
Vivendo por oito anos em Barcelona, onde fez amigos, trabalhou, vivenciou outra cultura e ajudou a construir uma espécie de gueto brasileiro, Carla Laudari foi registrando os momentos em imagens. A princípio não havia mesmo nenhum foco, só depois, ela resolveu entrevistas os amigos para falar um pouco sobre essa situação de um brasileiro vivendo fora do seu país, a sensação de não pertencimento a um lugar, ao mesmo tempo em que a mente se abre para o mundo. Um dos entrevistados chega a resumir que "é outra visão de mundo quando você experimenta o mundo". E é verdade.
Pelo menos, parece verdade diante da profusão de imagens que Carla pincela em tela. O roteiro é bastante feliz ao costurar essas memórias, com suas próprias memórias de infância, nas imagens que seu pai fazia questão de registrar. Por isso, um dos momentos mais interessantes do filme é quando esse mesmo pai vai à Barcelona e filma a casa da Carla, que na montagem, vai ilustrando cada espaço com diversos outros momentos que aconteceram naquele mesmo lugar. O jogo cíclico construído é bem interessante. Jogo este que pontua todo o documentário, principalmente pela narração inicial e final que se invertem. Quer dizer, o que parecia ser o final, pois se tem algo a ser apontado negativamente nesta empreitada é o fato do filme se alongar mais do que deveria. Talvez pelo próprio apego de sua realizadora que afirma ter tido consciência de que terminar o filme era assumir que Barcelona tinha ficado para trás.

E essa emoção foi que predominou no dia da pré-estreia. Estavam ali amigos, parentes, alguns dos entrevistados, mas, também o público em geral, curiosos, pessoas diversas que puderam embarcar nessa viagem interna com uma linguagem universal. A montagem bastante picotada, com inúmeras referências que não se tornam piegas. A trilha que embala de maneira tão precisa tudo aquilo. Foi interessante ver tudo aquilo rodeado por parentes da diretora, que tinham reações diversas a cada imagem que surgia na tela, principalmente, do passado. Mas, que também conseguia construir comigo, por exemplo, algum tipo de identificação.

Amadeu, que também já viveu em Barcelona, ainda que por um curto período, só foi conhecer Carla aqui no Brasil. Mas, se identificou logo com o projeto, não apenas pela experiência já vivida, como por ser descendente de espanhóis, tendo inclusive seus familiares vindo da mesma região (Galícia) que os parentes do marido de Carla. Ele confessou que o primeiro contato que teve com o material lhe deu muita saudade de Barcelona, mas que "poderia ser qualquer cidade, porque o que torna o filme especial é o olhar de Carla".

Já a autora Carla Laudari, estava muito nervosa e emocionada, chegando a dizer em seu discurso antes da sessão que era mais difícil aquela pré-estreia que fazer o filme em si. De qualquer maneira, Carla disse muito no filme, expôs seu amor e sua saudade não apenas pela cidade de Barcelona, mas por um momento de sua vida. E o momento dela acaba despertando os nossos próprios momentos. É só estar sensível e aberto para isso. Vamos torcer para ele conseguir trilhar um caminho de sucesso e chegar ao maior número de pessoas possível.

Memória Filmada de uma Saudade Eterna
de Carla Laudari
Produção Executiva AMADEU ALBAN E CARLA LAUDARI Trilha Sonora original LUCIANO SALVADOR BAHIA Mixagem NAPOLEÃO CUNHA Finalização WALLACE NOGUEIRA
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