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Memória Filmada de uma Saudade Eterna
Memória Filmada de uma Saudade Eterna
Carla Laudari é o que se pode dizer, verdadeiramente, a autora de Memória Filmada de uma Saudade Eterna, longametragem documental que teve pré-estreia em Salvador no dia 08 de Abril de 2013. Além de roteirista, diretora, fotógrafa, produtora e montadora da obra, sua alma está em tela. É um filme extremamente autoral, pessoal, familiar e ao mesmo tempo, com um sentimento universal: a saudade.
Vivendo por oito anos em Barcelona, onde fez amigos, trabalhou, vivenciou outra cultura e ajudou a construir uma espécie de gueto brasileiro, Carla Laudari foi registrando os momentos em imagens. A princípio não havia mesmo nenhum foco, só depois, ela resolveu entrevistas os amigos para falar um pouco sobre essa situação de um brasileiro vivendo fora do seu país, a sensação de não pertencimento a um lugar, ao mesmo tempo em que a mente se abre para o mundo. Um dos entrevistados chega a resumir que "é outra visão de mundo quando você experimenta o mundo". E é verdade.
Pelo menos, parece verdade diante da profusão de imagens que Carla pincela em tela. O roteiro é bastante feliz ao costurar essas memórias, com suas próprias memórias de infância, nas imagens que seu pai fazia questão de registrar. Por isso, um dos momentos mais interessantes do filme é quando esse mesmo pai vai à Barcelona e filma a casa da Carla, que na montagem, vai ilustrando cada espaço com diversos outros momentos que aconteceram naquele mesmo lugar. O jogo cíclico construído é bem interessante. Jogo este que pontua todo o documentário, principalmente pela narração inicial e final que se invertem. Quer dizer, o que parecia ser o final, pois se tem algo a ser apontado negativamente nesta empreitada é o fato do filme se alongar mais do que deveria. Talvez pelo próprio apego de sua realizadora que afirma ter tido consciência de que terminar o filme era assumir que Barcelona tinha ficado para trás.
Mas, isso não chega a manchar o sentimento que conseguimos vivenciar mesmo nunca tendo posto os pés em Barcelona. Porque Memória Filmada de uma Saudade Eterna consegue despertar em nós as nossas próprias lembranças. Aqueles momentos que temos guardados e gostaríamos que fosse eterno. E que se pudéssemos traríamos de volta, nem que fosse por apenas mais uns instantes. Não é por acaso que o ser humano gosta tanto de tirar fotografias. Essa ilusão de captura do instante a ser eternizado.
E essa emoção foi que predominou no dia da pré-estreia. Estavam ali amigos, parentes, alguns dos entrevistados, mas, também o público em geral, curiosos, pessoas diversas que puderam embarcar nessa viagem interna com uma linguagem universal. A montagem bastante picotada, com inúmeras referências que não se tornam piegas. A trilha que embala de maneira tão precisa tudo aquilo. Foi interessante ver tudo aquilo rodeado por parentes da diretora, que tinham reações diversas a cada imagem que surgia na tela, principalmente, do passado. Mas, que também conseguia construir comigo, por exemplo, algum tipo de identificação.
O produtor do filme, Amadeu Alban que conversou conosco após a sessão também definiu bem essa busca por uma linguagem universal, que pudesse falar não apenas daqueles brasileiros em Barcelona, mas de qualquer pessoa que tenha tido uma experiência fora do país, ou mesmo qualquer pessoa que tenha saudades de alguém ou alguma coisa. Segundo Amadeu, o maior desafio foi "mergulhar nessas mais de cinquenta horas de material e tirar daí um filme que fosse emocionante, tocante, ter um discurso para além do que era originalmente que era falar de baianos em Barcelona". Principalmente para Carla, que estava tão envolvida em todo o processo.
Amadeu, que também já viveu em Barcelona, ainda que por um curto período, só foi conhecer Carla aqui no Brasil. Mas, se identificou logo com o projeto, não apenas pela experiência já vivida, como por ser descendente de espanhóis, tendo inclusive seus familiares vindo da mesma região (Galícia) que os parentes do marido de Carla. Ele confessou que o primeiro contato que teve com o material lhe deu muita saudade de Barcelona, mas que "poderia ser qualquer cidade, porque o que torna o filme especial é o olhar de Carla".
Ainda segundo, Amadeu, o filme agora deve seguir os circuitos de festival para dar respaldo e depois buscar um espaço nos circuitos, mesmo que alternativo, "porque é um filme muito bonito, que merece ser visto". Apesar disso, o produtor da Movioca vê com entusiasmo o novo momento do audiovisual baiano. Não apenas pelas leis de incentivo que estão cada vez mais presentes, como pela própria abertura de novas janelas para o público entrar em contato com o audiovisual.
Já a autora Carla Laudari, estava muito nervosa e emocionada, chegando a dizer em seu discurso antes da sessão que era mais difícil aquela pré-estreia que fazer o filme em si. De qualquer maneira, Carla disse muito no filme, expôs seu amor e sua saudade não apenas pela cidade de Barcelona, mas por um momento de sua vida. E o momento dela acaba despertando os nossos próprios momentos. É só estar sensível e aberto para isso. Vamos torcer para ele conseguir trilhar um caminho de sucesso e chegar ao maior número de pessoas possível.
