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Terapia de Risco
Terapia de Risco
Enquanto muitos reclamaram da construção impessoal de Contágio, eu defendi. Afinal, o objetivo ali era simular o início de uma epidemia, o espectador não precisava se envolver emocionalmente com algum personagem, mas acompanhar um emaranhado de acontecimentos. Porém, Soderbergh volta a nos apresentar um filme frio e dessa vez, era preciso um maior envolvimento para que Terapia de Risco funcionasse tão bem quanto deveria. Ainda assim, é um filme, no mínimo, curioso.
A trama gira em torno de Emily Taylor (Rooney Mara), uma designer bem sucedida que enfrenta um problema pessoal. Seu marido, vivido por Channing Tatum, está preso e assim que é solto ainda tem dificuldades de se recolocar no mercado. Emily, então, começa a entrar em uma depressão profunda chegando ao ponto de tentar contra a própria vida. É quanto começa a ser tratada pelo psiquiatra Dr. Jonathan Banks, vivido por Jude Law. Sem grandes avanços, Banks vai trocar ideias com a antiga médica de Emily, a Dra. Victoria Siebert que lhe apresenta uma droga nova que pode fazer milagres. Mas, os efeitos colaterais são mais devastadores do que qualquer um poderia esperar.
Como sempre, Steven Soderbergh reúne um grande elenco para uma história cheia de reviravoltas. E os quatro principais estão bem em seus papéis, Rooney Mara prova que Lisbeth Salander não foi um golpe de sorte, e desenvolve bem o estado emocional de Emily. Assim como, Jude Law, em mais uma parceria com o diretor, consegue construir todas as nuanças de seu personagem. Channing Tatum é menos exigido, mas também consegue se sair bem em cenas-chaves, assim como Catherine Zeta-Jones que dá sempre um ar de mistério à sua personagem.
Porém, mesmo com um bom desempenho dos atores e personagens bem desenvolvidos, a trama de Terapia de Risco não consegue nos envolver como deveria. Acompanhamos tudo como um caso distante, sem maiores consequências, ou seja, não conseguimos nos importar com eles a ponto de torcer e vibrar com as reviravoltas. É tudo muito racional, frio, sem construção de conexões e identificações. A depressão não parece real, o medo não parece real, o processo não parece real. Mesmo a primeira reviravolta é quase um susto, sem maiores consequências para o espectador que simplesmente acompanha.
E, claro, um roteiro que tem reviravoltas demais, acaba correndo esse tipo de risco. Deixa o espectador perdido, e perdido ele não se agarra emocionalmente a nada. De qualquer maneira, não é daqueles filmes que nos fazem sentir enganados no final. Há surpresas, mas todas elas estavam bem implantadas desde o início, pistas nos ajudariam a desconfiar da verdade, mesmo que inconscientemente. Sempre há uma sensação de que há algo a mais, como uma história mal contada. E no final, com tudo revelado, faz mesmo sentido aquelas sensações.
Ainda assim, não podemos dizer que Terapia de Risco seja um filme mal feito. É uma escolha do diretor. Um filme distante, mas ainda assim que constrói sensações. Há tensão em toda a questão emocional de Emily, o jogo de sucessões e consequências é bem orquestrado. Há cenas fortes, como a da cozinha, que nos dão apenas um susto, é verdade, mas o susto é eficiente. A fotografia com tons sempre frios e a trilha sem grandes variações também ajudam a construir a estética desejada por Steven Soderbergh. Talvez sejamos latinos demais e por isso, a emoção nos faça tanta falta.
De qualquer maneira, Terapia de Risco é um filme curioso. Frio, sem grande envolvimento, mas bem executado. Cada detalhe é construído para indicar as intenções do diretor e as pistas para as diversas reviravoltas que vamos acompanhando. Como observadores passivos, é verdade, mas ainda assim, percebendo a orquestra funcionando.
