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Além da Escuridão - Star Trek
Além da Escuridão - Star Trek
J.J. Abrams teve a missão de resgatar o fascínio de Star Trek para a nova geração. Mesmo sem ser um trekker, ele conseguiu algo digno em Star Trek de 2009, que se mantem aqui. Um bom filme de ação, com um roteiro embasado, ainda que não excepcional, uma boa direção e é um visual impressionante.
Na verdade, os filmes da franquia Star Trek nunca foram grande sucesso. Com pouco entusiasmo por parte da crítica e com bilheterias aquém da audiência da série, no cinema eles não sobreviveriam a tanto. Não há uma mitologia que sustente, se é que me entendem. O forte de Star Trek sempre foi explorar muito bem as questões científicas com um roteiro extremamente criativo em ações episódicas da missão de cinco anos da Enterprise. Ok, estou me atendo a série clássica, mas é um ponto inicial.
De certa maneira, J.J. Abrams ampliou isso, trouxe uma aura de grandiosidade a esse universo tão rico. Trabalhando com aquilo que ele tinha de melhor, as teorias de tempo e espaço que fazem qualquer ficção científica valer a pena. Não é uma simples aventura no espaço. É científico. E com sua capacidade de construir imagens em comunhão com músicas que nos envolve. Ele nos apresentou esses dois belos exemplares de obras que buscam um equilíbrio entre conteúdo e forma.
O roteiro, no entanto, ainda não me parece tão criativo e bem resolvido quanto os da série clássica, que, para burlar a falta de tecnologia, inventava estratégias como o próprio teletransporte, que nos filmes de J.J. Abrams ganharam um efeito especial desnecessário. Ainda assim, é uma história crível, que continua trabalhando com essa realidade alternativa até certo ponto e brinca com algumas situações e personagens que passaram pela série e pelos primeiros filmes.
Mas, como estamos no século vinte e um, a ação é sempre privilegiada em detrimento do texto. O prólogo já é bastante agitado com a tripulação tentando salvar um planeta da erupção de um vulcão. O Capitão Kirk, como sempre, infringe a lei e acaba sendo punido com a perda do comando da Enterprise. Mas, isso não durará muito tempo, pois um terrorista de alcunha John Harrison gera um estrago e precisa ser caçado por Kirk e sua turma.
Aliás, John Harrison interpretado por Benedict Cumberbatch é um dos destaques do filme. Um personagem dúbio, envolvente e com grande impacto, principalmente para os que estão familiarizados com a série. O outro, claro, é Spock. Zachary Quinto está cada vez mais à vontade no personagem eternizado por Leonard Nimoy. E o roteiro não perde o humor que o personagem gera ao seu redor, exatamente por ser tão sério. Sua obsessão pela lógica, sua necessidade de seguir regras, sua dificuldade de acessar sentimentos, próprias de sua raça o tornam um personagem fascinante.
Mas, nem tudo são flores em Além da Escuridão - Star Trek. O roteiro carece de algo mais, em determinado momento falta ritmo e tudo fica muito óbvio. Não há coragem para algumas escolhas, como as feitas no segundo filme da série por exemplo. Ainda que o terceiro tenha desfeito essa coragem de uma maneira tosca. Fica tudo muito óbvio e até cansativo em determinado momento. O jogo com o personagem John Harrison poderia também ter sido muito melhor se não tivéssemos do outro lado o personagem de Peter Weller, o almirante Marcus. Extremamente clichê e forçado.
Ainda assim, ele cumpre o seu papel. É um filme bem feito e pensado de uma maneira muito cuidadosa para aquilo que representa. Ele é uma junção de tradição e modernidade que poucos reboots, remakes ou adaptações conseguem. Não se perde em meio aos efeitos especiais e ação desenfreada. Nem se torna um rascunho de si mesmo. Uma caricatura do original. É uma obra por si só, que dá continuidade ao recomeço proposto em 2009. E que se fecha de uma maneira muito empolgante para os fãs da série.
Além da Escuridão - Star Trek é o que poderia ter sido. Um representante digno da indústria de entretenimento, com todos os atrativos necessários para a nova geração. Mas, que não perde a rota espacial daquela última fronteira que encantou e continua encantando tantas gerações desde a década de 60.
Além da Escuridão - Star Trek (Star Trek Into Darkness, 2013 / EUA)
Direção: J.J. Abrams
Roteiro: Roberto Orci, Alex Kurtzman e Damon Lindelof
Com: Chris Pine, Zachary Quinto, Zoe Saldana, John Cho e Benedict Cumberbatch
Duração: 132 min.
