A Princesa e o Robô
A Mônica faz cinquenta anos. Foi em 03 de março de 1963 que ela apareceu pela primeira vez em uma tirinha de Cebolinha, no jornal Folha de São Paulo. Diversas homenagens estão sendo feitas para essa famosa dentucinha e eu, que cresci lendo suas histórias, resolvi falar aqui do filme da turma que acho até hoje o melhor de todos: A Princesa e o Robô.
A narração da abertura já dita o ritmo e a trama: "Nos confins do universo, foram descobertas recentemente misteriosas estrelas pulsantes. Batizadas pelos astrônomos de pulsar, elas não brilham como outras estrelas. Elas pulsam como um grande coração de luz, batendo sem parar. Diz a lenda que, às vezes, um raio de luz desgarrado de uma distante estrela pulsar pode atingir alguém. E esse alguém nunca mais será o mesmo".
Em um planeta chamado Cenourão, um robozinho da guarda real é atingido por esse raio desgarrado de pulsar e uma transformação é processada nele, fazendo-o ter sentimentos. Ele acaba se apaixonando pela princesa Mimi e lutando em um torneio por sua mão. Mas, o vilão Lorde Coelhão desmascara o personagem. Ele não tem coração, então, não pode se casar com a princesa. O rei lhe dá, então, um prazo para conseguir um coração e assim, poder se casar com sua filha. Mas, o Lorde Coelhão consegue dar um golpe e despachá-lo em uma caixa para o planeta Terra. E é aí que entra a turminha.
O roteiro de A Princesa e o Robô é bem estruturado. Claro, que tem muito de fantasia, principalmente de um robô que precisa encontrar um coração. Mas, isso não deixa de ser também uma espécie de conto de Pinóquio às avessas. Sem falar no Homem de Lata de O Mágico de Oz. O coração é um símbolo, já que ele já ama Mimi. E também uma forma de fazê-lo se tornar um coelho de verdade. A turma da Mônica entra apenas como coadjuvante dessa história de amor, mas não é uma intrusa forçada.
A forma como o robozinho cai na Terra e a insistência de Anjinho para que a turma o ajude é bastante verossímil. Afinal, ele é um anjo. Se compramos a ideia de que ele existe e de que o planeta Pulsar existe, tá tudo dentro do pacto ficcional. Assim como existe o personagem Franjinha que sempre tem inventos diversos, como máquina do tempo, por que não uma nave espacial? A personalidade dos personagens de Maurício de Sousa também se misturam ali de uma forma muito harmônica. A própria ironia ao não aceitarem de primeira a missão já demonstra que o roteiro é bem pensado. "tão fácil, é só pegar um foguete, ir até o fim do universo e ..."
Aliás, todo o roteiro é construído com muito humor. Desde o planeta Cenourão, com várias gags, principalmente com brincadeira em torno do vilão Lorde Coelhão e sua estatura. Tanto que o duelo final é decidido no cara e coroa, uma grande piada. Há também muitas músicas que ajudam na condução da história, em clipes divertidos e emocionantes como a música da batalha ou o lamento de amor quando o robozinho está pensando em como conseguir um coração. Mas, a música que ficou na memória foi mesmo a Tum Tum, quando a turma embarca na direção do planeta Pulsar.
E como se não bastassem todos os desafios, o filme traz ainda muitas peripécias para a turma, o robozinho e a princesa Mimi. Sempre com planos mirabolantes do Lorde Coelhão. Como o espião Zolhudo e os guardas. Os asteróides, ou as mentiras em relação a um possível envolvimento entre Mônica e o robozinho que deixa Mimi morrendo de ciúmes.
Para a técnica da época e recursos de animação no Brasil, A Princesa e o Robô é um filme bem feito visualmente. Simples em um 2D modesto, mas ainda assim, com bom efeito. Principalmente pela dinâmica do roteiro, pela empatia com os personagens e pelo envolvimento das músicas e da aventura amorosa. Uma pena que é um filme que ficou meio que esquecido, nunca tendo sido lançado em DVD. Mas, marcou a minha infância e com certeza a de muitas outras pessoas.
A Princesa e o Robô (A Princesa e o Robô, 1983 / Brasil)
Direção: Maurício de Sousa
Roteiro: Maurício de Sousa, Itsuo Nakashima e José Márcio Nicolosi
Duração: 93 min.
A narração da abertura já dita o ritmo e a trama: "Nos confins do universo, foram descobertas recentemente misteriosas estrelas pulsantes. Batizadas pelos astrônomos de pulsar, elas não brilham como outras estrelas. Elas pulsam como um grande coração de luz, batendo sem parar. Diz a lenda que, às vezes, um raio de luz desgarrado de uma distante estrela pulsar pode atingir alguém. E esse alguém nunca mais será o mesmo".
