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O Grande Truque
O Grande Truque
É de se impressionar que esse filme de Christopher Nolan tenha tido tão pouca repercussão quando foi lançado em 2006. Mais do que isso, que tenha perdido espaço para O Ilusionista de Neil Burger. que não é um filme ruim, é verdade. Mas, a trama de O Grande Truque é superior na construção do roteiro e nas reviravoltas que esconde.
No filme, Christian Bale e Hugh Jackman são dois mágicos iniciantes que disputam truque a truque o título de melhor. O personagem de Bale, Alfred Borden, é mais perspicaz e observador. Enquanto que o de Hugh Jackman, Robert Angier, tem mais presença de palco. Ambos poderiam se complementar e ter uma carreira brilhante, mas um acidente acaba os tornando inimigos mortais. E em vez de se ajudarem, eles gastam seu tempo tentando destruir um ao outro.
Tal qual boa parte dos filmes de Nolan, O Grande Truque não possui uma narrativa linear. A estrutura do roteiro tem algumas chaves como os diários dos dois mágicos que são lidos em épocas diferentes por seu adversário, mas há ainda mais misturas, a começar pela cena de abertura que nos deixa perdidos no meio daquela possível tragédia. Aos poucos, vamos juntando as peças e somos levados a crer que é possível desvendar todos os mistérios daquela trama, mas Nolan está sempre nos surpreendendo como um bom espetáculo de mágica.
Aliás, o título do filme se refere ao terceiro ato do show. Segundo o personagem de Michael Caine nos explica por duas vezes, todo show de mágica é composto por três atos. Tal qual qualquer narrativa dramática, diga-se de passagem. O primeiro ato é a promessa, quando mostramos um objeto comum, algo teoricamente cotidiano. O segundo ato é a virada, quando o comum se torna incomum. E o terceiro ato é O Grande Truque, quando algo espetacular é revelado. Pois não basta sumir com uma coisa, é preciso trazê-la de volta. Aí é que está o espetáculo.
Uma coisa que chama a atenção na construção dos personagens e do roteiro é que apesar de alguns indícios, Nolan não entrega seu protagonista tão facilmente. Por mais que a cena inicial denote um fato, durante boa parte da narrativa vamos sendo levados de um lado ao outro, em um jogo de confusão onde a cada momento, vemos o ponto de vista de um dos dois personagens. Afinal, de quem gostamos? Por quem torcemos? E no final, é genial a forma como somos levados a crer que chegamos no ponto e somos novamente surpreendidos. Não dá para ser explícita sem entregar o jogo, por isso, melhor ficar por aqui.
E os dois atores que Nolan tem em mãos ajudam nessa construção ambígua. Tanto Christian Bale, quanto Hugh Jackman conseguem nos envolver e convencer de seus motivos. Suas interpretações são intensas, a raiva é forte, a tensão é grande. E ao mesmo tempo em que os dois personagens nos parecem ter motivos justos para tanto rancor, ambos também são capazes de planos mesquinhos que nos deixam irritados. Não há um vilão e um mocinho. São dois homens igualmente admiráveis e desprezíveis.
A tensão entre eles é tanta que os coadjuvantes são mesmo coadjuvantes, ainda que Michael Caine tenha uma participação fundamental. Rebecca Hall e Scarlett Johansson tão o toque feminino à disputa que, aliás, começa com uma terceira peça do mesmo sexo, vivida por Piper Perabo, porém não pelos motivos que vocês estão imaginando. Mas, nossas atenções estão mesmo concentradas nos dois personagens, tanto que acabamos deixando passar alguns detalhes, algumas pistas muito claras, principalmente nas observações da personagem Sarah Borden (Rebecca Hall).
O Grande Truque é, então, um grande filme. Uma obra instigante, com momentos de tensão e revelação igualmente envolventes. Daqueles filmes que fica na cabeça ainda um bom tempo, nos fazendo pensar como nos deixamos ser enganados e como adoramos isso. Tal qual um bom número de mágica. Mais uma vez, uma pena que tenha ficado na sombra de O Ilusionista, filme lançando na mesma época com temática parecida.