Na verdade, os filmes da franquia Star Trek nunca foram grande sucesso. Com pouco entusiasmo por parte da crítica e com bilheterias aquém da audiência da série, no cinema eles não sobreviveriam a tanto. Não há uma mitologia que sustente, se é que me entendem. O forte de Star Trek sempre foi explorar muito bem as questões científicas com um roteiro extremamente criativo em ações episódicas da missão de cinco anos da Enterprise. Ok, estou me atendo a série clássica, mas é um ponto inicial.
De certa maneira, J.J. Abrams ampliou isso, trouxe uma aura de grandiosidade a esse universo tão rico. Trabalhando com aquilo que ele tinha de melhor, as teorias de tempo e espaço que fazem qualquer ficção científica valer a pena. Não é uma simples aventura no espaço. É científico. E com sua capacidade de construir imagens em comunhão com músicas que nos envolve. Ele nos apresentou esses dois belos exemplares de obras que buscam um equilíbrio entre conteúdo e forma.
O roteiro, no entanto, ainda não me parece tão criativo e bem resolvido quanto os da série clássica, que, para burlar a falta de tecnologia, inventava estratégias como o próprio teletransporte, que nos filmes de J.J. Abrams ganharam um efeito especial desnecessário. Ainda assim, é uma história crível, que continua trabalhando com essa realidade alternativa até certo ponto e brinca com algumas situações e personagens que passaram pela série e pelos primeiros filmes.
Mas, como estamos no século vinte e um, a ação é sempre privilegiada em detrimento do texto. O prólogo já é bastante agitado com a tripulação tentando salvar um planeta da erupção de um vulcão. O Capitão Kirk, como sempre, infringe a lei e acaba sendo punido com a perda do comando da Enterprise. Mas, isso não durará muito tempo, pois um terrorista de alcunha John Harrison gera um estrago e precisa ser caçado por Kirk e sua turma.
Aliás, John Harrison interpretado por Benedict Cumberbatch é um dos destaques do filme. Um personagem dúbio, envolvente e com grande impacto, principalmente para os que estão familiarizados com a série. O outro, claro, é Spock. Zachary Quinto está cada vez mais à vontade no personagem eternizado por Leonard Nimoy. E o roteiro não perde o humor que o personagem gera ao seu redor, exatamente por ser tão sério. Sua obsessão pela lógica, sua necessidade de seguir regras, sua dificuldade de acessar sentimentos, próprias de sua raça o tornam um personagem fascinante.
Mas, nem tudo são flores em Além da Escuridão - Star Trek. O roteiro carece de algo mais, em determinado momento falta ritmo e tudo fica muito óbvio. Não há coragem para algumas escolhas, como as feitas no segundo filme da série por exemplo. Ainda que o terceiro tenha desfeito essa coragem de uma maneira tosca. Fica tudo muito óbvio e até cansativo em determinado momento. O jogo com o personagem John Harrison poderia também ter sido muito melhor se não tivéssemos do outro lado o personagem de Peter Weller, o almirante Marcus. Extremamente clichê e forçado.
Ainda assim, ele cumpre o seu papel. É um filme bem feito e pensado de uma maneira muito cuidadosa para aquilo que representa. Ele é uma junção de tradição e modernidade que poucos reboots, remakes ou adaptações conseguem. Não se perde em meio aos efeitos especiais e ação desenfreada. Nem se torna um rascunho de si mesmo. Uma caricatura do original. É uma obra por si só, que dá continuidade ao recomeço proposto em 2009. E que se fecha de uma maneira muito empolgante para os fãs da série.
Além da Escuridão - Star Trek é o que poderia ter sido. Um representante digno da indústria de entretenimento, com todos os atrativos necessários para a nova geração. Mas, que não perde a rota espacial daquela última fronteira que encantou e continua encantando tantas gerações desde a década de 60.
Além da Escuridão - Star Trek (Star Trek Into Darkness, 2013 / EUA)
Direção: J.J. Abrams
Roteiro: Roberto Orci, Alex Kurtzman e Damon Lindelof
Com: Chris Pine, Zachary Quinto, Zoe Saldana, John Cho e Benedict Cumberbatch
Duração: 132 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Além da Escuridão - Star Trek
2013-06-13T08:00:00-03:00
Amanda Aouad
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