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Pré-Estreia de Meu Pé de Laranja Lima (com entrevista)

Meu Pé de Laranja LimaA equipe do filme Meu Pé de Laranja Lima esteve em Salvador para uma pré-estreia especial apenas para convidados no dia 10 de abril. A produtora Katia Machado, idealizadora do projeto, era a mais emocionada. Segundo ela, esse era um sonho realizado, já que Meu Pé de Laranja Lima foi um livro que marcou a sua infância. Estava presente também Tereza, a avó de João Guilherme Ávila, que segundo o diretor Marcos Bernstein acompanhou toda a filmagem. Ela nasceu em Catu, cidade do interior da Bahia e também estava muito feliz com a estreia do neto.

Mas, foi com o diretor Marcos Bernstein e com o ator João Guilherme Ávila, que interpreta o protagonista Zezé, que pudemos conversar mais demoradamente conhecendo um pouco do processo de criação desse emocionante filme. Vejam abaixo como foi o bate-papo.

João Guilherme Ávila

Meu Pé de Laranja LimaJoão Guilherme Ávila, filho do cantor Leonardo, é um garoto de apenas 11 anos, mas que já sabe o que quer ser quando crescer: ator. Ou melhor, já está realizando seu sonho agora. Depois de participar de um curta-metragem, o garoto encara o seu primeiro longa como o protagonista de uma das histórias mais conhecidas do Brasil. Meu Pé de Laranja Lima já foi filme, já foi novela e agora retorna em mais uma adaptação da obra de José Mauro Vasconcelos.

Como foi fazer esse filme? Você gostou do seu personagem, da história?
- Ah, eu adorei fazer esse filme, porque eu tive ótimas experiências. E também porque eu conheci um elenco muito legal. Não tinha uma pessoa que era mais chatinha, todo mudo era muito legal, eu gostava muito das pessoas. E eu adorei fazer o filme por causa da história, tem algumas cenas que são mais chatinhas de fazer, aí eu pensei, por que eu não estou em um filme de ação, pulando de um prédio? Tenho essas cenas em que eu tenho que chorar, ficar triste. Mas, também tem outras que eu falo, ô, graças a Deus essa cena.

Você leu o livro Meu Pé de Laranja Lima?
- Não, porque a produção pede para a gente não ler, para não influenciar na construção do filme.

Meu Pé de Laranja LimaE como foi a sua relação com o José de Abreu, o Portuga do filme?
- O José de Abreu foi muito muito legal comigo. A gente começou a fazer as cenas e ele é muito bom ator, eu acho. E quando era uma cena com ele, quase sempre eu ia bem. Ele contagiava uma energia que as cenas que está eu e ele são muito boas. Tem algumas cenas que aconteceram coisas engraçadas como a cena em que eu choro embaixo da árvore dele e que ele tava sentado e vinha uma aranha. E tava descendo a aranha em uma teia grandona e ele parado. A gente já tinha percebido que tava descendo uma aranha, mas a gente não fez nada. A aranha tava chegando assim, na mão dele, aí acabou a cena, deu tudo certo e a gente saiu correndo. (nesse momento, João faz um gesto mostrando José de Abreu teria tirado a mão rapidamente após o termino da cena para a aranha não picá-lo).

Você já viu o filme?
- Já, sim.

Gostou de se ver na tela? De seu desempenho?
- Gostei sim.

O que você considera mais importante no filme? O que destacaria?
- Ah, não sei. Mas, eu adoro a cena em que eu tô no aviãozinho. Que estou eu e o meu irmão Luis, o personagem, que aqui fora ele é o Leônidas. E ele é muito fofinho, e as cenas com ele eram muito legais. Então, tinha algumas cenas que eu não conseguia fazer, porque eu começava a rir. A voz dele é bonitinha, é fininha. Mas, essa cena do avião eu acho que ficou muito bonita.

Meu Pé de Laranja LimaVocê já tinha feito um curta, certo? Fazer um longa é muito diferente?
- Muito. Eu achei muito diferente, porque o curta não é tanto equipamento, tantas pessoas no elenco e na produção, além da quantidade do tempo de gravação. O curta que eu fiz, O Vento, demorou quinze dias para gravar e mais vinte dias para ficar tudo pronto. E Meu Pé de Laranja Lima, demorou dois, três meses para ficar pronto e ainda cinco para finalizar.

E você quer ser ator mesmo? Essa é a profissão que você escolheu?
- Eu quero sim, quero ser ator.

Já tem outros projetos em vista?
- Por enquanto não tenho nenhuma oportunidade. Ninguém me deu ainda nenhum convite. Mas eu espero que dêem, porque é o que eu quero fazer.

Então, não quer seguir a música igual a seu pai (o cantor Leonardo)?
- Não, não.

E ele já viu o filme? O que achou?
- Já. Ele adorou.


Marcos Bernstein

Meu Pé de Laranja LimaMarcos Bernstein é diretor e roteirista, com uma carreira mais dedicada ao roteiro, mas que já tem no currículo dois outros longa-metragens na direção. Entre eles, O Outro Lado da Rua, filme com Fernanda Montenegro e Raul Cortez, lançado em 2004. Como roteirista trabalhou em filmes como Central do Brasil, Terra Estrangeiro, Chico Xavier e os ainda não lançados Somos Tão Jovens e Faroeste Caboclo. Tem trabalhos na televisão também colaborando em séries com A Cura e As Brasileiras. Meu Pé de Laranja Lima é mais um projeto que ele assina roteiro e direção.

