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MamaUm dos maiores problemas de Mama é ser uma adaptação de um curta-metragem. A ideia de uma mãe assustadora, um monstro, um fantasma "cuidando" de suas crianças parecia ótimo. O filmete de Andrés Muschietti é mesmo assustador. Mas, ao tentar explicar isso em um filme de longa duração, muitos equívocos aconteceram. Ainda assim, a tensão é grande e ficamos um bom tempo com medo das paredes.

A trama gira em torno das irmãs Victoria e Lilly, interpretadas de maneira impressionante pelas atrizes mirins Megan Charpentier e Isabelle Nélisse, respectivamente. Órfãs, elas viveram por cinco anos em uma cabana no meio do mato, até que os investigadores de seu tio as encontram em situação deplorável. As meninas vão morar na casa do tio, irmão de seu pai, e da namorada dele, Annabel, vivida por Jessica Chastain em uma atuação muito melhor que em A Hora Mais Escura em minha opinião. Nikolaj Coster-Waldau faz o tio e pai das meninas, que eram gêmeos, e ajuda a criar um certo elo com elas na nova fase.

MamaO maior problema do roteiro foi criar duas tramas paralelas para explicar a origem das meninas e da Mama. Uma construção única, além de mais simples, tornaria as explicações mais plausíveis e até mesmo um desenvolvimento mais orgânico para tudo. Do jeito que se apresenta, além de pontas soltas, temos muita coisa mal explicada, ou sem explicação nenhuma. Nos dando a sensação de que o roteiro é apenas uma desculpa para uma sucessão de sustos e sequências de tensão intensa. Ainda assim, os créditos iniciais dão um embasamento interessante à trama, mostrando de maneira simples como foram os cincos anos em que elas viveram "sozinhas" naquela cabana.

Porque nesse está o mérito de Mama. Na construção do suspense e no medo que desperta nas plateias. Mesmo que utilizando todas as cartilhas do gênero, com muitos recursos clichês, Andrés Muschietti consegue nos deixar com os olhos grudados na tela, tensos e levando diversos sustos. É impressionante como nosso inconsciente acostumado a esse tipo de filme nos alerta para o susto que está por vir e ainda assim, saltamos da cadeira em diversos momentos.

MamaTemos, inclusive, uma cena clássica com tudo escuro e um flash de uma câmera sendo disparado para nos mostrar apenas pedaços do local que vai ficando ainda mais perigoso a cada disparo. Até, claro, revelar o monstro. Isso já foi utilizado até no péssimo Apollo 18. E mesmo assim, é uma das melhores cenas do filme. Outra cena muito boa é quando Annabel entra no quarto das meninas e toma um susto com um vulto em um dos cantos, dizendo em seguida: "Que susto, Lilly". A forma como Andrés Muschietti brinca com o público, revelando aos poucos o que a personagem não percebeu, é muito bem feito. Digno dos manuais de Hitchcock.

MamaAliás, Lilly é protagonista de grandes momentos do filme. A começar pela construção corporal da pequena atriz. A cena em que ela entra na casa escondida atrás da irmã Victoria é incrível. Assim como seu olhar de encanto a cada vez que vê a Mama. Ou mesmo quando, displicentemente brinca com um vulto na parede. Isso sem falar na cena em que Annabel tenta consolá-la segurando sua mão. Tudo muito delicado. Até por isso, uma determinada sequência que inclui o curta no longa, se torna estranha, fora de contexto e que, talvez, só seja explicada como um sonho.

De qualquer maneira, essa não seria a única ponta solta da trama, que tem muitas. Algumas tão inexplicáveis que inviabilizaria a própria história do filme. Tudo é muito tolo e sem sentido, verdade, mas construído de uma maneira tão envolvente que acabamos embarcando naquilo. Ao final, fica uma sensação de medo e diversão, apesar das inúmeras perguntas sem resposta.



Mama (Mama, 2013 / Espanha / Canadá)
Direção: Andrés Muschietti
Roteiro: Neil Cross, Andrés Muschietti e Barbara Muschietti
Com: Jessica Chastain, Nikolaj Coster-Waldau, Megan Charpentier, Isabelle Nélisse
Duração: 100 min.

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