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Entrevista Exclusiva com Luiz Fernando Guimarães

Luiz Fernando Guimarães - Se Puder... Dirija!Se Puder... Dirija! teve pré-estreia em Salvador com a presença dos atores Luiz Fernando Guimarães e Gabriel Palhares. Primeiro filme brasileiro live action em 3D, conta a história de um pai ausente que tenta se reaproximar do filho em um dia repleto de confusões. Antes da pré-estreia no UCI Iguatemi, o ator nos recebeu em seu hostel no bairro do Rio Vermelho para um bate-papo bastante produtivo que analisa, inclusive, o atual cenário do cinema nacional, repleto de comédias repetitivas. Confiram na íntegra.


Entrevista

Como você define o filme Se Puder... Dirija!?
Luiz Fernando Guimarães - Uma comédia afetiva. Uma história de um pai e um filho, basicamente, a relação dos dois. A dificuldade de relação dos dois, por causa da separação. Mas, não deixa de ter humor. Daí, ele leva o filme para passear e começa a acontecer vários contratempos que acaba unindo os dois.

E o seu personagem, o João, como foi a construção do papel?
LFG - Eu fui fazendo à medida que as situações foram chegando. Tivemos muitas leituras. Mas, é um personagem bom, manobrista, um cara com dificuldades de relacionamento com a mulher e com o filho. Como as cenas eram muito definidas, muito claras, eu fui fazendo o personagem conforme a cena. E facilitou, porque o filme foi sendo rodado na ordem, então, deu para ir construindo aos poucos.

Luiz Fernando Guimarães - Se Puder... Dirija!Você fala que ele é bom, mas ele comete vários erros durante o filme.
LFG - Ele é confuso, porém, é um cara bom, de bom coração. Ele é o contrário do que o espectador está acostumado a me ver. Sempre faço personagens irônicos, dúbios, etc. Esse filme, até por ser uma co-produção da Disney, ser um filme para a família, então, tudo isso eu tirei do personagem. E foi ótimo, achei o resultado muito bom.

E como foi o trabalho com o Gabriel, até pela idade dele, vocês tiveram uma preparação, como foi para criar a intimidade?
LFG - O segredo em trabalhar com criança é conquistá-la antes. Então, primeiro eu fiquei amigo do Gabriel para depois fazer as cenas com ele. Ele é um excelente ator, mas como a gente tinha um dia inteiro de filmagem, a gente tinha que ser companheiro. Se divertir nos intervalos. Trocamos muitas informações. Ele brincava comigo durante as cenas. Eu colocava ele no colo, porque eu andava mais rápido, ele não conseguia acompanhar, aí ele falava: eu vou pesar. E ficava fazendo força. (risos). E ele falava, “vou falar o texto errado”. Então, era esse jogo. E é um trabalho que eu gosto de fazer. Aquela coisa espontânea, o texto não precisa ser necessariamente preciso, mas a intenção sim.

Se Puder... Dirija! é o primeiro filme live action brasileiro em 3D. Como foi o processo de produção?
LFG - Eu achei tudo muito rápido o processo do filme, muito bem feito no sentido da filmagem. Veio um pessoal de fora que deu uma assessoria bacana, que já trabalhava com o 3D. E o filme foi feito de uma forma muito objetiva, muito clara. Teve todo um trabalho técnico anterior. E o que eu achei o grande lance, quando vi, é que é um filme 3D, mas com história. Sem ficar fazendo muitas referências a filmes estrangeiros que vem gafanhotos saindo da tela, sem aquela coisa de efeito de Disney, apesar de ser um filme da Disney. É um filme que é bonito, tem perspectiva e conta uma história. Não tem aquela preocupação do efeito.

Então, você acha que o maior ganho do 3D é ter essa perspectiva?
LFG - É. Eu acho que o maior ganho do 3D foi ter feito um filme bonito, com a cara brasileira, sem imitações. É um filme, naturalmente para a família, que pega as crianças de um jeito, os pais de outro. Mas, é um filme pra todo mundo.

Luiz Fernando Guimarães - Se Puder... Dirija!Você acha que o 3D já faz parte da linguagem do cinema. Acha que o Brasil deve investir mais nele?
LFG - É caro, a princípio. Mas, também acho que tudo no início é muito difícil. É como um programa de televisão, você vai fazer um programa de humor, depois vem vários, é como o programa de internet, depois vem outros. Acho que abriu-se uma porta. Eu fico muito orgulhoso de ser pioneiro, protagonizando o primeiro filme brasileiro 3D. O 3D me chamou muito a atenção, mas a história é que foi fundamental. Quando o Paulo (Fontenelle, diretor) me chamou, a primeira coisa que eu perguntei foi por que me escolheu. “Porque você tem a cara do personagem, traz a leveza do humor com você”, ele disse. Tem muita cena muda no filme. Então, é um bom personagem. Mas, o fato de ser o primeiro 3D me deixou orgulhoso.

