
Nina é uma garota que vive de aluguel na casa de Dona Eulália, uma senhora desprezível que parece fazer questão de destratá-la. Sempre sem dinheiro, chega a passar fome, porque a senhora controla os alimentos que compra. Mas, curiosamente, está sempre em festas e consegue drogas para se entorpecer. Sua vida se divide entre essas baladas e seu quadro, onde tem o hobby de desenhar, desenhos estilizados, com muitos elementos simbólicos que se tornam, também, parte de suas ilusões de assassinatos.

Outro destaque é a quantidade de participações especiais no filme. Nomes como Selton Mello, Lázaro Ramos, Wagner Moura, Milhem Cortaz, Matheus Nachtergaele, Ailton Graça e Guilherme Weber passam pela tela deixando parte de seus talentos em quase figurações. A participação de Renata Sorrah, por exemplo, é tão rápida, onde ela mal fala e não dá para ver completamente seu rosto, que um espectador menos atento nem perceberá. Ainda assim, tudo isso dá uma graça a mais à trama.

Com elementos que nos lembram as obras de David Lynch, apesar da referência do livro Crime e Castigo, o filme se torna uma construção psicológica simbólica com diversos momentos instigantes, onde tentamos entender o fio condutor, mas ao mesmo tempo, nos envolvemos na estética e no clima maior da trama. Um filme complexo e extremamente simples, ao mesmo tempo. Que busca exatamente fugir do ordinário dentro da cinematografia nacional, para construir algo extraordinário. Foi mesmo um pé direito para Heitor Dhalia, ainda que não seja sua obra-prima.
Nina (Nina, 2004 / Brasil)
Direção: Heitor Dhalia
Roteiro: Heitor Dhalia e Marçal Aquino
Com: Guta Stresser, Myrian Muniz
Duração: 90 min.