Em um planeta chamado Cenourão, um robozinho da guarda real é atingido por esse raio desgarrado de pulsar e uma transformação é processada nele, fazendo-o ter sentimentos. Ele acaba se apaixonando pela princesa Mimi e lutando em um torneio por sua mão. Mas, o vilão Lorde Coelhão desmascara o personagem. Ele não tem coração, então, não pode se casar com a princesa. O rei lhe dá, então, um prazo para conseguir um coração e assim, poder se casar com sua filha. Mas, o Lorde Coelhão consegue dar um golpe e despachá-lo em uma caixa para o planeta Terra. E é aí que entra a turminha.
O roteiro de A Princesa e o Robô é bem estruturado. Claro, que tem muito de fantasia, principalmente de um robô que precisa encontrar um coração. Mas, isso não deixa de ser também uma espécie de conto de Pinóquio às avessas. Sem falar no Homem de Lata de O Mágico de Oz. O coração é um símbolo, já que ele já ama Mimi. E também uma forma de fazê-lo se tornar um coelho de verdade. A turma da Mônica entra apenas como coadjuvante dessa história de amor, mas não é uma intrusa forçada.
A forma como o robozinho cai na Terra e a insistência de Anjinho para que a turma o ajude é bastante verossímil. Afinal, ele é um anjo. Se compramos a ideia de que ele existe e de que o planeta Pulsar existe, tá tudo dentro do pacto ficcional. Assim como existe o personagem Franjinha que sempre tem inventos diversos, como máquina do tempo, por que não uma nave espacial? A personalidade dos personagens de Maurício de Sousa também se misturam ali de uma forma muito harmônica. A própria ironia ao não aceitarem de primeira a missão já demonstra que o roteiro é bem pensado. "tão fácil, é só pegar um foguete, ir até o fim do universo e ..."
Aliás, todo o roteiro é construído com muito humor. Desde o planeta Cenourão, com várias gags, principalmente com brincadeira em torno do vilão Lorde Coelhão e sua estatura. Tanto que o duelo final é decidido no cara e coroa, uma grande piada. Há também muitas músicas que ajudam na condução da história, em clipes divertidos e emocionantes como a música da batalha ou o lamento de amor quando o robozinho está pensando em como conseguir um coração. Mas, a música que ficou na memória foi mesmo a Tum Tum, quando a turma embarca na direção do planeta Pulsar.
E como se não bastassem todos os desafios, o filme traz ainda muitas peripécias para a turma, o robozinho e a princesa Mimi. Sempre com planos mirabolantes do Lorde Coelhão. Como o espião Zolhudo e os guardas. Os asteróides, ou as mentiras em relação a um possível envolvimento entre Mônica e o robozinho que deixa Mimi morrendo de ciúmes.
Para a técnica da época e recursos de animação no Brasil, A Princesa e o Robô é um filme bem feito visualmente. Simples em um 2D modesto, mas ainda assim, com bom efeito. Principalmente pela dinâmica do roteiro, pela empatia com os personagens e pelo envolvimento das músicas e da aventura amorosa. Uma pena que é um filme que ficou meio que esquecido, nunca tendo sido lançado em DVD. Mas, marcou a minha infância e com certeza a de muitas outras pessoas.
A Princesa e o Robô (A Princesa e o Robô, 1983 / Brasil)
Direção: Maurício de Sousa
Roteiro: Maurício de Sousa, Itsuo Nakashima e José Márcio Nicolosi
Duração: 93 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
A Princesa e o Robô
2013-03-03T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
animacao|cinema brasileiro|critica|filme brasileiro|Maurício de Sousa|
Assinar:
Postar comentários (Atom)
cadastre-se
Inscreva seu email aqui e acompanhe
os filmes do cinema com a gente:
os filmes do cinema com a gente:
No Cinema podcast
anteriores deste site
mais populares do site
-
King Richard: Criando Campeãs (2021), dirigido por Reinaldo Marcus Green , é mais do que apenas uma cinebiografia : é um retrato emocionalm...
-
Cinema Sherlock Homes O filme de destaque atualmente é esta releitura do clássico do mistério pelas mãos de Guy Ritchie. O ex de Madonna p...
-
Eletrizante é a melhor palavra para definir esse filme de Tony Scott . Que o diretor sabe fazer filmes de ação não é novidade, mas uma tra...
-
O Soterópolis programa cultural da TVE Bahia, fez uma matéria muito interessante sobre blogs baianos. Esta que vos fala deu uma pequena con...
-
Clint Eastwood me conquistou aos poucos. Ele sabe como construir um filme que emociona e, agora, parece ter escolhido Matt Damon como seu ...
-
Olhando para A Múmia (1999), mais de duas décadas após seu lançamento, é fácil perceber como o filme se tornou um marco do final dos anos ...
-
Amor à Queima Roupa (1993), dirigido por Tony Scott e roteirizado por Quentin Tarantino , é um daqueles filmes que, ao longo dos anos, se...
-
Fui ao cinema sem grandes pretensões. Não esperava um novo Matrix, nem mesmo um grande filme de ação. Difícil definir Gamer, que recebeu du...
-
O CinePipocaCult adverte: se você sofre de claustrofobia, síndrome do pânico ou problemas cardíacos é melhor evitar esse filme. Brincadeiras...