Você disse que o Paulo Fontenelle comentou que você traz o humor com você. E realmente, sua carreira é baseada no humor. Mas, você já fez drama também, né?
LFG - Eu acho que o comediante, quando ele não está fazendo humor, ele é naturalmente sério. O humor é uma questão de pontuação, não só de visão. Posso ter a mesma visão que você, mas se onde tem reticências, eu coloco ponto e vírgula, pende para o drama ou para o humor. Não é muito complicado para mim.

Mas, você gosta mais de fazer humor?
LFG - Gosto, amo. Eu me diverti fazendo esse filme. Não preciso que o público necessariamente gargalhe. Eu acho que o bom humor, o tom leve já faz parte da comédia. Já transitei tanto dentro da comédia, já fiz desde o escracho até a coisa mais inglesa. Então, eu gosto muito de transitar ali. Posso falar para você, o filme tem humor, mas eu não gargalho vendo o filme.

Como é que você vê o cenário do cinema nacional atual?
LFG - É como falei com você, a produção tá muito "produção" e acho que tem muita coisa parecida. Tendendo pro humor, tendendo para a comédia, mas tem um bolo de coisas que você não sabe mais discernir o que é pra quem, onde. Eu sinto isso. Acho que existe uma repetição, muito natural, porque isso ocorre em qualquer aspecto da vida. Quando a coisa começa a dar certo, o público se volta pra aquilo, você vai, até aquilo encher, ninguém aguentar mais. E o humor é uma coisa muito forte, porque o brasileiro ama isso. Isso é uma coisa boa. Então, o cinema está tendendo cada vez mais para o humor, que está quase no esgotamento. Tem que abrir para outras portas.

O filme tem várias participações também, certo? Tem o Leandro Hassum.
LFG - O Leandro Hassum é o melhor amigo, que ajuda o João a sobreviver naquele caos. O Leandro Hassum é um comediante maravilhoso.

Mas, tem diversas outras participações.
LFG - Então, eu fiquei recebendo as pessoas, como se estivesse dentro de casa recebendo as visitas. E cada um que vinha, vinha com uma informação. Eu nunca tinha trabalhado com o Eri (Johnson), já tinha feito algumas leituras com o Hassum, a Lavínia (Vlasak) eu já tinha quase feito uma minissérie com ela. A Bárbara (Paz) eu era amicíssimo, nunca fiz nada, o Reynaldo Gianecchini eu conhecia de televisão. Então, para mim foi um universo amplo, porque cada um que chegava eu tinha que me adaptar àquela pessoa. Isso é muito legal para o trabalho de ator. E eu sempre trabalhei com dupla, a minha vida inteira foi assim, então, eu consigo me moldar rapidamente ao outro, é um aspecto bom. Cada dia era um dia.

Luiz Fernando Guimarães - Se Puder... Dirija!Qual foi a cena que você mais gostou de fazer?
LFG - A cena em que eu me emocionei muito assim, foi a cena do parto. Era uma criança de verdade, muito pequena, então, tinha todo o cuidado do mundo. Foi uma cena que me emocionou demais. A cena toda do hospital.

(Nesse momento, o ator Gabriel Palhares que faz o filho de Luiz Fernando no filme, chegou para conversar com a gente).

Como foi fazer o filme, Gabriel?
Gabriel Palhares - Foi muito bom fazer o filme, eu espero que todo mundo...
LFG - Isso aí você vai falar no cinema de noite. Esse é o texto do cinema. Pra ela, eu falei que a gente se divertiu muito nas filmagens. E o que a gente fazia nos intervalos?
GP - A gente sempre colava figurinha. (risos)

Era uma diversão, né?
LFG - E quando a gente filmava?
GP - A gente filmava quando o diretor mandava.

E como foi filmar com o Luiz?
GP - Foi uma bela parceria, eu e o Luiz, foi muito bom.

E você gostou do Luiz como pai? Ele foi um bom pai postiço?
GP - Até que foi.
LFG - Tava falando que você trapaceava, falava o texto errado de propósito.
GP - Era mais ou menos isso. (risos)

Luiz Fernando Guimarães - Se Puder... Dirija!Você também quer ser um super-herói que nem seu personagem?
GP - Eu queria mesmo é ser médico pediatra.

Luiz e quais são seus projetos para o futuro?
LFG - Eu estou com dois projetos para TV que estão em andamento.

E no cinema, já tem alguma coisa?
LFG - Ainda não, o pessoal já quer fazer o Se Puder... Dirija 2. (risos) Disse que já está tudo pronto.

E Os Normais, ainda pode voltar?
LFG - Os Normais voltam a qualquer momento. Está sempre aí na boca. O Programa acho mais difícil, mas o filme é possível, tem muitas histórias que ainda podem ser contadas, porque eles são reais, né?

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