O Grande Truque (The Prestige, 2006 / EUA)
Direção: Christopher Nolan
Roteiro: Christopher Nolan e Jonathan Nolan
Com: Christian Bale, Hugh Jackman, Scarlett Johansson, Michael Caine e Rebecca Hall
Duração: 130 min.
No filme, Christian Bale e Hugh Jackman são dois mágicos iniciantes que disputam truque a truque o título de melhor. O personagem de Bale, Alfred Borden, é mais perspicaz e observador. Enquanto que o de Hugh Jackman, Robert Angier, tem mais presença de palco. Ambos poderiam se complementar e ter uma carreira brilhante, mas um acidente acaba os tornando inimigos mortais. E em vez de se ajudarem, eles gastam seu tempo tentando destruir um ao outro.
Tal qual boa parte dos filmes de Nolan, O Grande Truque não possui uma narrativa linear. A estrutura do roteiro tem algumas chaves como os diários dos dois mágicos que são lidos em épocas diferentes por seu adversário, mas há ainda mais misturas, a começar pela cena de abertura que nos deixa perdidos no meio daquela possível tragédia. Aos poucos, vamos juntando as peças e somos levados a crer que é possível desvendar todos os mistérios daquela trama, mas Nolan está sempre nos surpreendendo como um bom espetáculo de mágica.
Aliás, o título do filme se refere ao terceiro ato do show. Segundo o personagem de Michael Caine nos explica por duas vezes, todo show de mágica é composto por três atos. Tal qual qualquer narrativa dramática, diga-se de passagem. O primeiro ato é a promessa, quando mostramos um objeto comum, algo teoricamente cotidiano. O segundo ato é a virada, quando o comum se torna incomum. E o terceiro ato é O Grande Truque, quando algo espetacular é revelado. Pois não basta sumir com uma coisa, é preciso trazê-la de volta. Aí é que está o espetáculo.
Uma coisa que chama a atenção na construção dos personagens e do roteiro é que apesar de alguns indícios, Nolan não entrega seu protagonista tão facilmente. Por mais que a cena inicial denote um fato, durante boa parte da narrativa vamos sendo levados de um lado ao outro, em um jogo de confusão onde a cada momento, vemos o ponto de vista de um dos dois personagens. Afinal, de quem gostamos? Por quem torcemos? E no final, é genial a forma como somos levados a crer que chegamos no ponto e somos novamente surpreendidos. Não dá para ser explícita sem entregar o jogo, por isso, melhor ficar por aqui.
E os dois atores que Nolan tem em mãos ajudam nessa construção ambígua. Tanto Christian Bale, quanto Hugh Jackman conseguem nos envolver e convencer de seus motivos. Suas interpretações são intensas, a raiva é forte, a tensão é grande. E ao mesmo tempo em que os dois personagens nos parecem ter motivos justos para tanto rancor, ambos também são capazes de planos mesquinhos que nos deixam irritados. Não há um vilão e um mocinho. São dois homens igualmente admiráveis e desprezíveis.
A tensão entre eles é tanta que os coadjuvantes são mesmo coadjuvantes, ainda que Michael Caine tenha uma participação fundamental. Rebecca Hall e Scarlett Johansson tão o toque feminino à disputa que, aliás, começa com uma terceira peça do mesmo sexo, vivida por Piper Perabo, porém não pelos motivos que vocês estão imaginando. Mas, nossas atenções estão mesmo concentradas nos dois personagens, tanto que acabamos deixando passar alguns detalhes, algumas pistas muito claras, principalmente nas observações da personagem Sarah Borden (Rebecca Hall).
O Grande Truque é, então, um grande filme. Uma obra instigante, com momentos de tensão e revelação igualmente envolventes. Daqueles filmes que fica na cabeça ainda um bom tempo, nos fazendo pensar como nos deixamos ser enganados e como adoramos isso. Tal qual um bom número de mágica. Mais uma vez, uma pena que tenha ficado na sombra de O Ilusionista, filme lançando na mesma época com temática parecida.
O Grande Truque (The Prestige, 2006 / EUA)
Direção: Christopher Nolan
Roteiro: Christopher Nolan e Jonathan Nolan
Com: Christian Bale, Hugh Jackman, Scarlett Johansson, Michael Caine e Rebecca Hall
Duração: 130 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
O Grande Truque
2013-04-17T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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