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Diana
Diana
Não por acaso o filme Diana causou tanta polêmica por onde passou. O filme tem pouco da princesa de Gales e muito de um romance proibido entre uma Princesa e um Plebeu, ou uma atriz e um cidadão da pacata Notting Hill, talvez. Ou tantas outras abordagens semelhantes que já vimos nos cinemas.
O roteiro de Stephen Jeffreys faz o recorte dos dois últimos anos de vida de Diana, quando já está separada do príncipe Charles, vivendo em seu palácio particular. Há ainda a expectativa de que possa vir a ser a rainha da Inglaterra, no entanto, já que ainda não se divorciou, nem mesmo deu a bombástica entrevista onde afirmava que o marido a traía. É nessa época em que ela conhece o médico paquistanês Hasnat Khan, descrito como grande amor da vida da princesa. E é neste romance que a história se concentra, até mesmo o posterior relacionamento com Dodi Al-Fayed fica em função do sofrimento pelo rompimento com o primeiro.
Nada contra um amor. Nada contra também com o fato de o filme fazer um recorte da vida da princesa. Porém, ao nos dar o título Diana e prometer na sinopse um pouco mais sobre esses dois últimos anos de vida, o filme se torna quase tolo. É uma tentativa de dar ao público o verdadeiro conto de fadas que foi prometido com o casamento de Charles. O verdadeiro príncipe é esse paquistanês complexo que não a trata como "uma princesa" e sim, como uma mulher.
Há uma ficcionalização clara em toda a trama, que não nos passa a verdade dos fato ocorridos. Temos um amor à primeira vista, daqueles só vistos em romances. Diana se apresenta quase tola em sua necessidade de ser amada, principalmente na escolha de como apresentar seu outro romance, o com Dodi. Mesmo em suas investidas pelo mundo, defendendo causas humanitárias, tudo parece justificar-se apenas pela necessidade de aprovação de Hasnat. Sua vida se resume a chamar a atenção dele.
O próprio conflito com a família real é minimizado. E até suas restrições no contato com os filhos, podendo vê-los apenas um vez por mês é tratado de maneira secundária. Panos de fundo de uma história "maior" que tem como drama central o fato dela ser uma pessoa pública e ele querer o sossego de uma vida anônima. "Como vou operar corações tendo câmeras em minha frente a todo tempo?", ele pergunta. Além da incapacidade de lidar com os paparazzis, Hasnat ainda tem a dificuldade cultural, devido a sua origem e família.
Mas, se por um lado, o filme de Oliver Hirschbiegel incomoda por essa superficialidade na construção da personagem, é possível perceber a aura de adoração que ela transmite. São pequenos detalhes como quando ela entra no hospital pela primeira vez e vemos o delírio nos rostos das pessoas ao redor ao reconhecê-la. Sejam pacientes, enfermeiros ou médicos, todos sorriem, comentam, alguns vibram até. A onda de paparazzis cercando-a em algumas cenas também impressiona. Ou mesmo o detalhe de uma máquina fotográfica afoita em determinado jantar.
Curioso também ver Diana disfarçada com peruca morena passeando pelas ruas e sendo assediada como uma mulher comum. Ou vendo as peripécias por elas feitas para se esconder e proteger o romance, ao ponto de pular um telhado, ou mesmo sair de casa dentro da mala do carro. Até por isso, fica difícil aceitar sua postura posterior com a única justificativa de querer despertar o ciúmes do médico.
Ainda que a construção da personagem não ajude, Naomi Watts está bem na pele da Lady Di. É possível perceber, inclusive, o sotaque inglês mais marcado do que em seus personagens anteriores. Ainda que a atriz seja inglesa, foi criada na Austrália e seu sotaque é uma mistura mais universal do tom que emprega aqui. É possível também perceber os detalhes de construção que ajudam na interpretação como quando sorri para imprensa, e esse sorriso vai se desfazendo a medida que o carro avança, se afastando das câmeras. Porém, as vezes é mesmo complicado manter a sutileza, como na cena em que prepara o primeiro jantar para Hasnat, em uma tola cena que parece mais de uma adolescente em seu primeiro encontro, inclusive pela trilha escolhida.
De qualquer maneira, Diana é um filme que tem seus atrativos. É superficial diante de uma personagem tão complexa que encantou e instigou o mundo em sua passagem pela Terra. Mas, dentro das escolhas feitas, constrói uma história de amor proibido forte. Acreditamos nesse amor, enquanto os vemos juntos, mesmo que tenha sido construído quase em um passe de mágica e force a união eterna quando não mais há possibilidades para isso. Mais um daqueles que poderia ter sido. Naomi Watts, no entanto, se junta a Helen Mirren e Meryl Streep no hall das mulheres fortes da Inglaterra.
