Por um Punhado de Dólares
Em tempos de paródias de Western, resolvi resgatar aqui o legítimo "Spaghetti Western". Por Um Punhado de Dólares não é apenas o primeiro da trilogia "homem sem nome" de Sergio Leone (que tem ainda Por uns Dólares a Mais e Três Homens em Conflito), como é o primeiro a ganhar o título dos faroestes italianos, apesar de já se fazer filmes do gênero na Itália antes disso.
No filme, Clint Eastwood é o "homem sem nome", mas que não apenas é chamado por Joe nos diálogos finais como está descrito assim nos créditos. De qualquer maneira, ele é um forasteiro em plena fronteira Mexicana no Oeste. O "ianque"que chega em uma cidadezinha que está em guerra. Duas famílias poderosas, cada uma com seu bando, os Baxter e os Rojos. E, como o protagonista gosta de brincar, ele no meio. Literalmente, fazendo o jogo duplo, Clint Eastwood vai construindo seu plano de ficar rico as custas das duas famílias.
A trama não tem muito mais a ser desenvolvida. É aquele básico do faroeste do pistoleiro solitário. Tiros e tramas para todos os lados. E uma mocinha no meio de tudo, a bela Marisol vivida pela atriz Marianne Koch, que foge um pouco do clichê. Sua história é bem mais desenvolvida e trágica do que o filme inteiro, ainda que seja apenas um ponto no roteiro.
O que torna o filme divertido e inesquecível são mesmo as cenas de duelo e o clima criado em torno do personagem de Clint Eastwood. A começar pelo início, com ele chegando a cavalo, sem dizer uma única palavra e observando o ambiente. Primeiro na casinha, onde o garotinho tenta entrar e é expulso a balas. Depois que entendemos quem é o garotinho e o porquê daquela cena fica ainda mais dramático o momento. Depois, ele entrando na cidade, a apresentação dos personagens-chaves, o homem do sino, o "agente" funerário e o dono do bar. Para, por fim, entrar em conflito com os homens dos Baxter. A cena em que ele se vinga do grupo é muito boa. É quando o personagem realmente se revela o gatilho mais rápido do Oeste.
Mas, nada supera mesmo o duelo final com os Rojos. Se você nunca viu o filme, mas é fã da trilogia De Volta Para o Futuro, deve saber do que estou falando. O impacto das reviravoltas naquela luta na época foi imenso. Mesmo hoje, revendo, é muito divertido perceber os detalhes, a forma como a câmera vai jogando junto com o protagonista para deixar os adversários atordoados. Isso, sem falar na trilha de Ennio Morricone que pontua muito bem a tensão construída em torno da imagem do cavaleiro. Uma cena antológica.
Porém, nem tudo são flores no filme. O duelo no cemitério, por exemplo, chega a ser vergonhoso. Até pelo fato de ser risível eles não perceberem que os guardas já estavam mortos. Como em um tiroteio daqueles, eles nem se mexeriam. E não há tensão, até porque a única preocupação do espectador é que eles não descubram o jogo do protagonista. Ambos os lados ali podem morrer, que a gente não se importa. Outra questão que é difícil de aceitar é o ataque à casinha. Como os Rojos ouviram os tiros se ela ficava tão longe da casa principal? Afinal, eles cavalgam um bom tempo até chegar lá.
De qualquer forma, é daqueles filmes que marca a história do cinema. Tem seus tropeços, como todo "Spaghetti Western", mas tem a marca de Sergio Leone, buscando construir uma obra divertida e com duelos memoráveis. É o que importa, assim como a pose de Clint Eastwood, que se tornou um dos maiores ícones desse gênero. Um lobo solitário, heróico, ainda que um mercenário.
Por um Punhado de Dólares (Per un pugno di dollari, 1964 / Italia)
Direção: Sergio Leone
Roteiro: Adriano Bolzoni, Víctor Andrés Catena
Com: Clint Eastwood, Marianne Koch, Gian Maria Volonté
Duração: 99 min.
No filme, Clint Eastwood é o "homem sem nome", mas que não apenas é chamado por Joe nos diálogos finais como está descrito assim nos créditos. De qualquer maneira, ele é um forasteiro em plena fronteira Mexicana no Oeste. O "ianque"que chega em uma cidadezinha que está em guerra. Duas famílias poderosas, cada uma com seu bando, os Baxter e os Rojos. E, como o protagonista gosta de brincar, ele no meio. Literalmente, fazendo o jogo duplo, Clint Eastwood vai construindo seu plano de ficar rico as custas das duas famílias.
A trama não tem muito mais a ser desenvolvida. É aquele básico do faroeste do pistoleiro solitário. Tiros e tramas para todos os lados. E uma mocinha no meio de tudo, a bela Marisol vivida pela atriz Marianne Koch, que foge um pouco do clichê. Sua história é bem mais desenvolvida e trágica do que o filme inteiro, ainda que seja apenas um ponto no roteiro.
O que torna o filme divertido e inesquecível são mesmo as cenas de duelo e o clima criado em torno do personagem de Clint Eastwood. A começar pelo início, com ele chegando a cavalo, sem dizer uma única palavra e observando o ambiente. Primeiro na casinha, onde o garotinho tenta entrar e é expulso a balas. Depois que entendemos quem é o garotinho e o porquê daquela cena fica ainda mais dramático o momento. Depois, ele entrando na cidade, a apresentação dos personagens-chaves, o homem do sino, o "agente" funerário e o dono do bar. Para, por fim, entrar em conflito com os homens dos Baxter. A cena em que ele se vinga do grupo é muito boa. É quando o personagem realmente se revela o gatilho mais rápido do Oeste.
Mas, nada supera mesmo o duelo final com os Rojos. Se você nunca viu o filme, mas é fã da trilogia De Volta Para o Futuro, deve saber do que estou falando. O impacto das reviravoltas naquela luta na época foi imenso. Mesmo hoje, revendo, é muito divertido perceber os detalhes, a forma como a câmera vai jogando junto com o protagonista para deixar os adversários atordoados. Isso, sem falar na trilha de Ennio Morricone que pontua muito bem a tensão construída em torno da imagem do cavaleiro. Uma cena antológica.
Porém, nem tudo são flores no filme. O duelo no cemitério, por exemplo, chega a ser vergonhoso. Até pelo fato de ser risível eles não perceberem que os guardas já estavam mortos. Como em um tiroteio daqueles, eles nem se mexeriam. E não há tensão, até porque a única preocupação do espectador é que eles não descubram o jogo do protagonista. Ambos os lados ali podem morrer, que a gente não se importa. Outra questão que é difícil de aceitar é o ataque à casinha. Como os Rojos ouviram os tiros se ela ficava tão longe da casa principal? Afinal, eles cavalgam um bom tempo até chegar lá.
De qualquer forma, é daqueles filmes que marca a história do cinema. Tem seus tropeços, como todo "Spaghetti Western", mas tem a marca de Sergio Leone, buscando construir uma obra divertida e com duelos memoráveis. É o que importa, assim como a pose de Clint Eastwood, que se tornou um dos maiores ícones desse gênero. Um lobo solitário, heróico, ainda que um mercenário.
Por um Punhado de Dólares (Per un pugno di dollari, 1964 / Italia)
Direção: Sergio Leone
Roteiro: Adriano Bolzoni, Víctor Andrés Catena
Com: Clint Eastwood, Marianne Koch, Gian Maria Volonté
Duração: 99 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Por um Punhado de Dólares
2013-07-24T08:00:00-03:00
Amanda Aouad
Clint Eastwood|critica|Marianne Koch|Sergio Leone|western|
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