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Foxfire - Confissões de uma Gangue de Garotas

Foxfire - Confissões de uma Gangue de GarotasDiretor do instigante Entre os Muros da Escola, Laurent Cantet nos traz uma releitura intensa do livro Foxfire: Confessions of a Girl Gang, escrito por Joyce Carol Oates. A trama já havia sido adaptada por Annette Haywood-Carter em 1996 com Angelina Jolie em um dos papéis principais.

Cansadas dos abusos dos homens em uma sociedade machista, um grupo de mulheres se unem em uma espécie de irmandade secreta. É o Foxfire que traz uma série de regras e juramentos, onde a principal delas é atacar o inimigo em comum: o homem. As criadoras da seita, Maddy e Legs são uma espécie de líderes idolatradas, principalmente a rebelde Legs que as guia em todas as jornadas. Mas, é através da narração de Maddy que ficamos conhecendo a história.

Foxfire - Confissões de uma Gangue de GarotasUm dos maiores problemas de Foxfire é a duração do filme. São 143 minutos que tornam a narrativa cansativa e arrastada, o que chega a ser um contra-senso diante de uma história tão instigante. A vida daquelas meninas, a forma como elas vão se juntando, as pequenas vinganças, a primeira consequência, a mudança e as complicações da vida em sociedade. Tudo tem drama suficiente para nos envolver, mas não precisava ser tão prolongado.

Em contrapartida, o maior trunfo da trama é a construção de suas personagens. Não apenas Legs e Maddy, mas cada uma das integrantes do grupo é bem construída em suas pequenas nuanças, a começar por Rita, a garota abusada e humilhada pelo professor de Matemática. Passando por Goldie, Lana, VV e todas as demais, que mesmo pouco exploradas, constrói uma camada a mais que simples estereótipos e tipos.

Foxfire - Confissões de uma Gangue de Garotas"Você decide como os homens tratam você", diz Goldie a Rita, antes dela entrar para o grupo. E esta é a tônica principal do filme. Tudo começa com uma proteção e busca por autoafirmação. Defesa de um espaço onde cabe a mulher apenas obedecer e sofrer calada. Mas, as situações vão ganhando proporções desmedidas e, de repente, todos os homens são inimigos mortais, ao ponto de se uma das irmãs se envolver com qualquer um deles, é expulsa da seita.

Foxfire - Confissões de uma Gangue de GarotasDiante da primeira grande consequência da Foxfire que atinge diretamente Legs, a situação muda, mas não chega a ser desvirtuada. Principalmente porque é por causa dela que Legs resolve criar a "comunidade". Uma casa onde todas vivam juntas e, claro, o dinheiro acaba sendo um problema real e imediato que muda muito a postura delas diante da vida. É nesse ponto que a própria seita muda e Maddy começa a se afastar de Legs aos poucos.

Através da trajetória dessas meninas, o roteiro de Foxfire acaba discutindo machismo, situação da mulher na sociedade, justiça, socialismo, posição social e econômica, preconceitos, altruísmo, lealdade, abuso de poder e até racismo. Alguns temas são quase velados, outros discutidos de uma maneira mais aberta e incisiva. De qualquer forma, estão todos lá.

Foxfire - Confissões de uma Gangue de Garotas é, então, um filme instigante. Possui um tema forte, personagens cativantes e envolventes. Porém, o roteiro acaba se perdendo em tanta informação. Mesmo com a narração em voz over ajudando a nos guiar, fica cansativo acompanhar tantos desdobramentos. Ainda assim, existe uma sensibilidade visível no olhar sobre essas meninas e suas escolhas de vida.


Foxfire - Confissões de uma Gangue de Garotas (Foxfire, 2013 / Canadá)
Direção: Laurent Cantet
Roteiro: Robin Campillo, Laurent Cantet
Com: Raven Adamson, Katie Coseni, Madeleine Bisson
Duração: 143 min.

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