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Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos
Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos
Um título que cai como uma luva para um dos mais divertidos filmes de Pedro Almodóvar. Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos é isso, mulheres em colapso por problemas amorosos e entraves da vida. E, no meio delas, um ainda jovem Antonio Banderas, cujo personagem também é afeito à atitudes intempestivas.
Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos é uma comédia nonsense que flerta, com muito humor, com o melodrama e a tragicomédia. Tudo gira em torno de Pepa, personagem de Carmen Maura, que está saindo de uma relação com seu colega de trabalho, Iván. Ambos são atores, dubladores e vivem uma relação conturbada, já que Iván é casado e ainda parece ter uma terceira mulher. Já sua esposa, acaba de sair de um manicômio e quer se vingar de Pepa, a amante do marido. Enquanto que o filho do casal, Carlos, vivido por Antonio Banderas, está prestes a se casar e procura um imóvel para alugar, o que o acaba levando para o apartamento de Pepa.
Como se tudo não fosse o suficiente, ainda tem uma amiga de Pepa, que está com problemas por ter namorado um terrorista recém preso. Mas, nada disso tem graça sendo contado assim, tão cartesianamente. O roteiro de Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos não é para ser contado, é para ser vivenciado. Em sua fase mais criativa, Almodóvar abusa das situações nonsenses, dos diálogos irônicos, do jogo de palavras e gestos que nos envolvem de uma maneira única. A história de Pepa é viva, e nos faz rir até de nervoso nos momentos mais estranhos.
E claro, as cores. As famosas cores de Almodóvar aqui exercem o seu papel fundamental. Construir uma sensação de mundo. No jogo das roupas dos personagens, no telefone vermelho, no fogo que consome a cama de Pepa, nos detalhes do cenário. Tudo em um tom a mais, em uma sensação de exagero que vibra em nossa frente. Um frescor de emoções exacerbadas. E nisso, nem coloco o cenário do táxi mambo, que é um personagem à parte.
Pepa acaba pegando esse veículo diversas vezes na trama, com um taxista hilário vivido por Guillermo Montesinos que até autógrafo pega dela. O táxi é um verdadeiro cenário surreal, com direito a remédios, bebidas, penduricalhos diversos e, claro, várias referências ao mambo e à cultura latina. Parece que Pepa entra em um mundo a parte, cada vez que entra naquele veículo. E são divertidas as próprias brincadeiras que faz como quando ela diz: "siga aquele carro". E ele responde que achava que aquilo só acontecia em filme.
Aliás, o próprio perfil de Pepa e Iván serem dubladores de filmes traz um brilho especial para os seus personagens. A voz deles é marcante e ao mesmo tempo é falsa, colocada por cima de rostos que não os representam. Assim como é a própria relação deles. Ainda traz outras brincadeiras como quando a ex-esposa diz que viu um filme na televisão, e o rosto não era de Iván, mas que a voz era, que ela conseguia reconhecer, e que ele dizia: eu te amo.
São esses vários detalhes que deixam Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos tão rico. A música também é pensada com cuidado. A cena da cama pegando fogo com uma música de tourada, mesmo, é ótima. Os detalhes dos diálogos, as referências, as piadas, tudo é construído com muito humor e muita sensibilidade. Almodóvar evoluiu desde então, claro, mas esse humor quase ingênuo de sua primeira fase de carreira continua tendo um brilho especial, e que ele vem perdendo a cada filme que mergulha mais e mais no drama mais intenso.
Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos (Mujeres al borde de un ataque de nervios, 1988, Espanha)
Direção: Pedro Almodóvar
Roteiro: Pedro Almodóvar
Com: Carmen Maura, Antonio Banderas, Julieta Serrano
Duração: 88 min.
Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos é uma comédia nonsense que flerta, com muito humor, com o melodrama e a tragicomédia. Tudo gira em torno de Pepa, personagem de Carmen Maura, que está saindo de uma relação com seu colega de trabalho, Iván. Ambos são atores, dubladores e vivem uma relação conturbada, já que Iván é casado e ainda parece ter uma terceira mulher. Já sua esposa, acaba de sair de um manicômio e quer se vingar de Pepa, a amante do marido. Enquanto que o filho do casal, Carlos, vivido por Antonio Banderas, está prestes a se casar e procura um imóvel para alugar, o que o acaba levando para o apartamento de Pepa.
Como se tudo não fosse o suficiente, ainda tem uma amiga de Pepa, que está com problemas por ter namorado um terrorista recém preso. Mas, nada disso tem graça sendo contado assim, tão cartesianamente. O roteiro de Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos não é para ser contado, é para ser vivenciado. Em sua fase mais criativa, Almodóvar abusa das situações nonsenses, dos diálogos irônicos, do jogo de palavras e gestos que nos envolvem de uma maneira única. A história de Pepa é viva, e nos faz rir até de nervoso nos momentos mais estranhos.
E claro, as cores. As famosas cores de Almodóvar aqui exercem o seu papel fundamental. Construir uma sensação de mundo. No jogo das roupas dos personagens, no telefone vermelho, no fogo que consome a cama de Pepa, nos detalhes do cenário. Tudo em um tom a mais, em uma sensação de exagero que vibra em nossa frente. Um frescor de emoções exacerbadas. E nisso, nem coloco o cenário do táxi mambo, que é um personagem à parte.
Pepa acaba pegando esse veículo diversas vezes na trama, com um taxista hilário vivido por Guillermo Montesinos que até autógrafo pega dela. O táxi é um verdadeiro cenário surreal, com direito a remédios, bebidas, penduricalhos diversos e, claro, várias referências ao mambo e à cultura latina. Parece que Pepa entra em um mundo a parte, cada vez que entra naquele veículo. E são divertidas as próprias brincadeiras que faz como quando ela diz: "siga aquele carro". E ele responde que achava que aquilo só acontecia em filme.
Aliás, o próprio perfil de Pepa e Iván serem dubladores de filmes traz um brilho especial para os seus personagens. A voz deles é marcante e ao mesmo tempo é falsa, colocada por cima de rostos que não os representam. Assim como é a própria relação deles. Ainda traz outras brincadeiras como quando a ex-esposa diz que viu um filme na televisão, e o rosto não era de Iván, mas que a voz era, que ela conseguia reconhecer, e que ele dizia: eu te amo.
São esses vários detalhes que deixam Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos tão rico. A música também é pensada com cuidado. A cena da cama pegando fogo com uma música de tourada, mesmo, é ótima. Os detalhes dos diálogos, as referências, as piadas, tudo é construído com muito humor e muita sensibilidade. Almodóvar evoluiu desde então, claro, mas esse humor quase ingênuo de sua primeira fase de carreira continua tendo um brilho especial, e que ele vem perdendo a cada filme que mergulha mais e mais no drama mais intenso.
Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos (Mujeres al borde de un ataque de nervios, 1988, Espanha)
Direção: Pedro Almodóvar
Roteiro: Pedro Almodóvar
Com: Carmen Maura, Antonio Banderas, Julieta Serrano
Duração: 88 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos
2013-03-27T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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