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In-Edit 2013 - Parte 3

Festival In-Edit 2013

Vai-Vai: 80 anos nas ruas

(Fernando Capuano. Brasil: 2011)

"Quem nunca viu o samba amanhecer vai no Bexiga pra ver, vai no Bexiga pra ver". Esses versos de Geraldo Filme são os mais cantarolados durante o documentário Vai-Vai: 80 anos nas ruas. Tanto que uma brincadeira no final a transforma em "vai no cinema pra ver". Mas, é uma pena que o que falte no filme seja exatamente música.

Vai-Vai: 80 anos nas ruasTudo começa e termina muito bem, com imagens de observação da quadra, das pessoas, de reações durante a apuração das notas de mais um carnaval. As imagens vibram junto a Vai-Vai e sua história. Mas, o miolo do filme é muito verborrágico. É uma profusão de depoimentos diversos que acaba tornando tudo cansativo. Tem membros da escola, sambistas, pessoas da comunidade, a velha guarda e artistas diversos como Leci Brandão, Eliana, Maria Rita, entre outros. Alguns mangueirenses famosos como Beth Carvalho, Alcione e Ivo Meireles também. Aliás, o documentário gosta de fazer uma comparação direta entre as duas escolas em diversos momentos.

Mas, o samba fica em segundo plano. Apenas com 30 minutos de documentário vamos ouvir a primeira música. E depois só na parte final, teremos novamente. E são esses os melhores momentos. O ensaio da escola de samba, com as brincadeiras de um dos integrantes que se destaca. O clipe final. E a apresentação junto a orquestra comandada por João Carlos Martins, tocando a 5ª Sinfonia de Beethoven.

Vai-Vai: 80 anos nas ruasClaro que é interessante conhecer um pouco mais da escola. Da união de negros e italianos que gerou a boa mistura. Da força de ser uma escola que ainda permanece no centro de São Paulo e que faz seus ensaios nas ruas. Da representação para aquela comunidade como sua própria casa, religião e vida. Religião, por sinal, que também mistura católicos com praticantes de candomblé com a mesma euforia e respeito. Temos depoimentos ótimos como da dupla de crianças, principalmente o garotinho que tem ótimas falas. Ou de Dona Odete, da velha guarda que tem momentos marcantes e divertidos também.

Mas, tanta fala acaba cansando. Poderia ser melhor distribuído com um roteiro mais criativo. Ainda assim, é daqueles filmes que informam e envolvem pelo tema, pela curiosidade e claro, pelo samba. Que mesmo tímido e com pouco espaço bate forte no final, nos fazendo sair cantarolando.



From the Steppes to the city

(Tim Pearce, Sophie Lascelles e Marc Tiley, Reino Unido: 2011)

O que o documentário Vai-Vai: 80 anos nas ruas tem demais, From the Steppes to the city tem de menos. Ainda que a proposta do filme seja de observação no melhor estilo cinema direto, fica faltando informação. É uma cultura diferente da nossa, desconhecida. Então, apenas observar nos deixa com diversas perguntas não respondidas.

From the Steppes to the cityTanto que, ao final do filme, vem uma explicação resumo em texto. From the Steppes to the city se trata de uma jornada de descoberta. Músicos da Mongólia, na China, saem por um trecho do país em busca de suas origens. Toda a projeção intercala a viagem, o acampamento, os locais por onde passam, com cenas nos palcos. Tornando a jornada bastante musical e estética.

From the Steppes to the cityChama a atenção nos letterings finais uma determinada informação: 37 carneiros foram abatidos e consumidos durante esse filme. Existe durante o filme uma imagem forte de um carneiro sendo abatido, demonstrando os detalhes da sofrimento e morte do animal, ao mesmo tempo que há o cuidado dos seus "agressores" em cuidar do processo de maneira limpa e até carinhosa. O animal serve de alimento ao grupo e sua pele de matéria-prima para instrumentos. Por mais que entendamos a situação, da pena do bichinho.

De qualquer maneira, vamos acompanhando a jornada como observadores. Muita coisa interessante, mas também a sensação de repetição em muitos momentos, principalmente de uma determinada música. From the Steppes to the city acaba sendo um primeiro contato com uma cultura que pouco conhecemos e que não deixa de ser curiosa e interessante.



Sunset Strip

(Hans Fjellestad, EUA: 2012)

Na avenida Sunset Boulevard existe um trecho especial de 2,4 Km que é conhecido como Sunset Strip. É a rua que liga Hollywood ao bairro de Beverly Hills e por onde todos os sonhos artísticos passam.

Sunset StripO filme é todo construído com depoimentos de artistas diversos, imagens de arquivo e a ilustração de filmes e séries onde a rua é retratada, como o seriado I Love Lucy. As histórias vão sendo resgatadas destacando o clichê: sexo, drogas e rock n´roll. Mas, é que esse lema nunca se encaixou tão bem quanto na Sunset Strip. Ali estiveram grandes casas de show, hotéis e espaços alternativos culturais.

O filme começa, inclusive com um Festival no meio da rua, onde Slash (ex-Guns n´ Roses) e Fergie (The Black Eyed Peas) se apresentam. Aliás, como observação curiosa é uma boa oportunidade de ver o rosto do guitarrista nos depoimentos do filme, já que ele sempre faz questão de colocar o cabelo na frente.

Sunset StripÉ curioso ver uma reunião de tantos artistas contando suas experiências e tantos outros sendo citados e aparecendo em imagens de arquivo. Um verdadeiro desfile de constelações. Destaque para Sammy Davis Jr., considerado "o rei da strip". E o momento em que é recordado a morte de River Phoenix, com um depoimento emocionado de Johnny Depp.

Outro momento que chama a atenção é o relato da mudança de estilo, quando o heavy metal perde para o rock grunge do Nirvana. Uma espécie de quebra, marco novo no estilo de vida e costumes daquele grupo.

Sunset Strip acaba sendo um grande apanhado de casos e experiências, que nos trazem curiosidades, mas não refletem sobre a importância de tudo aquilo. Nem recria diante do apresentado. Talvez apenas nos créditos, onde uma animação muito boa resume tudo o que vimos em seus 99 minutos.

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