquadramentos, o ritmo de montagem é muito bom também. Há cenas muito bem realizadas como a primeira aparição de Boo e seu sumiço do quarto. Ou a cena em que Sulley acredita que ela está sendo compactada junto com o lixo, apenas para citar algumas.
Seu retorno em 3D também não é ruim. Até por ser uma animação modelada em 3D fica mais fácil a reconstrução da profundidade de campo, dando uma imersão ainda maior àquele mundo. Tudo fica muito harmônico e divertido. Parece mesmo que estamos vendo algo palpável. Monstros S.A. simula tanto um filme em live action que tem até as cenas pós-créditos com erros de gravação. Por si só, essa parte já rende boas risadas e muito criativa.
Independente de ser uma ação para preparar a chegada de Universidade Monstros que chega no meio do ano, é muito bom poder rever essa bela animação nos cinemas. Um filme criativo, bem realizado e capaz de agradar todos os públicos.
Monstros S.A. (Monsters, Inc., 2001 / EUA)
Direção: Pete Docter, David Silverman e Lee Unkrich
Roteiro: Pete Docter, Andrew Stanton e Daniel Gerson
Duração: 92 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Monstros S.A. 3D
2013-02-27T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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