Memória Filmada de uma Saudade Eterna
de Carla Laudari
Produção Executiva AMADEU ALBAN E CARLA LAUDARI Trilha Sonora original LUCIANO SALVADOR BAHIA Mixagem NAPOLEÃO CUNHA Finalização WALLACE NOGUEIRA
Vivendo por oito anos em Barcelona, onde fez amigos, trabalhou, vivenciou outra cultura e ajudou a construir uma espécie de gueto brasileiro, Carla Laudari foi registrando os momentos em imagens. A princípio não havia mesmo nenhum foco, só depois, ela resolveu entrevistas os amigos para falar um pouco sobre essa situação de um brasileiro vivendo fora do seu país, a sensação de não pertencimento a um lugar, ao mesmo tempo em que a mente se abre para o mundo. Um dos entrevistados chega a resumir que "é outra visão de mundo quando você experimenta o mundo". E é verdade.
Pelo menos, parece verdade diante da profusão de imagens que Carla pincela em tela. O roteiro é bastante feliz ao costurar essas memórias, com suas próprias memórias de infância, nas imagens que seu pai fazia questão de registrar. Por isso, um dos momentos mais interessantes do filme é quando esse mesmo pai vai à Barcelona e filma a casa da Carla, que na montagem, vai ilustrando cada espaço com diversos outros momentos que aconteceram naquele mesmo lugar. O jogo cíclico construído é bem interessante. Jogo este que pontua todo o documentário, principalmente pela narração inicial e final que se invertem. Quer dizer, o que parecia ser o final, pois se tem algo a ser apontado negativamente nesta empreitada é o fato do filme se alongar mais do que deveria. Talvez pelo próprio apego de sua realizadora que afirma ter tido consciência de que terminar o filme era assumir que Barcelona tinha ficado para trás.
Mas, isso não chega a manchar o sentimento que conseguimos vivenciar mesmo nunca tendo posto os pés em Barcelona. Porque Memória Filmada de uma Saudade Eterna consegue despertar em nós as nossas próprias lembranças. Aqueles momentos que temos guardados e gostaríamos que fosse eterno. E que se pudéssemos traríamos de volta, nem que fosse por apenas mais uns instantes. Não é por acaso que o ser humano gosta tanto de tirar fotografias. Essa ilusão de captura do instante a ser eternizado.
E essa emoção foi que predominou no dia da pré-estreia. Estavam ali amigos, parentes, alguns dos entrevistados, mas, também o público em geral, curiosos, pessoas diversas que puderam embarcar nessa viagem interna com uma linguagem universal. A montagem bastante picotada, com inúmeras referências que não se tornam piegas. A trilha que embala de maneira tão precisa tudo aquilo. Foi interessante ver tudo aquilo rodeado por parentes da diretora, que tinham reações diversas a cada imagem que surgia na tela, principalmente, do passado. Mas, que também conseguia construir comigo, por exemplo, algum tipo de identificação.
O produtor do filme, Amadeu Alban que conversou conosco após a sessão também definiu bem essa busca por uma linguagem universal, que pudesse falar não apenas daqueles brasileiros em Barcelona, mas de qualquer pessoa que tenha tido uma experiência fora do país, ou mesmo qualquer pessoa que tenha saudades de alguém ou alguma coisa. Segundo Amadeu, o maior desafio foi "mergulhar nessas mais de cinquenta horas de material e tirar daí um filme que fosse emocionante, tocante, ter um discurso para além do que era originalmente que era falar de baianos em Barcelona". Principalmente para Carla, que estava tão envolvida em todo o processo.
Amadeu, que também já viveu em Barcelona, ainda que por um curto período, só foi conhecer Carla aqui no Brasil. Mas, se identificou logo com o projeto, não apenas pela experiência já vivida, como por ser descendente de espanhóis, tendo inclusive seus familiares vindo da mesma região (Galícia) que os parentes do marido de Carla. Ele confessou que o primeiro contato que teve com o material lhe deu muita saudade de Barcelona, mas que "poderia ser qualquer cidade, porque o que torna o filme especial é o olhar de Carla".
Ainda segundo, Amadeu, o filme agora deve seguir os circuitos de festival para dar respaldo e depois buscar um espaço nos circuitos, mesmo que alternativo, "porque é um filme muito bonito, que merece ser visto". Apesar disso, o produtor da Movioca vê com entusiasmo o novo momento do audiovisual baiano. Não apenas pelas leis de incentivo que estão cada vez mais presentes, como pela própria abertura de novas janelas para o público entrar em contato com o audiovisual.
Já a autora Carla Laudari, estava muito nervosa e emocionada, chegando a dizer em seu discurso antes da sessão que era mais difícil aquela pré-estreia que fazer o filme em si. De qualquer maneira, Carla disse muito no filme, expôs seu amor e sua saudade não apenas pela cidade de Barcelona, mas por um momento de sua vida. E o momento dela acaba despertando os nossos próprios momentos. É só estar sensível e aberto para isso. Vamos torcer para ele conseguir trilhar um caminho de sucesso e chegar ao maior número de pessoas possível.
Memória Filmada de uma Saudade Eterna
de Carla Laudari
Produção Executiva AMADEU ALBAN E CARLA LAUDARI Trilha Sonora original LUCIANO SALVADOR BAHIA Mixagem NAPOLEÃO CUNHA Finalização WALLACE NOGUEIRA
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Memória Filmada de uma Saudade Eterna
2013-04-14T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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