O que te motivou a fazer Meu Pé de Laranja Lima?
- Na verdade, foi um projeto que iniciou com a produtora, Katia Machado, a gente tinha feito O Outro Lado da Rua juntos. E ela me convidou para fazer o roteiro desse filme. Aí eu fui me seduzindo com a história, principalmente com a fantasia, aquilo foi me encantando ao longo do processo e aí eu quis dirigir. E ela topo.

Escrever ficou pouco para você? Como é essa relação do roteirista e do diretor dentro de você?
- Eu gosto de dirigir. Era uma coisa que eu sempre quis fazer. Eu faço muito roteiro e sei que é difícil fazer um bom roteiro. Eu fui me envolvendo com o roteiro, com essa possibilidade de brincar com a fantasia. Desde O Outro Lado da Rua, já tinha momentos subjetivos em que o personagem se projeta em outras situações. Esse filme agora é muito mais isso. Fazia um certo sentido no que eu estava fazendo. Porque meus filmes são normalmente lineares, poucos personagens e essa subjetividade é um pouco a maneira de quebrar essa linearidade, ou de explorar mais profundamente isso de outra maneira.

Meu Pé de Laranja LimaE é um filme que é basicamente centrado no João. Uma criança que tinha feito apenas um curta. Como foi o processo de preparação dele? Como é dirigir uma criança?
- Ele fez uma preparação de elenco muito bacana, ele ficou umas duas a três semanas sendo preparado. Perto da filmagem ele se reuniu com todos os irmãos, a família e ficaram lá imersos durante duas semanas em uma fazenda se preparando, a gente discutiu um pouco o tom do filme, das cenas, o preparador trabalhava isso. Também preparava para a realidade da filmagem, como aguentar o processo. Então, ele tinha noção da importância do trabalho dele para aquelas cinquenta, cem pessoas que estavam ali. Ele foi muito bacana, de uma maneira geral, estava sempre com uma disposição bacana e tentando sempre contribuir. Como também ele tem um talento natural, tava encaixado, não tinha que fazer cinquenta takes, fazia alguns e já estava indo pro próximo.

Ele me falou que achava que as cenas com José de Abreu, ele rendia mais. Você concorda com isso?
- Não, acho que não. Eu gosto dele de um modo geral. É que as cenas com o José de Abreu ele tem mais diálogo. Como ele não tem uma interação maior com a família. É uma relação problemática, ele não conversa muito com a família. Então, são cenas que ele, por ser criança, não tem como entender que a interação está acontecendo para o que o filme pede. E o Portuga tem um carinho, tem um afeto e tem muito mais diálogo. E aí, parece que está mais. Acho que ele tem uma interpretação muito consistente, então, não vejo dessa forma.

O filme tem muitos momentos de violência com a criança, e percebe-se o seu cuidado em não explicitar muito isso, utilizando sombras, detalhes. Como você vê essa questão?
- É uma situação que é dramática por si só e não precisa pesar a mão para mostrar o peso, a dor, a importância do que está acontecendo. Não fazia sentido ficar com aquele exagero da violência. A ideia é muito mais criar um universo em que você sente o peso do que está acontecendo, sem precisar mostrar. E por outro lado, o Zezé fantasia tudo, inclusive isso. A maneira dele sobreviver é estar apanhando e fazendo que está em outro lugar. Fantasiando que o pai dele está morto. Fantasiando que não está acontecendo. E o filme é meio todo do ponto de vista dele, apesar de não ser uma câmera tão subjetiva. Mas, toda a sensação é meio que do ponto de vista dele mesmo.

Meu Pé de Laranja LimaVocê acha que todo cineasta é um pouco Zezé assim? Tentando passar as suas próprias fantasias?
- Acho que alguns são. Tem alguns que não tem fantasia e poesia nenhuma. E tem uns que tem e tem esse desejo de contar e de encantar.

Mas, você se identifica com isso?
- Eu me identifico com o desejo. O resultado eu não posso avaliar. Mas, o desejo de contar história, seduzir e encantar, claro. É uma delícia quando você consegue isso.

Você é o roteirista de Somos Tão Jovens e Faroeste Caboclo que estreiam também por agora, certo?
- É, engraçado que eu tentei adaptar Eduardo e Mônica quando ele ainda estava vivo, não deu. Aí, agora, aconteceu de vir esses dois, quase um monopólio (risos).

E os dois vão sair quase juntos também.
- Os três. Em menos de um mês e meio, três filmes sendo lançados.

E você já tem algum outro projeto por agora?
- Tem um roteiro que escrevi há um tempo que vai ser filmado esse ano, da família Schürmann, aquela família que viajou pelo mundo. Estamos filmando esse ano. Tem algumas coisas de televisão. E tem também três longas que eu estou captando, tem um que está mais avançado chamado Todo Amor que talvez eu filme o ano que vem. Esse como diretor, o da família Schürmann só como roteirista.

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