Home
critica
Elizabeth Blackmore
Fede Alvarez
Jane Levy
Jessica Lucas
Lou Taylor Pucci
Shiloh Fernandez
terror
A Morte do Demônio
A Morte do Demônio
Antes de mais nada, é preciso deixar uma coisa clara, A Morte do Demônio é um filme de horror, não de terror. Poucos são os sustos e as cenas que nos dão medo, ao contrário da profusão de sangue, vômitos, cicatrizes e outros detalhes que nos deixam inquietos na cadeira. Ao contrário do que promete o trailer, essa nova versão também tem um tom trash, ainda que em doses menores que o clássico de Sam Raimi da década de 80. Ainda assim, o filme tem seus encantos para os fãs da série, principalmente os créditos finais. E isso não é desmerecendo o resto, mas fique até o final e verá.
Esquecendo o antigo protagonista Ash, o filme se concentra em cinco amigos, Eric, Olivia, David, Natalie e Mia que estão em uma cabana para ajudar esta última a se livrar do vício em drogas. Olivia é enfermeira e acredita que pode dar conta das crises de abstinência da garota, enquanto eles tiram essa espécie de férias forçadas no meio do mato. O problema é que durante a crise de Mia, eles acabam descobrindo um porão na casa onde coisas estranhas são encontradas, inclusive um livro que não deveria ser lido.
Portas abertas para o demônio, o filme se joga em uma sequência de cenas de horror explícito, muita agonia e pouco embasamento. É interessante como o que vai acontecendo com os garotos oscila entre o trash e o horror mais genuíno. A cena em que Mia é possuída na beira do lago é impressionante. A metáfora da própria situação de dependente química, as alucinações possíveis pela abstinência e todas as questões que envolvem a possessão também são bem realizadas. Mas, a personagem Olivia, por exemplo, é um ponto que falta embasamento. A cena dela no banheiro é das mais bizarras na trama.
E nem vou me aprofundar muito na questão do Eric. Por mais curioso que seja o cara, a forma como ele insiste em burlar os avisos do livro e vai decifrando as questões é irritante. E fica ilógico que tão rapidamente ele relacione os acontecimentos a isso. Afinal, uma pessoa em sã consciência ler avisos de que não deve ler um livro, livro esse que já encontrou da forma como encontrou, ter que usar de técnicas investigativas para descobrir as palavras-chaves e ainda pronunciá-las tão displicentemente em voz alta, essa pessoa não pode acreditar em sobrenatural. Se ela é cética e tem uma mente científica, não é no primeiro indício que se torna um crente. Eric, então, procuraria alguma outra explicação lógica antes de afirmar que "a culpa é do livro".
Mas, tudo bem. Alguns podem alegar que isso também faz parte dos filmes de terror e que sem isso não teria história. Aliás, o prólogo do filme já nos dá uma sensação de que não precisa mesmo de história já que vemos o ritual da "morte" do demônio. Esse prólogo serve também para um momento de flashback completamente desnecessário na trama, quando David diz: "alguma coisa queimou aqui". Aquilo só faria sentido se fosse para os personagens verem o que aconteceu, já que a gente tinha acabado de testemunhar aquilo. Fica didático e tolo, até.
Mas, apesar de todos os clichês e coisas mal explicadas, a trama arrasta em boa parte da projeção. Mas A Morte do Demônio tem uma qualidade louvável: a reviravolta. A forma como ato final da trama se desenvolve é um bálsamo para uma história que parecia fadada ao fracasso. Talvez por isso, tanta gente saia satisfeita do cinema. A sensação final acaba valendo. Era o que os espectadores estavam buscando. Aí você consegue se assustar, ficar tenso, com medo e ainda se divertir com referências. É surpreendente e inteligente. Isso sem falar em alguns presentes para os fãs da série original.
A Morte do Demônio é um filme para quem tem paciência. É difícil embarcar no início, é irritante algumas coisas que acontecem. Não tem explicação algumas escolhas. Mas, no final, há uma recompensa. Não torna o filme a melhor estreia do ano, nem mesmo o melhor terror do ano, mas brinca com expectativas e nostalgias. E se você é fã da série original, uma dica, fique até o final dos créditos. Além dos próprios créditos serem muito bons, com imagens de sangue e outros efeitos gráficos, tem algumas surpresas esperando por vocês. Divirtam-se.
A Morte do Demônio (Evil Dead, 2013 / EUA)
Direção: Fede Alvarez
Roteiro: Fede Alvarez e Rodo Sayagues
Com: Jane Levy, Shiloh Fernandez, Lou Taylor Pucci, Jessica Lucas e Elizabeth Blackmore
Duração: 91 min.
Esquecendo o antigo protagonista Ash, o filme se concentra em cinco amigos, Eric, Olivia, David, Natalie e Mia que estão em uma cabana para ajudar esta última a se livrar do vício em drogas. Olivia é enfermeira e acredita que pode dar conta das crises de abstinência da garota, enquanto eles tiram essa espécie de férias forçadas no meio do mato. O problema é que durante a crise de Mia, eles acabam descobrindo um porão na casa onde coisas estranhas são encontradas, inclusive um livro que não deveria ser lido.
