O 2 de Julho é uma data cívica praticamente ignorada pelo resto do país, mas que deveria mesmo ser nacional. Oficialmente, é a Independência da Bahia. Na verdade, é a verdadeira independência do Brasil como um todo. Afinal, depois do 7 de Setembro de 1822, os portugueses não simplesmente arrumaram as malas e voltaram para Portugal. O plano era dividir o Brasil, mantendo parte das terras sob o domínio português. Mas, o povo baiano não aceitou e foi à luta. Diversos mártires e heróis fizeram esta história que é pouco contada seja em livros de história ou nos cinemas. Por isso, sempre gosto de apoiar e divulgar ideias que o façam.
É o caso do documentário Os Heróis do Brasil, dirigido por André Sobral e Fabrício Mendieta. Ainda não tive a oportunidade de assistir, mas está sendo exibido gratuitamente em algumas cidades baianas desde o dia 28 de Junho. A última sessão será amanhã, 03/07 às 16:30 na Sala de Arte do Museu. Segundo a equipe, o objetivo principal do projeto é fazer os brasileiros conhecerem os seus heróis. Nomes como Maria Quitéria, João das Botas, Maria Felipa, Joana Angélica, entre outros. "Produzir seus feitos de maneira interessante e enraizar os valores destes bravos como a lealdade, a luta pela liberdade e a força na adversidade, na formação dos jovens do Brasil". 
Esta animação que a equipe lançou em 18 de abril de 2013 já dá uma ideia da importância história dessa luta. Com uma animação simples, mostra o momento em que Joana Angélica se colocou à frente da porta do Convento da Lapa, distraindo os soldados portugueses, enquanto as noviças e rebeldes fugiam pelo outro lado. Mostra ainda Maria Quitéria decidindo se tornar o soldado Medeiros, indo à luta disfarçada. E João das Botas em batalha. Pelo trailer oficial, o documentário irá mesclar depoimentos, com animações como estas, encenação com atores de algumas passagens históricas e performances especiais, como a atriz Palomaris Mathias, encarnada de Maria Felipa, declamando a poesia Navio Negreiro de Castro Alves. Como disse, não vi ainda para comentar o resultado. Mas, tenho acompanhado a divulgação desde o início e só pela iniciativa de falar de nossa história já é mesmo um projeto válido. Até como um registro de que não é de hoje que o povo brasileiro luta por sua liberdade e melhores condições de vida.
Heróis do Brasil (idem, 2013 / Brasil)
Direção: André Sobral e Fabrício Mendieta
Roteiro: André Sobral
Duração: 30 min.
Exibição Gratuita
03/07 às 16:30 na Sala de Arte do Museu Geológico da Bahia
Av. Sete de Setembro, 2195, Corredor da Vitória / Salvador/BA
Duração do filme: 30 minutos.
Mas, aproveitando a data, vale lembrar que este não é o primeiro filme a falar da Independência da Bahia.
Joana Angélica (1979)
Em 1979, Walter Lima Jr. fez um média metragem sobre a mártir Joana Angélica. Em 19 de fevereiro de 1822, os soldados portugueses atacaram o Forte de São Pedro, esconderijo dos combatentes baianos. Ainda assim, acreditavam que estivessem se escondendo em outros lugares, como o Convento da Lapa. Foi, então, que Joana Angélica se colocou na frente dos portões e disse a célebre frase: "Para trás, bandidos. Respeitem a Casa de Deus. Recuai, só penetrareis nesta Casa passando por sobre o meu cadáver." Os soldados porém, não se intimidaram e passaram por cima da freira, invadindo o local. Mas, o gesto de Joana permitiu que as freiras conseguissem sair antes por outra passagem não causando um estrago ainda maior. Os libertários utilizaram o exemplo de Joana Angélica para demonstrar a crueldade da coroa portuguesa e insuflar novos simpatizantes da causa. Este filme era para ser um piloto para uma série de televisão "Gesto Histórico", porém, este nunca foi exibido. Fica aqui o registro, já que fazer cinema na Bahia, é sempre uma aventura árdua.
O Corneteiro Lopes (2003)
Outro que retratou o momento, foi Lázaro Farias no curta-metragem O Corneteiro Lopes, que ficou conhecido por trocar o toque de "retirada" para "avançar cavalaria degolando", assustando assim o exército português que fugiu perdendo armas, munição e a batalha. Com apenas 21 minutos, o curta reconta essa história em formato de ficção de maneira simples e eficiente. Lázaro tinha o projeto de um longa-metragem sobre o 2 de Julho, mas nunca conseguiu levá-lo à diante. Uma pena. 