Terapia de Risco (Side Effects, 2013 / EUA)
Direção: Steven Soderbergh
Roteiro: Scott Z. Burns
Com: Rooney Mara, Channing Tatum, Jude Law e Catherine Zeta-Jones
Duração: 106 min.
A trama gira em torno de Emily Taylor (Rooney Mara), uma designer bem sucedida que enfrenta um problema pessoal. Seu marido, vivido por Channing Tatum, está preso e assim que é solto ainda tem dificuldades de se recolocar no mercado. Emily, então, começa a entrar em uma depressão profunda chegando ao ponto de tentar contra a própria vida. É quanto começa a ser tratada pelo psiquiatra Dr. Jonathan Banks, vivido por Jude Law. Sem grandes avanços, Banks vai trocar ideias com a antiga médica de Emily, a Dra. Victoria Siebert que lhe apresenta uma droga nova que pode fazer milagres. Mas, os efeitos colaterais são mais devastadores do que qualquer um poderia esperar.
Como sempre, Steven Soderbergh reúne um grande elenco para uma história cheia de reviravoltas. E os quatro principais estão bem em seus papéis, Rooney Mara prova que Lisbeth Salander não foi um golpe de sorte, e desenvolve bem o estado emocional de Emily. Assim como, Jude Law, em mais uma parceria com o diretor, consegue construir todas as nuanças de seu personagem. Channing Tatum é menos exigido, mas também consegue se sair bem em cenas-chaves, assim como Catherine Zeta-Jones que dá sempre um ar de mistério à sua personagem.
Porém, mesmo com um bom desempenho dos atores e personagens bem desenvolvidos, a trama de Terapia de Risco não consegue nos envolver como deveria. Acompanhamos tudo como um caso distante, sem maiores consequências, ou seja, não conseguimos nos importar com eles a ponto de torcer e vibrar com as reviravoltas. É tudo muito racional, frio, sem construção de conexões e identificações. A depressão não parece real, o medo não parece real, o processo não parece real. Mesmo a primeira reviravolta é quase um susto, sem maiores consequências para o espectador que simplesmente acompanha.
E, claro, um roteiro que tem reviravoltas demais, acaba correndo esse tipo de risco. Deixa o espectador perdido, e perdido ele não se agarra emocionalmente a nada. De qualquer maneira, não é daqueles filmes que nos fazem sentir enganados no final. Há surpresas, mas todas elas estavam bem implantadas desde o início, pistas nos ajudariam a desconfiar da verdade, mesmo que inconscientemente. Sempre há uma sensação de que há algo a mais, como uma história mal contada. E no final, com tudo revelado, faz mesmo sentido aquelas sensações.
Ainda assim, não podemos dizer que Terapia de Risco seja um filme mal feito. É uma escolha do diretor. Um filme distante, mas ainda assim que constrói sensações. Há tensão em toda a questão emocional de Emily, o jogo de sucessões e consequências é bem orquestrado. Há cenas fortes, como a da cozinha, que nos dão apenas um susto, é verdade, mas o susto é eficiente. A fotografia com tons sempre frios e a trilha sem grandes variações também ajudam a construir a estética desejada por Steven Soderbergh. Talvez sejamos latinos demais e por isso, a emoção nos faça tanta falta.
De qualquer maneira, Terapia de Risco é um filme curioso. Frio, sem grande envolvimento, mas bem executado. Cada detalhe é construído para indicar as intenções do diretor e as pistas para as diversas reviravoltas que vamos acompanhando. Como observadores passivos, é verdade, mas ainda assim, percebendo a orquestra funcionando.
Terapia de Risco (Side Effects, 2013 / EUA)
Direção: Steven Soderbergh
Roteiro: Scott Z. Burns
Com: Rooney Mara, Channing Tatum, Jude Law e Catherine Zeta-Jones
Duração: 106 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Terapia de Risco
2013-05-18T08:00:00-03:00
Amanda Aouad
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