Diana (Diana, Inglaterra / 2013)
Direção: Oliver Hirschbiegel
Roteiro: Stephen Jeffreys
Com: Naomi Watts, Naveen Andrews, Douglas Hodge, Cas Anvar
Duração: 113 min.
O roteiro de Stephen Jeffreys faz o recorte dos dois últimos anos de vida de Diana, quando já está separada do príncipe Charles, vivendo em seu palácio particular. Há ainda a expectativa de que possa vir a ser a rainha da Inglaterra, no entanto, já que ainda não se divorciou, nem mesmo deu a bombástica entrevista onde afirmava que o marido a traía. É nessa época em que ela conhece o médico paquistanês Hasnat Khan, descrito como grande amor da vida da princesa. E é neste romance que a história se concentra, até mesmo o posterior relacionamento com Dodi Al-Fayed fica em função do sofrimento pelo rompimento com o primeiro.
Nada contra um amor. Nada contra também com o fato de o filme fazer um recorte da vida da princesa. Porém, ao nos dar o título Diana e prometer na sinopse um pouco mais sobre esses dois últimos anos de vida, o filme se torna quase tolo. É uma tentativa de dar ao público o verdadeiro conto de fadas que foi prometido com o casamento de Charles. O verdadeiro príncipe é esse paquistanês complexo que não a trata como "uma princesa" e sim, como uma mulher.
Há uma ficcionalização clara em toda a trama, que não nos passa a verdade dos fato ocorridos. Temos um amor à primeira vista, daqueles só vistos em romances. Diana se apresenta quase tola em sua necessidade de ser amada, principalmente na escolha de como apresentar seu outro romance, o com Dodi. Mesmo em suas investidas pelo mundo, defendendo causas humanitárias, tudo parece justificar-se apenas pela necessidade de aprovação de Hasnat. Sua vida se resume a chamar a atenção dele.
O próprio conflito com a família real é minimizado. E até suas restrições no contato com os filhos, podendo vê-los apenas um vez por mês é tratado de maneira secundária. Panos de fundo de uma história "maior" que tem como drama central o fato dela ser uma pessoa pública e ele querer o sossego de uma vida anônima. "Como vou operar corações tendo câmeras em minha frente a todo tempo?", ele pergunta. Além da incapacidade de lidar com os paparazzis, Hasnat ainda tem a dificuldade cultural, devido a sua origem e família.
Mas, se por um lado, o filme de Oliver Hirschbiegel incomoda por essa superficialidade na construção da personagem, é possível perceber a aura de adoração que ela transmite. São pequenos detalhes como quando ela entra no hospital pela primeira vez e vemos o delírio nos rostos das pessoas ao redor ao reconhecê-la. Sejam pacientes, enfermeiros ou médicos, todos sorriem, comentam, alguns vibram até. A onda de paparazzis cercando-a em algumas cenas também impressiona. Ou mesmo o detalhe de uma máquina fotográfica afoita em determinado jantar.
Curioso também ver Diana disfarçada com peruca morena passeando pelas ruas e sendo assediada como uma mulher comum. Ou vendo as peripécias por elas feitas para se esconder e proteger o romance, ao ponto de pular um telhado, ou mesmo sair de casa dentro da mala do carro. Até por isso, fica difícil aceitar sua postura posterior com a única justificativa de querer despertar o ciúmes do médico.
Ainda que a construção da personagem não ajude, Naomi Watts está bem na pele da Lady Di. É possível perceber, inclusive, o sotaque inglês mais marcado do que em seus personagens anteriores. Ainda que a atriz seja inglesa, foi criada na Austrália e seu sotaque é uma mistura mais universal do tom que emprega aqui. É possível também perceber os detalhes de construção que ajudam na interpretação como quando sorri para imprensa, e esse sorriso vai se desfazendo a medida que o carro avança, se afastando das câmeras. Porém, as vezes é mesmo complicado manter a sutileza, como na cena em que prepara o primeiro jantar para Hasnat, em uma tola cena que parece mais de uma adolescente em seu primeiro encontro, inclusive pela trilha escolhida.
De qualquer maneira, Diana é um filme que tem seus atrativos. É superficial diante de uma personagem tão complexa que encantou e instigou o mundo em sua passagem pela Terra. Mas, dentro das escolhas feitas, constrói uma história de amor proibido forte. Acreditamos nesse amor, enquanto os vemos juntos, mesmo que tenha sido construído quase em um passe de mágica e force a união eterna quando não mais há possibilidades para isso. Mais um daqueles que poderia ter sido. Naomi Watts, no entanto, se junta a Helen Mirren e Meryl Streep no hall das mulheres fortes da Inglaterra.
Diana (Diana, Inglaterra / 2013)
Direção: Oliver Hirschbiegel
Roteiro: Stephen Jeffreys
Com: Naomi Watts, Naveen Andrews, Douglas Hodge, Cas Anvar
Duração: 113 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Diana
2013-10-24T08:00:00-03:00
Amanda Aouad
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