Portas abertas para o demônio, o filme se joga em uma sequência de cenas de horror explícito, muita agonia e pouco embasamento. É interessante como o que vai acontecendo com os garotos oscila entre o trash e o horror mais genuíno. A cena em que Mia é possuída na beira do lago é impressionante. A metáfora da própria situação de dependente química, as alucinações possíveis pela abstinência e todas as questões que envolvem a possessão também são bem realizadas. Mas, a personagem Olivia, por exemplo, é um ponto que falta embasamento. A cena dela no banheiro é das mais bizarras na trama.
E nem vou me aprofundar muito na questão do Eric. Por mais curioso que seja o cara, a forma como ele insiste em burlar os avisos do livro e vai decifrando as questões é irritante. E fica ilógico que tão rapidamente ele relacione os acontecimentos a isso. Afinal, uma pessoa em sã consciência ler avisos de que não deve ler um livro, livro esse que já encontrou da forma como encontrou, ter que usar de técnicas investigativas para descobrir as palavras-chaves e ainda pronunciá-las tão displicentemente em voz alta, essa pessoa não pode acreditar em sobrenatural. Se ela é cética e tem uma mente científica, não é no primeiro indício que se torna um crente. Eric, então, procuraria alguma outra explicação lógica antes de afirmar que "a culpa é do livro".
Mas, tudo bem. Alguns podem alegar que isso também faz parte dos filmes de terror e que sem isso não teria história. Aliás, o prólogo do filme já nos dá uma sensação de que não precisa mesmo de história já que vemos o ritual da "morte" do demônio. Esse prólogo serve também para um momento de flashback completamente desnecessário na trama, quando David diz: "alguma coisa queimou aqui". Aquilo só faria sentido se fosse para os personagens verem o que aconteceu, já que a gente tinha acabado de testemunhar aquilo. Fica didático e tolo, até.
Mas, apesar de todos os clichês e coisas mal explicadas, a trama arrasta em boa parte da projeção. Mas A Morte do Demônio tem uma qualidade louvável: a reviravolta. A forma como ato final da trama se desenvolve é um bálsamo para uma história que parecia fadada ao fracasso. Talvez por isso, tanta gente saia satisfeita do cinema. A sensação final acaba valendo. Era o que os espectadores estavam buscando. Aí você consegue se assustar, ficar tenso, com medo e ainda se divertir com referências. É surpreendente e inteligente. Isso sem falar em alguns presentes para os fãs da série original.
A Morte do Demônio é um filme para quem tem paciência. É difícil embarcar no início, é irritante algumas coisas que acontecem. Não tem explicação algumas escolhas. Mas, no final, há uma recompensa. Não torna o filme a melhor estreia do ano, nem mesmo o melhor terror do ano, mas brinca com expectativas e nostalgias. E se você é fã da série original, uma dica, fique até o final dos créditos. Além dos próprios créditos serem muito bons, com imagens de sangue e outros efeitos gráficos, tem algumas surpresas esperando por vocês. Divirtam-se.
A Morte do Demônio (Evil Dead, 2013 / EUA)
Direção: Fede Alvarez
Roteiro: Fede Alvarez e Rodo Sayagues
Com: Jane Levy, Shiloh Fernandez, Lou Taylor Pucci, Jessica Lucas e Elizabeth Blackmore
Duração: 91 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
A Morte do Demônio
2013-04-20T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
critica|Elizabeth Blackmore|Fede Alvarez|Jane Levy|Jessica Lucas|Lou Taylor Pucci|Shiloh Fernandez|terror|
Assinar:
Postar comentários (Atom)
cadastre-se
Inscreva seu email aqui e acompanhe
os filmes do cinema com a gente:
os filmes do cinema com a gente:
No Cinema podcast
anteriores deste site
mais populares do site
-
Desde o lançamento da aclamada trilogia O Senhor dos Anéis , Hollywood tem buscado incessantemente reproduzir o sucesso do gênero de fantasi...
-
E na nossa cobertura do FICI - Festival Internacional de Cinema Infantil , mais uma vez pudemos conferir uma sessão de dublagem ao vivo . Ou...
-
Para prestigiar o Oscar de Natalie Portman vamos falar de outro papel que lhe rendeu um Globo de Ouro e uma indicação ao Oscar em 2004. Clos...
-
Raquel Pacheco seria apenas mais uma mulher brasileira a exercer a profissão mais antiga do mundo se não tivesse tido uma ideia, na época i...
-
Deus é Brasileiro , dirigido por Cacá Diegues , é uma comédia que parte de uma premissa inusitada: o Todo-Poderoso, interpretado por Antôni...
-
Super Mario Bros. - O Filme (2023) traz à tona um fenômeno que transcende gerações e reflete o legado da Nintendo no mundo dos videogames....
-
Entre os dias 24 e 28 de julho, Salvador respira cinema com a sétima edição da Mostra Lugar de Mulher é no Cinema. E nessa edição, a propost...
-
Extermínio (2002), dirigido por Danny Boyle , é uma reinterpretação do gênero de filmes de zumbis que revitaliza as convenções estabeleci...
-
Quando Twister chegou às telas em 1996, trouxe consigo um turbilhão de expectativas e adrenalina. Sob a direção de Jan de Bont , conhecido ...