
Gran Torino é mais do que um carro na garagem do velho Walt Kowalski. É mais do que a relíquia que o jovem Thao é obrigado a roubar por uma gangue. É um símbolo de um tempo que não existe mais e, ao mesmo tempo, a aproximação de dois mundos tão díspares.
Walt Kowalski é um ex-combatente de guerra, rabugento, traumatizado e preconceituoso. Após a morte da esposa, sem muita aproximação com a família, sofre tentativas de ir para um asilo, mas resiste. Passa os dias em sua varanda tomando cerveja, conversando com sua cadela Daisy ou fazendo pequenos serviços pela vizinhança. O problema é que parte da vizinhança é composta por hmongs, etnia do Sudeste Asiático.

Clint Eastwood tem uma capacidade imensa de construir bons melodramas sem exagerar na dose de emoção. Gran Torino vai nos envolvendo de uma maneira bastante particular. Não criamos facilmente uma empatia com os protagonistas. Vamos simpatizando com eles aos poucos, da mesma maneira que os dois lados que, à princípio vêem apenas o superficial, descobrem o que está por trás daquelas máscaras.


De qualquer maneira, Gran Torino é uma bela história de resistência e redescoberta do outro. Da construção do respeito e dos laços mais indestrutíveis de amizade. Aquela que surge de quem menos se espera, mas se une e se fortalece pelos traços em comum que nem se imaginava ter.
Tudo isso coroado com a bela canção Gran Torino, cantada nos créditos pelo próprio Clint Eastwood.
Gran Torino (Gran Torino, 2008 / EUA)
Direção: Clint Eastwood
Roteiro: Nick Schenk, Dave Johannson
Com: Clint Eastwood, Bee Vang, Christopher Carley
Duração: 116 min.