Ao cinema, com carinho
A reflexão sobre o atual cenário do cinema nacional rendeu várias discussões interessantes. Muitos concordando com o problema que parece abater os nossos produtores que preferem apostar apenas no "certo" e não se arriscar. Mas, Thiago Barata fez uma ressalva importantíssima: isso não é privilégio do cinema brasileiro.
Na realidade, a crise criativa parece que assola o cinema em geral. André Bonfim em seu artigo para o Cítrica já tinha discutido isso. A grande maioria dos filmes de Hollywood hoje são adaptações, remakes ou continuações. Mas, falo de algo além disso. É o requentamento de ideias mesmo.
Cláudio Marques comentou na entrevista que fizemos que o público cinematográfico está mais conservador. Ou seja, não quer se arriscar em um filme que não conheça algo da história ou dos atores. E, nisso, os produtores acabam trazendo sempre mais do mesmo para dar público.
É um posicionamento que tem fundamento. Mas, voltamos ao questionamento do ovo e galinha. Será que o público não quer se arriscar ou ele está se acostumando a ver a mesma história requentada? Claro que é divertido rever o já visto. Mas, a gente também quer se surpreender com coisas novas.
Um cinéfilo mais atento não precisa hoje de mais de quinze minutos de projeção para deduzir toda a trama que está se desenhando em sua frente. Tudo é muito óbvio, porque é repetido. É a velha fórmula do mocinho conhece mocinha, mocinho perde mocinha, mocinho recupera mocinha. E esse mocinho e mocinha podem ser transportados para herói e mundo, pessoa e emprego, pais e filhos, ou qualquer outro sujeito e objeto de desejo.
O final feliz obrigatório é outra máxima do nosso mundo moderno. Parece que finais como Love Story se tornaram inadmissíveis. E olha que peguei um exemplo de um melodrama bem popular para não dizer que é coisa de intelectual que adora final triste. As pessoas esperam o final feliz, esperam que o herói dê um jeito de se salvar no final, que o casal fique junto, que o bandido seja punido. E assim, os filmes passam a ser previsíveis ao extremo. Não há coragem para arriscar o novo.
Alguns dizem que isso é porque todas as histórias já foram contadas. E que não há mesmo muito a se inovar atualmente. É possível. Na verdade, toda história é sobre alguém que quer algo e faz de tudo para conseguir. O que muda é a forma como se conta isso. E essa forma é que está se tornando também repetitiva.
Reinaldo Glioche trouxe recentemente uma reflexão sobre uma possível solução para essa falta de criatividade: a inspiração no jornalismo. É uma boa saída, pois a vida nunca se cansa de nos surpreender. Onde alguém imaginaria, por exemplo, jovens ricos invadindo mansões de famosos como em Bling Ring? Ainda mais com a facilidade com a qual eles entravam nas casas. Se fosse ficção pura, inclusive, iríamos dizer que era absurdo demais.
Mas, o fato é que os filmes estão se repetindo, mesmo os dito originais. Estamos indo aos cinemas com a eterna sensação de déjà vu. E isso é preocupante, pois um dia cansa. Vamos torcer para que o cinema ainda consiga nos surpreender positivamente.
Na realidade, a crise criativa parece que assola o cinema em geral. André Bonfim em seu artigo para o Cítrica já tinha discutido isso. A grande maioria dos filmes de Hollywood hoje são adaptações, remakes ou continuações. Mas, falo de algo além disso. É o requentamento de ideias mesmo.
Cláudio Marques comentou na entrevista que fizemos que o público cinematográfico está mais conservador. Ou seja, não quer se arriscar em um filme que não conheça algo da história ou dos atores. E, nisso, os produtores acabam trazendo sempre mais do mesmo para dar público.
É um posicionamento que tem fundamento. Mas, voltamos ao questionamento do ovo e galinha. Será que o público não quer se arriscar ou ele está se acostumando a ver a mesma história requentada? Claro que é divertido rever o já visto. Mas, a gente também quer se surpreender com coisas novas.
Um cinéfilo mais atento não precisa hoje de mais de quinze minutos de projeção para deduzir toda a trama que está se desenhando em sua frente. Tudo é muito óbvio, porque é repetido. É a velha fórmula do mocinho conhece mocinha, mocinho perde mocinha, mocinho recupera mocinha. E esse mocinho e mocinha podem ser transportados para herói e mundo, pessoa e emprego, pais e filhos, ou qualquer outro sujeito e objeto de desejo.
O final feliz obrigatório é outra máxima do nosso mundo moderno. Parece que finais como Love Story se tornaram inadmissíveis. E olha que peguei um exemplo de um melodrama bem popular para não dizer que é coisa de intelectual que adora final triste. As pessoas esperam o final feliz, esperam que o herói dê um jeito de se salvar no final, que o casal fique junto, que o bandido seja punido. E assim, os filmes passam a ser previsíveis ao extremo. Não há coragem para arriscar o novo.
Alguns dizem que isso é porque todas as histórias já foram contadas. E que não há mesmo muito a se inovar atualmente. É possível. Na verdade, toda história é sobre alguém que quer algo e faz de tudo para conseguir. O que muda é a forma como se conta isso. E essa forma é que está se tornando também repetitiva.
Reinaldo Glioche trouxe recentemente uma reflexão sobre uma possível solução para essa falta de criatividade: a inspiração no jornalismo. É uma boa saída, pois a vida nunca se cansa de nos surpreender. Onde alguém imaginaria, por exemplo, jovens ricos invadindo mansões de famosos como em Bling Ring? Ainda mais com a facilidade com a qual eles entravam nas casas. Se fosse ficção pura, inclusive, iríamos dizer que era absurdo demais.
Mas, o fato é que os filmes estão se repetindo, mesmo os dito originais. Estamos indo aos cinemas com a eterna sensação de déjà vu. E isso é preocupante, pois um dia cansa. Vamos torcer para que o cinema ainda consiga nos surpreender positivamente.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Ao cinema, com carinho
2013-08-13T08:00:00-03:00
Amanda Aouad
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